Personagem lendário da Zona Sul carioca, Urubu fazia "ponto" na Rua Francisco Otaviano com seu velho Mercury 53 com o gancho de reboque na traseira adaptado por ele mesmo. Até que um dia passou desta pra melhor dentro do carro, onde dormia sempre. O carro foi pro ferro-velho do Detran, onde se perdeu. Devia ter sido preservado pelo valor histórico de um personagem dos anos 70 no Rio... Eu era garoto e ele um dia me ajudou de graça no Fusquinha enguiçado e o dono ainda inexperiente, sem acelerador... Fotos de Paulo Sallorenzo, tks!
11 comentários:
Fotos do Paulo Sallorenzo
pô , foi ele que mandou e eu não dei o crédito...sou uma anta mal agrqadecida...sorry, Paulo!
Entre os anos 40 e 50, os automóveis da Mercury eram uma visão comum no Brasil. Um desses carros, contudo, foi parte pitoresca da paisagem carioca até o fim da década de 80, tendo como motorista um personagem folclórico de Copacabana: Isaias da Silva, o popular Urubu.
Isaias aprendeu mecânica no exército, foi chofer de lotação e trabalhou em oficinas dos outros antes de abrir seu próprio negócio: um socorro 24 horas para os carros que enguiçavam na Zona Sul.
Ainda na década de 40, fixou ponto no Posto 6, na Rua Francisco Otaviano, em frente ao Bar Igrejinha. Era vizinho do Cassino Atlântico — prédio que, mais tarde, abrigaria a TV Rio. A toda hora, o Cadillac de um bacana enguiçava e era o rubro-negro Urubu que dava um jeito.
Começou ali uma sequência de incríveis carros-oficina que serviam como reboques, depósitos de ferramentas e até como casa para Isaias. Ele, afinal, tinha que estar pronto para uma saída imediata, com seu macacão surrado.
Os veículos eram sempre velhíssimos: a lista teve Buick 1934, Cadillac 1927 e um caminhão International, batizado de Soneca, onde Isaias se fazia acompanhar do vira-latas Pega Firme. "Seu carro enguiçou? Chame o Urubu — telefone: 27-0485".
Mas foi um Mercury Custom 1953 que se tornou o auto-socorro mais peculiar. Originalmente um sedã de quatro portas, perdeu a tampa do porta-malas e, no lugar, ganhou um guincho para reboque.
Nas janelas, o carro verde garrafa levava bandeirões dos times cariocas, que tremulavam enquanto Urubu descia a Nossa Senhora de Copacabana a caminho de mais um serviço. Era marketing pessoal — não havia como ficar indiferente.
Boa praça e querido pela vizinhança, Urubu teve sua vaga demarcada oficialmente no primeiro governo Brizola. Em janeiro de 1988, aos 65 anos, o velho mecânico morreu de enfisema pulmonar.
O Mercury ainda resistiu triste por algum tempo no Posto 6. Depois sumiu. Deve ter sido rebocado para o repouso final em algum depósito da Prefeitura (no cadastro do Detran, a placa vermelha VV-8640 ainda está no nome de Isaias!).
Pena... o carrão-personagem devia ter sido tombado pelo Patrimônio e estar estacionado até hoje no Posto 6.
O Urubu aparece silhuetado na primeira foto, que por sinal tem uma carreta da Comlurb passando no fundo. Aqui ao lado era uma estação de transferência de lixo dos caminhões de coleta para as carretas.
Eu pedi para o Urubú fazer uma pose, ele simplesmente sorriu. Mas o trânsito interrompeu a foto.
Paulo Sallorenzo
Você me pede uma foto da traseira desse carro. Não tenho. Essas fotos foram tiradas no maio da rua, ele já estava indo embora. Erro meu, admito.
mas mesmo assim foi precioso! MUITO OBRIGADO por resgatar uma parte do passado do Rio e meu!
abraço
m
Eu vi o Mercury com rodas e motor de Aero no deposito do Detran. O Veteran (Aurélio) pensou em pedir o carro para o clube, fui lá e perguntei por isso, me mostraram o Mercury e disseram que bastava uma carta do clube pedindo o carro para leva-lo de lá... virou lingote na CSN.
Queridos Mahar, Jason e Paulo, vou pegar emprestado esta fotos para complementar esse post que fiz há alguns anos, posso?
http://carrosantigos.wordpress.com/2009/03/27/chame-o-urubu/
Abraços a todos, Nik.
Eu lembro ! Era conhecido do meu pai... aprendi a surfar no Arpoador, anos 60... eu morava na Bulhões, e ele fazia ponto na Francisco Otaviano.... Figura ! Me ajudou uma vêz com meu Fusca também...
Trocou cruzeta de minha Vemaguet em 1972.
Mas ele fedia muuuito...
Vi muito o Urubu no posto 6
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