OPINIÃO POR BORIS FELDMAN
Chegando lá
Não vai demorar muito para se ter um automóvel nacional que, por vontade própria, desligue metade dos cilindros do motor…
Ainda falta muito, mas as diferenças entre nossos automóveis e os produzidos no Primeiro Mundo vão se reduzindo. Um estímulo a novas tecnologias foi disparado pelo Inovar-Auto, um plano de incentivos do governo federal que reduz impostos (IPI) à medida que o automóvel apresente melhor eficiência energética. Existem metas a serem cumpridas nesta primeira fase (2013 a 2016) com redução de consumo e emissões. Pelos cálculos do governo, a partir de 2017, com as metas cumpridas, o consumidor irá economizar cerca de R$ 1.150 por ano em combustível.
Foi para se enquadrar nas metas do Inovar-Auto que várias fábricas trouxeram tecnologias desenvolvidas por suas matrizes. A mais significativa foi o motor 1,0 de três cilindros em substituição ao de quatro. Já contam com ele o Hyundai HB20, VW Fox e up!, Ford Ka e Nissan March e Versa. A vantagem? Redução do peso de um pistão com pino e anéis, pino, biela, casquilhos, válvulas, balancins, virabrequim e mais uma pilha de peças. A vantagem não é somente no peso, mas também pela redução de atrito. E quanto mais ele se reduz, mais potência disponível.
Outros dispositivos estão chegando e já foram elencados pelo governo:
Start-Stop – Já está em dois modelos, o Fiat Uno e o BMW 320. Desliga o motor automaticamente quando o carro pára e liga quando vai arrancar. Reduz consumo e emissões no trânsito urbano. O sistema existe há muitos anos na Europa e foi desenvolvido pela Bosch.
TPM – Nada com a tensão pré-menstrual: são as iniciais em inglês de monitoramento da pressão dos pneus, uma luz-alerta que se acende no painel quando sua pressão cai 20% em relação à recomendada. Neste caso, com o duplo objetivo de reduzir consumo (pneu murcho aumenta o atrito) e garantir segurança. Pode funcionar com sensores nos bicos das válvulas que percebem a variação da pressão ou pelo sistema ABS que detecta diferença entre o diâmetro de um pneu em relação aos outros três.
Sinalizador de marcha – Alguns modelos nacionais e importados já contam com este sistema, que indica ao motorista — com uma luz ou setinha no painel — o momento de cambiar para que a rotação do motor seja a mais adequada. Rodar com a marcha correta com o motor sempre na faixa de maior eficiência é fundamental para se reduzir consumo e emissões.
Grade variável – Ainda não existe em modelos nacionais. A grade defronte ao radiador funciona com uma articulação semelhante à de uma persiana. Quando o sistema de refrigeração necessita de maior fluxo de ar, ela se abre completamente. Quando a necessidade se reduz, a persiana vai se fechando. Na estrada, por exemplo, em elevadas velocidades, a necessidade do fluxo de ar é muito inferior ao volume que chega na dianteira e a persiana pode ser quase completamente fechada. No inverno, por exemplo, ela permanece fechada quase todo o tempo, melhorando sensivelmente a aerodinâmica e reduzindo o consumo.
Mas tem mais. Motores de maior cilindrada (1,5) com três cilindros já equipam MINI e BMW. A Ford também desenvolve projeto semelhante. O sistema “Cylinders on Demand” (motor desliga metade dos cilindros quando não são necessários) vai acabar desembarcando por aqui. Mundo globalizado é assim mesmo…
BF
2 comentários:
Tenho essas luzinhas de marcha no meu Kadet Ipanema Flair 2.0 1994, e sempre achei bacana esse dispositivo que funciona com a rotação do motor e estabilização da aceleração!
quanto tempo ainda até termos motores de apenas 2 cilindros?
Renato
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