Ano Novo ? E quando 2015 acabará ?
Neste ano atípico, só após Congresso
e Supremo Tribunal Federal voltarem de recesso, e complicações do pedido
de Impeachment da Presidente, investigações dos integrantes de
sua linha sucessória, ritos e poderes se tornarem mais claros. Fora o
equilíbrio entre o currículo dilmista do novo ministro da Fazenda, e a
necessidade oposta de conter gastos e obedecer as contas entre ter e dever. Até
lá, sobressaltos diários de novas ideias e intrigas.
Ano em encerramento gregoriano,
automóvel e seus assuntos periféricos bem o marcaram. Tema principal não foram
os produtos, mas escândalo de problemas de segurança e emissões poluentes
envolvendo as maiores marcas do mundo. Dramas com air bags Takata
em produtos japoneses, chaves de ignição de GMs, e descoberta – com
reconhecimento -, das emissões poluentes superando a linha legal pelos motores
VW.
No Brasil, maus números em produção e
vendas fechando em projetados 2,45 milhões, em torno de 25% inferior a 2014, e
sua consequência natural, o desaparecimento de empregos nas indústrias de fazer
carros, nos fornecedores, nos revendedores, nos transportadores. Em vendas automóveis
caíram, grosseiramente, 25%. Caminhões, 40%.
O mau projeto econômico do governo
Dilma 1 gerou péssimos reflexos em 2015. O professor Mantega e a Sra. Belchior,
respectivos ex ministros da Fazenda e do Planejamento merecem medalha por
mérito químico: transformaram a esperança numa droga.
Numericamente a queda é vigorosa
marcha a ré, repetindo os níveis de 2005 e como dado analítico, estabeleceu
tendência com três anos de seguidas quedas, em recuperação projetada em anos.
Não se imagine recuperação com a mesma velocidade da queda, com a indústria
automobilística subitamente acelerando em produção e vendas. Há capacidade
industrial instalada e ociosa, mão de obra idem, ou seja, por definição é fácil
e rápido retomar a fabricação. Entretanto mesmo havendo condições, tal processo
não será rápido pois a parte terminal, o balcão onde se vendem automóveis,
caminhões, ônibus, tratores, motocicletas, encolheu. Calcula a Fenabrave, a
federação dos distribuidores, aproximados 1.000 negócios de vendas de veículos
tenham fechado as portas. A recuperação do mercado não começa na poderosa
multinacional, mas na loja da esquina.
Na prática
Em termos internacionais acompanhamos
os sinais de mudança tecnológica em veloz aproximação, trazendo o carro
autônomo, sem motorista. Operando por rede de transmissão de sinais, capazes de
sair da garagem, entrar no trânsito das ruas, tomar a estrada, viajar e chegar
ao destino sem interferência do motorista. Alterações comportamentais trazidas
por tais conquistas ainda são de modesta projeção, mas duas bastam para mudar
conceitos surgidos desde o aparecimento do automóvel, há 130 anos: um, perderá
a simbologia de poder na mobilidade, sendo promovido a cápsula móvel; outro,
tende a dispensar o pertencimento, passando a ser como as bicicletas
turísticas, propriedade do poder público ou de investidores – você usa o cartão
de crédito, paga, decide para onde ir e a tralha tecnológica te conduzirá.
No país houve, também, a redução do
IPI para veículos elétricos, forma de incentivar consumo e justificar produção.
Registro de mudança na
processualística da indústria: as casas de estilo independentes, gerando
desenhos e construindo os produtos, desapareceram. As mais conhecidas e então
remanescentes se encerraram. Bertone faliu; Italdesign, leia-se Giugiaro, foi
vendida à Volkswagen; e a célebre Pininfarina recém passou à indiana Mahindra e
se resumirá a desenhos, sem construção. O fim dos projetos diferenciados é um
descenso à mediocridade.
Gente
Alteração no comando das três maiores
do mercado, Fiat, VW e GM. Na primeira, Cledorvino Belini, ex mandão geral,
passou o comando a Stefen Ketter, brasileiro apesar do nome. Ketter, 57,
acumulará função com a Vice Presidência mundial de Manufatura, foi responsável
pela construção da fábrica Jeep em Pernambuco. É o detentor das chaves de
qualidade de construção dos produtos FCA no mundo. Na Volkswagen Thomas Schmall
foi promovido com lugar na diretoria mundial, e na GM Jayme Ardilla, então
diretor para a América Latina e Brasil, aposentou-se, abriu empresa de
consultoria. Em seu lugar, ex-Ford, Barry Engle, veio como homem para cortes,
ainda não realizados.
