quarta-feira, 15 de julho de 2015

PRÉDOIO DO ACB PODE VIRAR MUSEU




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Projeto para transformar prédio do Automóvel Clube em museu é entregue à prefeitura

Ideia é fazer de edifício em ruínas na Rua do Passeio um espaço dedicado à história do automobilismo e do rodoviarismo no país

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O salão do antigo Automóvel Clube do Brasil mostra a decadência do prédio na Rua do Passeio - Marconi Andrade
RIO — Restaurada há três anos, a fachada neoclássica pintada de lilás, não traduz o atual estado do prédio do antigo Automóvel Clube do Brasil (ACB), na Rua do Passeio. Por dentro, o espaço é uma ruína. Parte do assoalho do salão principal foi arrancado e o que sobrou do piso está desgastado; as paredes estão sem o reboco e vidros estão quebrados. O glamour do palco de festas do Império sucumbiu. E os encontros políticos do século passado fazem parte de uma história quase esquecida. Em 2004, a prefeitura comprou o imóvel e prometeu reformá-lo. Em um década, com exceção da fachada, nada foi feito.
Agora, a prefeitura tem sobre a mesa uma proposta para para transformar o prédio no Museu do Automóvel Clube do Brasil, dedicado à história do automobilismo e do rodoviarismo no país.
— Meu medo é que o prédio desabe. Quero logo recuperar sua estrutura para, depois, pensar no museu. — conta a arquiteta Maria Parkinson, uma das idealizadoras projeto.
Para pôr o plano em prática, a arquiteta (que é neta de João Parkinson, um dos diretores do ACB nos anos 1920) fechou parceria com bancos e fabricantes de automóveis. O custo da restauração foi estimado em R$ 20 milhões. Segundo Maria, a operação também terá recursos do Governo Federal do PAC Cidades Históricas. O projeto foi mostrado à prefeitura e a expectativa é de que o pacto de salvação seja fechado nos próximos dias.
— Vamos apresentar a carta de intenções nesta semana para concretizar o acordo com a prefeitura — diz Ariel Gusmão, presidente do atual ACB (com sede em São Paulo), e um dos apoiadores do projeto. — O Brasil terá um museu tecnológico.
Procurada, a prefeitura disse que aprovou projeto para a restauração do imóvel por meio do PAC Cidades Históricas e, no momento, aguarda a liberação da verba do Governo Federal, mas ainda não há decisão sobre o uso final do o prédio.
DOS BAILES DO IMPÉRIO AO HISTÓRICO DISCURSO DE JANGO
O Automóvel Clube do Brasil foi fundado no Rio em 1908 por pioneiros do mundo motorizado. Como na época não existia Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), foi o ACB quem criou as primeiras leis e regras de trânsito no país.
Em um tempo sem estradas, o clube reunia os abastados automobilistas da época e promovia longas excursões de carro para desbravar rotas e estimular a construção das primeiras rodovias.
O ACB também teve um papel importante na promoção de competições, a começar pelo Circuito de São Gonçalo, em 1909 — primeira corrida de carros em terras fluminenses. Até a década de 60, era o clube que organizava o automobilismo esportivo no país.
Aos poucos veio a decadência. A pá de cal foi quando os cartões de crédito e seguradoras passaram a oferecer serviços de reboque a seus clientes. Acabava, assim, um dos maiores estímulos para a adesão de sócios ao clube. Na década de 1990, o ACB entrou em insolvência. Anos depois, foi “refundado” em São Paulo. Essa nova associação promove encontros de carros antigos, entre outros serviços
CASSINO FLUMINENSE
Tombado desde 1965, o imóvel foi projetado no século XIX pelo arquiteto Manuel de Araújo Porto-Alegre, o barão de Santo Ângelo. No Segundo Império abrigou um importante salão de baile da capital, o Cassino Fluminense. Inaugurada em 1860, a casa era frequentada pela alta sociedade e pela família imperial. Em 1900, o imóvel passou a ser a sede do Clube dos Diários.
— O momento histórico mais importante do prédio ocorreu em 30 de março de 1964. Neste dia, o presidente João Goulart fez seu último discurso. No pronunciamento ele reafirmou que estava comprometido com as reformas de base — diz Marcus Dezemone — historiador da Uerj e da UFF.
Nos anos 1990, a construção sediou o Bingo Imperial. Quando o imóvel passou às mãos da prefeitura em 2004, o então prefeito Cesar Maia anunciou que o casarão abrigaria um centro de memória da cidade, mas o projeto foi engavetado.UBE SOU+RIO

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