quinta-feira, 11 de agosto de 2011

DELAHAYE NO GALPÃO, O NOSSO SONHO...

Todos nós que rezamos na Igreja da Ferrugem e de N. S. da Combustão Interna sonhamos com isso: encontrar uma raridade intacta e conseguir comprá-la. Foi o que aconteceu com Jan Binner, um especialista em Mopar antigo do estado de Washington, ao norte da Califórnia.



Em mais ou menos 2005 ele ouviu falar de uma coleção de Chryslers e Dodges em uma fazenda no interior do estado. Foi lá, a fim de comprar os carros. Para sua grande surpresa o dono dos carros lhe mostrou um sexto carro: Um Delahaye 135M Cabriolet 1949, com carroceria Chapron. Como dá para ver nas fotos, completo até o último detalhe, só empoeirado de anos guardado ali... Mas o cara não queria vender o Delahaye e foram cinco anos de papo até aquele famoso telefonema: ainda quer o carro?



Émile Delahaye foi um dos pioneiros do automóvel, lançando seu primeiro carro em 1894 no rico caldo de cultura automobilistica que foi a França do final do século 19. Daí seguiu lançando carros maiores e mais potentes, bem como caminhões e veículos comerciais, como ônibus, carros de bombeioros e camionetas. Como já tinha 50 anos quando lançou o primeiro carro, lá pelos anos 20 vendeu a fábrica, que conservou seu nome, para um grupo de investidores e a marca prosseguiu na lide automobilística.



No meio dos anos 30 houve uma reviravolta nos projetos: a direção da marca parisiense decodiu botar um pouco mais de pimenta na linha de produção. Lançaram então o modelo 135 com o motor de seis cilindros em linha, comando no bloco e válvulas no cabeçote com três e meio litros, em versões com um, dois e três carburadores Solex e 90, 105 e 135 cv respectivamente.


Os freios Bendix eram a tambor, bem grandes mas com acionamento a cabo. A suspensão era por feixes de mola: na frente transversal e independente como nos DKW-Vemag e atrás com o nosso conhecido eixo rígido com dois feixes e mola longitudinais. Um detalhe interessante é que a caixa de câmbio era de quatro marchas mas sem sincronização, exigindo uma especial sensibilidade para passar as marchas.


 A solução anglo-francesa foi a caixa eletromecânica COTAL-WIlson, em que o terceiro pedal passava as marchas pré-selecionadas no comando da coluna de direção, isso sem habilidade nenhuma, mas muitos problemas até fazer funcionar direito..... Imagine o leitor uma caixa elétrica de origem inglesa...


Inúmeras carrocerias foram montadas pelos grandes carrossiers franceses da época, tais como Saoutchik, Fernandez & Darrin, Guilloré e Henri Chapron, o autor de nosso carro enfocado. Mais discreto e contido que os desenhos inspirados por Geo Ham, o genial affichista dos anos 30, Chapron sobreviveu até os anos 60 fazendo muitos Citroën e o Simca Chambord Cabriolet de quatro portas do Presidente De Gaulle, que já mostamos aqui.


O carro dessas fotos passou pelo tratamento usual de reviver: teve seus pneus cheios, o tanque lavado, óleo novo , uma limpeza dos carburadores, uma bateria nova e funcionou! Vale uns 200 mil dólares e vai ser leiloado em breve. Alguém se habilita?



 A seguir um pouco da história da Delahaye, que fabricou carros vencedores em Le Mans, no Rali de Monte Carlo, fez jipes depois da guerra e acabou em 1954, comprada pela concorrente Horchliss.


 135MS de Modifié Sport

Jipe VLR

Um ônibus cheio de estilo

Um comentário:

Anônimo disse...

Ótimo Blog, de responsa com certeza. Gosto muito do nº 13, e achei pertinente um coments nesse post com horario de postagem 13:13.
Valeu.
deJuarezMT