Coluna
1815 29.Abril.2015 edita@rnasser.com.br
De
Pernambuco, Jeeps e Fiats
Sonho de
qualquer urbanista, projetista de motor ou chassi é começar, ilustrativamente,
com folha em branco. Em teoria ali pode aplicar toda a criatividade, aproveitar
ao máximo meios e facilidades para interar-se com o meio ambiente, ter produto
final da melhor qualidade, seja loteamento, bairro, cidade, ou motor ou chassi
novos.
Parece
desejo ou gabarito comum. Porém, com certeza, os formuladores da operação
iniciada como Fiat e encerrada como FCA, em Goiana, Pe, gostariam de ter
encontrado uma estrutura operacional pré existente e nela incluir nova operação
industrial.
A área
escolhida foi marcada dentro de um canavial, próxima a Goiana, pequena e
desassistida cidade, no norte de Pernambuco e no sul da Paraíba. Sediaria a
fábrica, com projeto aperfeiçoado ante a responsabilidade de ser a primeira pós
criação da FCA – fusão de Fiat com Chrysler -, e mudando produtos, para
implantar a marca Jeep, trazendo-a de volta a Pernambuco.
A Fiat/FCA
entendeu a dificuldade. Contratou os melhores quadros em seu mundo e mandou-os
para entender as raízes, as cabeças, o entorno. Cubar a complicação, criar
caminhos e soluções.
Não queriam
inflar a pequena Goiana com uma leva de trabalhadores externos, de costumes
diferentes, e assim resolveram buscar mão de obra regional. Assim,
contrataram-se carros de som, colocaram mesas nas ruas, como se fossem pontos
de jogo-do-bicho, para receber fichas dos interessados. Evitando romaria na
porta da construção, as inscrições dos letrados foi por Internet. E para evitar
confusão, prostituição e outras mazelas em torno da obra com 11.000
trabalhadores, não construiu alojamentos no canteiro de obras. Contratou
pessoal local, alugou hotéis, pousadas, reformou casas transformando-as em
repúblicas. Havia outra razão para evitar movimento maior, o receio de invasão
da área pela acolhida e agora comendada irresponsabilidade do MST. De tal forma,
o canavial só foi desbastado quando a fábrica estava pronta e cercada.
Com cerca de
80% da mão de obra pernambucana, iniciou treinamento indo do aperfeiçoamento em
português e aritmética. Meteu-se na estrutura escolar, construiu hospital, fez
serviço social. Levantou e listou as manifestações de cultura popular para
preservá-la e criar o orgulho cidadão. E fez ajustes para criar cursos de
engenharia automobilística, e até curso para uso de smarphones. Não quer a fábrica como um enclave,
mas como um equipamento gerando trabalho, renda, impostos, melhorando a vida
das pessoas através da formação dos colaboradores. Trabalho enorme.
O
operacional da fábrica tem 260 mil m2 e, para viabilizar a produção e conter
custos, investiu R$ 1B criando estrutura e atrair fornecedores, em área
contigua com 270 mil m2 implemento importante e permite iniciar a produção de
veículos com 70% de nacionalização, recorde em arrancadas.
Aplica 15
mil práticas da WCM, a manufatura de primeira categoria, e tem características
próprias como o Communication Center, espaço aberto para a
administração, onde se vai à mesa do responsável em busca de uma solução, e
daí, se caso, à linha de produção. Carrocerias dos veículos em montagem passam
sobre o Centro para ganhar espaço e tempo. A fábrica tem preocupações estéticas
em sua engenharia. Da fachada, como enorme edifício envidraçado, ao pé direito
e às elegantes colunas. Na operação, a novidade da pintura primer, a pintura básica,
reduzindo materiais, poluição, tempo e custos.
A capacidade
de produção é de 250 mil unidades anuais. O primeiro e o terceiro produtos
serão Jeep. O segundo, picape Fiat, ainda sem nome mas tratado como Stradão.
Quer aumentar presença das marcas Jeep e Fiat no Brasil, América Latina e
África do Sul.
Não é apenas
um retângulo onde se produzem veículos, mas um polo gerador de promoção de
qualidade de vida. Que prefeituras no entorno e governos federal e pernambucano
saibam ampliar tais benfeitorias, começando pelas ligações viárias com Recife e
com o porto de Suape. A fábrica, aliás o Polo Automotivo fica mais perto por
distância e tempo de João Pessoa, Pb.
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Fábrica
FCA, Goiana, Pe, no meio de um canavial
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Junho, novo
Focus