SÓ
RESTA ESPERAR
Vêm de longa data os adiamentos sucessivos
de decisões na cultura brasileira e mais ainda quando os governos estão
envolvidos. A Coluna de 27 de janeiro
último listou 10 das principais pendências
legislativas ou regulatórias que afetavam o setor automobilístico e menos de
seis meses depois só piorou.
A obrigatoriedade do extintor (de princípio
de incêndio) do tipo ABC na frota de carros usados já está no terceiro
adiamento em 2015, embora previsto há mais de cinco anos. De abril, foi para
julho e depois para outubro. Além de bem mais caro, sua utilidade continua
questionável. É reflexo mais de grupos de interesse específico e menos de real
preocupação com a segurança.
Há, entretanto, mais uma postergação e o
consumidor, outra vez, foi prejudicado. A Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP) tinha decidido antes de 2012 que toda a
gasolina comercializada no país deveria ser obrigatoriamente aditivada a partir
de 1º de janeiro de 2014. Deu-se um prazo para seleção básica e teste dos
aditivos detergentes e dispersantes, sem prejuízo de cada distribuidora
continuar a desenvolver e oferecer suas próprias fórmulas com respectivos nomes
comerciais.
No final de 2013, a ANP adiou por 18 meses,
para 1º de julho último, a distribuição nacional dessa gasolina com aditivos
para limpar e manter limpos válvulas e injetores. Os proprietários de carros
teriam menos despesas de manutenção e até diminuição discreta de consumo de
combustível ao longo do tempo. Os desentendimentos ocorreram, apesar do prazo
adequado, em relação à aditivação ser nas refinarias ou nos tanques das
distribuidoras, com custos diferentes.
Agora no dia 29 de junho, apenas 48 horas
antes de vencer o prazo anterior, a ANP publicou nova Resolução adiando por
mais dois anos, para 1º de julho de 2017, a chegada da gasolina com aditivação
básica. As justificativas da agência são, em resumo, de que foi informada em
fevereiro último pela Petrobras que ao trocar o motor no banco de provas, já
gasto, por outro do mesmo modelo a análise da formação de depósitos nas
válvulas de admissão não apresentou resultados confiáveis.
E acrescentou: “Além disso, os agentes
econômicos responsáveis pela adição dos detergentes dispersantes à gasolina vêm
apresentando diversas dificuldades para adaptação de suas instalações e,
consequentemente, o atendimento ao prazo determinado”. Ou seja, a causa do
primeiro adiamento se repete agora apesar das dilatações concedidas.
Pode haver outras razões, escamoteadas,
entre elas o temor de que a gasolina subisse novamente de preço, apesar de se
saber por experiências internacionais que a aditivação tem custos pequenos
frente a benefícios bem maiores. Infelizmente, as agências reguladoras
brasileiras estão sujeitas a pressões políticas do governo e do Legislativo e
não conseguem cumprir suas tarefas com a mesma eficiência de suas congêneres em
outros países.
Agora só resta, mais uma vez, esperar até
que os 40.575 postos de combustíveis líquidos (dado atualizado em 22 de junho
passado) de todo o Brasil recebam gasolina com aditivação básica.
RODA VIVA
EMBORA a FCA nunca tivesse confirmado a produção de um verdadeiro sedã
médio-compacto, como o Viaggio chinês ou o Dart americano, em sua nova fábrica
de Goiana (PE), havia possibilidade remota de que isso acontecesse. Fontes
desta Coluna, no entanto, garantem estar totalmente descartada. Já existem 15
protagonistas e a Fiat não tem tradição nesse segmento.
VIDA mais difícil para fabricantes com presença importante na base do
mercado. Versões de 1 litro ,
as mais baratas em razão do IPI menor, apresentaram queda acentuada de
participação nas vendas de automóveis, de 34,2% (maio) para 31,7% em junho
último. E as quatro grandes (Fiat, Ford, GM e VW) desabaram para patamar nunca
visto: apenas 56% de penetração de mercado.
OUTRA surpresa foi o Corolla, na oitava colocação, vender mais que o Uno
(em nono lugar) pela primeira vez. Porém, é preciso lembrar que o Civic,
tradicional maior rival do sedã japonês, teve sua produção desacelerada para
permitir crescimento do HR-V, este com demanda superior à oferta. Só no começo
de 2016, com a nova fábrica, a Honda aumentará a produção.
NESTA nova geração do cupê TT a Audi se superou. Retoques visuais na
medida certa como passar as quatro argolas de sua logomarca da nova grade para
o capô, novo quadro eletrônico de instrumentos virtual totalmente configurável
e comandos de ar-condicionado nas próprias saídas de ar. Potência aumentada
para 230 cv veio na hora certa e empolga quem quer sempre ter o carro à mão com
visibilidade, ergonomia e precisão.
CENTENÁRIO de fundação da alemã ZF este ano coincidiu com a aquisição da
americana TRW para formar o terceiro maior grupo de autopeças do mundo. A
primeira sempre focou em engrenagens e elementos completos de transmissão, em
especial caixas de câmbio. A segunda tem forte atuação em itens de segurança
ativa e passiva de alta tecnologia.
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fernando@calmon.jor.br e
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