Não foi só contra os russos que houve uma disputa "o meu é maior que o seu". Nas pistas de quarto de milha dos EUA também. Desde os inícios dos anos 60 que foram sendo lançados carros como motores cada vez maiores. Foi aí que nasceu o V-8 de sete litros, que cada marca tinha um. Foi nesse tempo que as etiquetas de GM tinham cada uma um small block 350 e um big block de mais ou menos 7 litros.
Usualmente eram montados em carros pesados com toneladas de equipamentos e tinham performance meramente de aceitável para boa. Mas tinha o truque tinhoso: o pé-de-boi, o carro básico que só vinha com o isqueiro, duas portas com coluna pra ser mais rígido de monobloco e um motor de tascar balão, sempre com mais de 400 cv, para 1.500 kg, de fábrica.
O tema de hoje é um desses carros. Fabricado em pouquíssimas dezenas de exemplares em 1966, o Chevrolet Biscayne com a opção diabólica L72 vinha com um V-8 big block de 427 pol³ ou exatamente 6.991 cm³ (109,55 x 92,71 mm). Esse motor 427 era usado em outros Impalas , Bel Airs e em camionetas station wagon, mas bem menos potente e com mais torque em baixa, coisa de 365 cv a menos de 4.000 giros.
Mas o L72 era outro bicho, com outra missão: defender a marca da gravatinha borboleta nos quartos de milha e nos sinais de trânsito da América. Assim saía de fábrica com alegados 425 cv, uma fantasia para acalmar as companhias de seguro. Em qualquer esquina que tivesse um bom dinamômetro a besta fera mostraria seus dentes e seus 500 cv com facilidade, aliás como todas as outra fábricas como a Chrysler e a Ford.
Esse aqui foi achado com uma opção mais rara ainda, que é o câmbio manual de quatro marchas no piso, mas com o banco original inteiriço. Apelidado de Rock Crusher ou "quebra-pedra" esse câmbio favorecia as arrancadas por não ter a patinação dos automáticos Powerglide de duas marchas ( teria sido o primeiro ano do TH400 de três marchas?) que aguentavam o tranco dos 80 quilogramas-força.metro de torque desses motores furiosos.
UM CARRO IGUAL:
A emoção estava no fato de que fora o motor e a caixa manual, o resto era tudo original de Impala de linha: pneus diagonais, freios a tambor sem nem um vacuozinho pra melhorar, suspensão um pouco endurecida e direção, se hidráulica, totalmente anestesiada, como a de um Landau brasileiro. Parecia não conectada às rodas. Apavorado com a instabilidade do carro, o dono, que sonhou com ele por mais de vinte anos, removeu a hidráulica quando da restauração perfeita que fez.
O último dos leviatãs, o Caprice 1975 com o 454" |
Tanto que ganhou todos os prêmios onde exibiu o carro. O povo passa e vê um Biscayne básico de 1966 e se pergunta o que aquele carro de serviço público está fazendo ali. Mas só até ver as bandeirinhas quadriculadas cruzadas no para-lama dianteiro como número mágico incorporado. E aí quando o motor funciona acontece o proverbial tremor dos homens fortes e o choro das crianças.
ESQUENTANDO O SETE-LITROS:
Porque a jaca acelera e ruge como um animal grande e bravo. Parar é que é o problema... Ainda bem que hoje em dia, se o caso não é ganhar concurso de originalidade, os Kantre e Filling Station da vida têm kits de freio da disco e de suspensão que, se não fazem dele um BMW, dão uma ultra-megapower blaster mellhora nas possibilidades de sobrevivência ao volante para os mais abusados...
UM FILME DE ÉPOCA
7 comentários:
Uma barca que eu gostaria de andar, sem dúvida. Lembro que esta potência toda era SAE, portanto, nas rodas a cavalaria real era menor.
Já que voce gosta de informações que ninguém mais conhece, veja o que este site tem de infos assim:
http://www.oldride.com/library/1966_chevrolet_biscayne.html
Acho que o link não saiu completo. Clica na página e escolhe um carro então:
http://www.oldride.com/library/
Neste site eles dizem tudo dos carros analisados, até as cores que a fábrica tinha na época.
Ótimo post Mestre Mahar, não conhecia essa barca. God save the Whales.
Nossa, chega a dar vondade de ter um. E olha que normalmente eu torço o nariz pra essas banheiras.
Sao os muscles que eu mais admiro, os dependanos, tais como os Roadrunners.
Postar um comentário