Na menor, a Suzuki, idem. Sinergia
total com a Mitsubishi: produção, vendas, distribuição. Luiz Rosenfeld, 63,
engenheiro, agora ex presidente da Suzuki, dedicar-se-á à sua fábrica de
barcos. Não mais existirá um time Suzuki, mas departamento dentro da MMCB.
Olivier Murguet, então condutor da
Renault, foi promovido a vice presidente sênior e presidente do Conselho da
Região Américas. Fabrice Cambolive assumiu a operação Brasil.
Referência por décadas como executivo
de VW e Ford, Jorge Chear, diretor de vendas e marketing da Ford aposentou-se.
Guy Rodriguez sucedeu-o.
Mercedes promoveu Dimitri Psilakis,
de diretor de automóveis no Brasil a presidente da Mercedes Coreia.
Holger Marquardt o substituiu.
Deixando a direção geral da Citroën
Francesco Abbruzzesi é diretor da GM, e Ana Theresa Borsari, advogada, assumiu
a Peugeot, primeira mulher a conduzir uma montadora no Brasil.
Waldey Sanchez, longa vida ligada à
indústria automotora, deixou presidência da Navistar Mercosul e assumiu
consultoria para a marca. Em caminhões, presidente da Volvo avisou retornar à
Suécia. Sem indicação de sucessor.
Última semana do fim de ano
perpassava no mercado aposta da troca de condutor numa das francesas, e ao
início do ano, de outro.
Fim de ano substituiu condutores de
BMW – antecipada pela Coluna - e Jaguar Land Rover.
Em termos de pessoal, a atividade de
montar ou produzir veículos engoliu estimadas
14.000 vagas durante o ano. Crê-se, por efeito multiplicador, 5 vezes mais
entre revendedores e transportadores.
Mercado
No cenário de vendas Volkswagen caiu
à terceira posição em volume. Fiat, agora FCA, manteve o primeiro lugar, com
intensa movimentação, inaugurando portentosa fábrica dentro de um canavial no
norte pernambucano. De lá extrai o Jeep Renegade e lá dois novos produtos em
2016: o picape Toro; outro produto Jeep. Em Betim, carro menor, de entrada,
motor 1,0, quatro cilindros.
Referência importante, pela primeira
vez em décadas as três maiores somaram menos de 50% das vendas no mercado.
PSA, junção de Peugeot e Citroën,
mundialmente sobreviveu, aumentou produção e participação de mercado. No
Mercosul mudou a óptica de produtos, refinando os Peugeot, tirando-o da disputa
com carros sem equipamentos. Mas ambas perderam muito mercado em 2015. Citroën
abduziu de produção o interessante C3 Picasso, criando versão adequada do
renovado AirCross para atender à clientela. Ambas cortaram fundo em pessoal não
produtivo – cerca de 50% nos escritórios –, e buscam recuperar vendas perdidas
e explicações, pois a queda ocorreu em paralelo ao lançamento de novos
produtos.
Peugeot apresentou o 2008 brasileiro,
com vendas menores às suas qualidades.
Renault cresceu a 7,1% do mercado,
firmando-se como a quinta em participação. Renovação da linha, com Logan,
Sandero, Duster, lançamento do picape Oroch ajudaram. Sandero RS, marcado por
ganho de performance, ótimo projeto de engenharia, abre porta no mercado para
veículos diferenciados por rendimento.
Como foi
Para a Coluna, imodestamente, foi
ótimo. Incontável antecipação de informações, análises corretas, levou a ser
publicada em 30 veículos – conhecidos, fora a pirataria -,
superando os 10 milhões de leitores/mês.
Fiat SpA, a matriz italiana após
assumir a Chrysler LLC, fundiu-as sob o nome FCA, transferiu a sede legal de
Turim, Itália, para Amsterdam, Holanda, e ações na Bolsa de Londres. Cortou o
nó górdio da intocabilidade da Ferrari, colocando 10% de suas ações na Bolsa de
Nova Iorque. Quer capital para os grandes projetos de expansão das marcas
controladas, a partir da volta da Alfa Romeo.
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Jeep Renegade, parto em canavial
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O Projeto Inovar Auto, imposição do
governo contra as marcas importadas, gerou pequenas fábricas para BMW e Audi,
já inauguradas, e Mercedes, nos próximos meses. Início com baixa
nacionalização. Dentre importados ex líder Kia, amargando enxugar de vendas,
terá fôlego em 2016 iniciando importar 4.800 Kias mexicanos, sem impostos de
importação.
