domingo, 19 de julho de 2015

OPINIÃO COM BORIS FELDMAN

e médico, técnico e louco…


O mecânico joga fora a válvula termostática. E não é que ele — aparentemente — tem razão, pois o carro para mesmo de ferver?
Termostato
A válvula termostática nas duas condições básicas de funcionamento do motor
“… todos temos um pouco” é o que diz o ditado. Na oficina, por exemplo, todos dão palpite. Tem mecânico que critica e até despreza soluções dos engenheiros que projetaram o automóvel. Acredito no conhecimento empírico adquirido pela prática, mas tem hora que extrapolam, interferem no projeto original e ainda esnobam: “vai ficar bem melhor, viu doutor!”.
Termostática – O carro chega na oficina fervendo. O mecânico abre o capô, tira e joga fora a válvula e diz: “Tá vendo, doutor, a culpa é dela, pois foi projetada para o frio europeu, mas aqui, só atrapalha!”. O doutor, entre espantado e incrédulo, vai embora e… o carro não ferve mais! Claro, pois o problema era da válvula emperrada que impedia a água de circular. Mas o correto seria substituí-la por uma nova, pois sua presença é essencial para que o motor, principalmente ao ser ligado de manhã, atinja rapidamente a temperatura ideal de funcionamento.
Rodas de liga– As oficinas de reparação protestam: Quem disse que solda na roda de liga deixa fissuras internas?” ou “Quem disse que não temos condições técnicas e equipamentos adequados?”. Quem tentou dizer foram os muitos donos de carros que tiveram as rodas reparadas com solda mas — assim como o cantor Cristiano Araújo — não puderam reclamar na oficina irresponsável que fez o “serviço”…
Querosene – Já vi posto que tinha, entre as bombas de gasolina e etanol, uma terceira de querosene. Um “santo remédio”, diziam alguns mecânicos, para melhorar o desempenho, reduzir consumo e limpar o motor flex. Bastavam 5 a 10% misturados ao álcool. E ouvi taxistas defendendo a “receita”…
Booster – Aditivo é capítulo à parte no rol das impropriedades mecânicas. Na gasolina, sugerem o booster, uma dose extra de oxigenação para melhor desempenho do motor. Só em outros países pois no Brasil, onde já temos quase 30% de etanol, sobra oxigênio na gasolina…
Economizadores – São dezenas os aparelhos “mágicos” que prometem economia de combustível. Em geral, é um dispositivo eletrônico colocado nos fios de ignição ou uma engenhoca mecânica no circuito de alimentação de combustível. A internet está cheia deles. Tem turbina na entrada de ar, indutor magnético na gasolina, tem de tudo. Garantem redução de “até” 20% no consumo. (Este “até” pode não passar de zero, 1% ou 2%…). Será que, se cumprissem o que prometem, as fábricas de automóveis não seriam as primeiras a se interessar por eles?
Na época do carburador, mecânicos anunciavam um recurso infalível para reduzir o consumo. E diminuam o “gicleur” (giguilê) de gasolina para restringir sua passagem. O carro realmente passava a beber menos. Mas, meses depois aparecia com pistões derretidos por excessiva temperatura de combustão. E ninguém sabia explicar…
Cadeirinha – O governo tornou obrigatório, há alguns anos, a cadeirinha para crianças. Mas, por falta de regulamentação, só era exigida nos automóveis particulares. Nem táxis tinham obrigação de utilizá-las. No mês passado, a obrigatoriedade se estendeu para vans escolares. Mas só dá para dependurá-las em assentos com cintos de três pontos e nossas vans só tem os de dois pontos. Um “técnico” do Detran sugeriu instalar mais um ponto de fixação para se colocar o cinto de três pontos. Ignora que o ponto tem que ser projetado para isso pela fábrica. Caso contrário, num impacto, ele não resiste ao esforço (de toneladas) e sai voando junto com cinto, cadeirinha e criança…
BF
Desenho da abertura: oficinabrasil.com.br

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