Os anos 70/80 foram os verdadeiros “anos dourados” do esporte a motor, pelo menos para mim. Le Mans, Formula 1, Rally… cada uma dentro do seu regulamento (aonde ainda sim, os engenheiros podiam fazer quase tudo), arrancavam suspiros dos fãs e proporcionavam disputados de tirar o fôlego.
Hoje vamos falar um pouquinho sobre o extinto Grupo B.
Em 1982 a FIA criou o Grupo B no campeonato de Rally. Grosseiramente falando, qualquer coisa com uma aparência de carro, que tivesse 4 rodas e um volante podia ser inscrito dentro do grupo B. Não haviam restrições quanto a potencia ou o peso dos carros, permitindo assim um uso ilimitado de materiais nobres e de alta tecnologia. Essa formula logo chamou atenção de vários fabricantes, vendo ali uma grande oportunidade de marketing se fazendo valer da velha frase “Win on sunday, sell on Monday.”, mesmo que os carros, tirando sua aparência, pouco tivesse haver com os modelos de competição.
Monstros sagrados nasceram nesses anos, entre eles os Audi Quattro, os Lancia Delta e os Peugeot 205 TI. Até a Porsche tentou tirar uma casquinha das regras pouco restritivas e lançou seu 959 (infelizmente o carro era muito grande e pesado para ter um desempenho satisfatório. Conseguiu ganhar o Paris-Dakar, mas isso é conversa para outro dia…). Além da propaganda que as vitórias traziam para os fabricantes, o Grupo B se tornou um laboratório perfeito, um ninho onde os mais loucos sonhos dos engenheiros podiam ser colocados em pratica. Tração quatro por quatro, motores turbo alimentados, ligas metálicas… essas tecnologias nasceram ou foram extensamente desenvolvidas para levar carros e pilotos ao limite e alé dele. Existe uma lenda que em 1986, Henri Toivonen evou sua Lancia Delta S2 para o Estoril e deu algumas voltas tirando tudo que o carro tinha para dar. Resumo da brincadeira… ele teria se qualificado em 6 lugar se compararmos os tempos dos carros da Formula 1 naquele mesmo ano!!!
Como não apenas de maquinas vive o automobilismo, heróis e heroínas nasceram e morreram fazendo aquilo que muitos desejavam porem poucos tinham os dons necessários. Ari Vatanen e Michèle Mouton são bons exemplos.
Se a mistura de carros com potencias inimagináveis, pilotos cada vez mais ousados já é algo perigoso, adicione na mistura um público cada vez mais fervoroso. Diferentemente de um circuito, não haviam alambrados, muros ou barreiras de pneus para separa carros de torcedores. As pessoas simplesmente se amontoavam em qualquer lugar que estivesse disponível para ver aqueles que para eles eram Deuses. E quanto mais perto… melhor!!!
Separei dois links de documentários que trazem imagens maravilhosas e um incontável número de informações sobre o inicio, o auge e o fim do Grupo B. Infelizmente os dois documentários estão em inglês. Ainda sim, mesmo aqueles que não dominam a língua o Tio Sam, valeu muito a pena assistir esse deliciar com cenas que provavelmente jamais se repetirão.
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