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A3 sedan 1,4, Audi paranaense
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Como a Coluna antecipou
há um ano, Porsche veio e instalou filial no Brasil para fazê-lo o segundo
mercado americano, reduzir preços, aumentar volume.
Ter fábrica no Brasil não é garantia
de êxito. A chinesa Chery a fez em Jacareí, SP, mas os desencontros com a mão
de obra garrotearam a produção, sem permitir as vendas projetadas. Lifan continua
com finalização de montagem no Uruguai, e JAC entendeu, nem sempre é bom ser
amigo do rei. O financiamento pretendido junto ao banco de desenvolvimento da
Bahia não se viabilizou, e a atividade hoje é apenas comercial, e em contração.
Localmente há satisfação no mercado
com o renascer do VW up!. Melhor dotado entre os 1,0 nacionais, seu conteúdo
eleva preço e não obteve as vendas merecidas. Final do ano, com o aparecimento
da versão TSi, com turbo, a imagem mudou, e as vendas se elevaram. Foi o
nacional mais premiado nos juris especializados.
De atualização, VW iniciou montar o
Jetta, e deu uma travada no projeto do Golf. Ficou para 2016.
Nissan deve ter concluído, seu modelo
March não representa o pico dos desejos dos consumidores. Sobre sua plataforma
faz o Versa, e completa a linha importando o Sentra. Performance baixa, foi
cobrada pessoalmente por Carlos Ghosn, condutor mundial, ter 5% do mercado -
entretanto marcou 2,9%. Quer 3,1% em 2016.
Japonesas Toyota e Honda mantiveram
crescimento pequeno, e Honda, mesmo com o sucesso da linha Fit, City e do bem
lançado HR-V, frustrou-se: fez fábrica em Itirapina, SP, para 120 mil
unidades/anuais; deu-a como pronta, mas não inaugurou. Ante a previsão de
mercado congelado, passou cadeado na porta e aguardará 2017 para ver se demanda
justificará operá-la.
Ocorrências
CAOA Montadora, em Anápolis, Go,
assinou Termo de Ajustamento de Conduta TAC, com o Ministério
Público. Promete não mentir em publicidade e doou 27 caminhões como
indenização.
No âmbito penal, empresários da CAOA e
da MMC foram denunciados por suposta interferência junto ao Carf, e vice
presidente da Anfavea, e ex assessor presos por suspeita de suborno para obter
prorrogação de isenções.
Fenatran, a feira nacional de
transportes, surpreendeu-se com a negativa das fabricantes de caminhões em
dizer presente. Apenas duas Volvo e DAF apareceram.
Pior referências do mercado foi o
fechamento da International de caminhões. Quarta vez que sai do país. A TAC dos
jipes Stark, parou, anunciou venda e comprador prometeu revitalizá-la.
Governo
Continua sem
política para a indústria automobilística, e deu boa medida de confusão com o
tema extintor, ameaçando multar quem não tivesse novo modelo; ignorou se havia
disponibilidade no mercado; às vésperas da obrigatoriedade cancelou a
obrigatoriedade de uso.
Em amplo espectro
fez acordo comercial com a Colômbia e Uruguai para troca de veículos, mas a
tibieza negocial deu primazia e liderança à Argentina e seu novo presidente
Maurício Macri. É quem faz aproximação com a união europeia.
Mais
Pouco a registrar em
automobilismo de competição. O Autódromo de Brasília foi fechado para reformas,
e assim está por questionada ilegalidade no contrato. O do Rio de Janeiro,
picado para fazer obras para Jogos Olímpicos, sumiu e ficou assim. Categorias
internas sem propiciar desenvolvimento, e no exterior a expectativa sobre
Felipe Nasr ainda exige tempo de aculturamento na Fórmula 1 e a carro de
segunda qualidade.
Movimento
colecionista se desenvolve naturalmente, e melhor notícia foi o surgimento do
Box 54, empreendimento em tal quilômetro da Rodovia Castelo Branco, nas
proximidades de S Paulo. É museu, local para abrigo, guarda, locação e vendas
de veículos antigos. Fórmula boa e factível de ser copiada.
Enfim, ano
desproporcional ao volume pago como impostos, de explicações ofensivas à
inteligência média, de sustos com o avançar no patrimônio público para agradar
parlamentares. Merecemos mais.
Os
pesares, as dificuldades, as injustiças, as irresponsabilidades oficiais por
ação ou omissão não merecem ser vistos como padrão ou gabarito. Recomendo ao
atento leitor manter a fé, rezar, meditar, para manter seu caminho, evitando
que tais comportamentos conduzam a sua vida. Bom Natal.