O New Beetle da década de 90 era
apenas um carro retrô bonitinho. Aí resolveram que essa alegre joaninha deveria
ser transformada em um escaravelho do diabo. Assim, a geração lançada em 2011
veio ao mundo com mais testosterona.
A novidade agora é que o besouro
ganhou um ferrão realmente venenoso: é uma versão desenvolvida para rallycross.
Antes de descrever o carro, vale a
explicação: rallycross é um tipo de corrida em circuito misto: tem asfalto
liso, terra batida e saltos, mesclando características de corrida de pista,
rali de velocidade e autocross.
Há diversos campeonatos de
rallycross pelo mundo. O Fusca em questão foi projetado para substituir os VW
Polo na equipe Andretti, que disputa o torneio GRC (sigla de Global
Rallycross), organizado nos Estados Unidos.
Esse besouro enfrentará modelos
como Ford Fiesta (carro do lider do campeonato, Nelson Piquet Jr.), Subaru WRX
STi, Chevrolet Sonic, Citroën DS3 e Hyundai Veloster Turbo.
O ponto de partida é um monobloco
de Fusca normal, feito em Puebla, no México. O motor é tranversal, dianteiro, de apenas 1,6 litro. Mas
não se engane: graças a um turbocompressor gigante e a alguns truques, chega-se
a incríveis 544cv! É potência equivalente à dos monstruosos (e reverenciados)
carros do Grupo B que disputavam o mundial de rally na década de 80.
Outro ponto importante é que esse
besourão tem tração nas quatro rodas. Com isso, a suspensão traseira teve que
ser modificada, deixando de ser multibraço e adotando o padrão McPherson.
Agora imagine fazer um bom acerto
tanto para velocidade no asfalto quanto para grandes saltos (sim, os besouros
podem voar).
A “pele” externa da carroceria
continua a ser de aço, mas para-choques diferentes, enormes aerofólios
traseiros e várias aberturas para entradas (e saídas) de ar foram feitas.
No fim, o Fusca anabolizado pesa
1.210 quilos e pode fazer o 0-100 em 2,2s. A máxima não importa tanto no
rallycross.
Os
antecessores espirituais
Ralis na
Europa e ‘penicos atômicos’ no Brasil
O Beetle
atual raramente é usado em competições. Já o Fusca original, com motor
traseiro, sempre marcou presença em ralis e corridas, principalmente nas
décadas de 50 e 70.
Versatilidade,
robustez, preço baixo e facilidade de preparação explicam o fato de um carrinho
popular ter feito tanto sucesso no automobilismo.
O apogeu da
participação do Fusca em provas na Europa aconteceu quando a Porsche Salzburg
(divisão austríaca da marca de esportivos) decidiu deixar as corridas em
autódromos e investir em ralis.
Em vez de
usar um modelo fabricado pela Porsche, a equipe decidiu preparar Fuscas, mais
aptos a estradas de terra. E, afinal, o besouro fora projetado por Ferdinand
Porsche!
Assim
nasceram os carros batizados de Salzburg Rallye Käfer. Feitos a partir dos
Fusca 1302 e 1303 (modelos alemães com supensão McPherson na dianteira), esses
carros tinham motor 1.600 “fuçado” para render 129cv. A preparação incluía
radiador de óleo de Porsche 908...
A proteção
do motor e do chassi era garantida por peitos de aço. O câmbio era especial,
mas mantinha apenas quatro marchas, e a suspensão levava apenas pequenos
ajustes de geometria (além da troca de amortecedores).
Assim, os
endiabrados besouros de Salzburg venceram várias provas de rali na Europa entre
1971 e 1973.
No Brasil, o
Fusca também fez bonito em ralis (de regularidade, em especial). Mas, por aqui,
o maior brilho esportivo do Volks aconteceu em autódromos, nas corridas da
Divisão 3.
O
regulamento dessa categoria dos anos 70 permitia preparação pesada: cortar
para-lamas, aliviar bem a carroceria, fazer alterações aerodinâmicas e usar
pneus slick.
Nas pistas,
havia Opala, Maverick, Passat , Brasília... mas o que chamava a atenção eram os
Fuscas e seus motores 1.600 cheios de veneno. Baixinhos, largos e muito brabos,
foram apelidados de Penicos Atômicos.
Com pilotos
como Arturo Fernandes e Amadeo Campos, os “Penicos” ganharam muitas corridas
até o início dos anos 80.
Nenhum comentário:
Postar um comentário