ÓCULOS
INTELIGENTES
À
PROCURA DE CLIENTES
Por Fernando Calmon
Até agora a ideia dos óculos Google, que
usam microcâmera, recursos de realidade virtual e interação com telefone
inteligente, não vingou. Tanto que a empresa decidiu reavaliar o projeto e estuda
uma segunda geração. Existe também preocupação com a intimidade das pessoas que
podem ser filmadas sem autorização.
Mas o conceito mostra aplicação potencial para
motoristas, pois o carro é um ambiente mais privativo. Pelo menos assim pensa a
MINI, marca da BMW, que apresentou um protótipo no recente Salão de Xangai. Ele
se assemelha aos antigos óculos usados por pilotos nos primórdios da aviação de
cabine aberta. Ainda não há previsão de lançamento deste acessório de visão
aumentada. Se produzido em grande escala, teria preço estimado de um telefone
inteligente topo de linha.
Foram citadas sete funções agregadas, a
começar pela possibilidade de programar o destino antes mesmo de entrar no
veículo e transferir a navegação, inclusive imagens dos pontos de partida e
destino. Informações sobre velocidade e seus limites na via são projetadas
acima do perímetro do volante, sem ocultar os veículos à frente. Realidade
aumentada cria setas virtuais de auxílio à navegação, pontos de interesse ao
longo da rota e até espaços livres para estacionar e assim manter o motorista
focado no tráfego.
Pequeno ícone aparece no caso de mensagem ou
torpedo e pode ser ouvida nas hastes dos óculos, se autorizada por meio de um
botão no volante. Visão de raios-X através de portas e colunas dianteiras por
meio de microcâmeras instaladas externamente é reproduzida de tal modo a revelar
objetos e áreas externas encobertas. Outras microcâmeras nos espelhos permitem
monitorar a distância até a guia para evitar raspar as rodas e pneus em manobras
de estacionamento.
Entre possibilidades imaginadas está
projetar no alto do para-brisa, no lugar onde fica a faixa degradê, textos para
quando se está parado em congestionamentos. Poderia incluir até a história da
marca do carro. Um escâner de raios infravermelhos ajudaria a localizar no
escuro botões e comandos no teto do carro sem necessidade de ligar a iluminação
interna, por vezes incômoda.
Ainda há alguns problemas a resolver. É
preciso equacionar a exata posição dos óculos para ter as imagens identificadas
perfeitamente com o mundo real, pois movimentos da cabeça, mesmo os menores,
podem formar borrões para um lado ou outro e de cima para baixo. Exige, portanto,
configuração prévia e calibração, antes de pendurá-los nas orelhas.
Embora não seja uma tecnologia madura para
a vida prática dos automobilistas, a Sony e a Microsoft também desenvolvem
acessórios com expedientes de realidade aumentada que podem ser embutidos em
óculos.
Na verdade este conjunto de equipamentos
chamados de “vestíveis”, a exemplo dos relógios de pulso inteligentes, ainda
precisam passar pelo crivo de aceitação por parte dos consumidores. Não se tem
certeza se cairão nas graças de todos, a um preço razoável, ou se as baterias
logo se esgotarão como já acontece com os telefones celulares com muitos
recursos.
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