Alta Roda nº 786 — Fernando Calmon — 27/5/14
ESPERAR,
CANSOU
Parece próximo de ser anunciada a
estratégia governamental
para estimular o uso de veículos híbridos e elétricos.
Tudo indica que o imposto federal IPI poderá zerar e na cidade de São Paulo haveria
um desconto de 50% na alíquota do IPVA, ou seja, o município abriria mão dos
50% que lhe cabem nesse tributo estadual. Sem dúvida é condição necessária, mas
não suficiente, para impulsionar essas tecnologias no Brasil.
No caso específico dos carros híbridos que
utilizam dois motores (a combustão e elétrico) o caminho é bem menos difícil. Seu
preço menor, a inexistência do problema de baixa autonomia e de ansiedade por
não encontrar um local de abastecimento abrem possibilidade de aceitação maior
que os elétricos puros. No nosso caso ainda é possível ter o motor a combustão
flexível em combustível (etanol e/ou gasolina), o que reduziria bastante as
emissões de CO2. A produção mundial de híbridos, atualmente mais de
30 vezes superior frente aos elétricos, também indica que essa solução
intermediária vai prosperar.
Uma das possibilidades estudadas na capital
paulista é o subsídio direto aos compradores, a exemplo do que ocorre no
exterior. Trata-se de iniciativa complicada por aumentar os gastos públicos e deixar
margem aos críticos fáceis de plantão ao transporte individual nos grandes
centros. Mais palatável seria, por exemplo, liberar as vagas de estacionamento rotativo
e dispensá-los do rodízio, uma má ideia imposta aos paulistanos pelo alcance
limitado e que aumentou a poluição ao agregar carros mais antigos e poluentes
como alternativa legítima.
Quanto aos elétricos há ainda sérias
dúvidas sobre o que deve ocorrer. Em artigo recente à parte da Alta Roda, esse
colunista chamou a atenção sobre um possível impasse a prejudicar seu avanço.
Parte dos interessados acredita que as baterias terão resolvidos os empecilhos
de autonomia, tempo de recarga, peso/volume e reciclagem. Outros apostam que as
pilhas a hidrogênio e uma futura rede mundial de abastecimento seriam mais
viáveis.
O maior fabricante de automóveis do mundo,
a Toyota, acaba de anunciar oficialmente que abriu mão de 20 anos de pesquisas
sobre baterias. Sua aposta agora é nas pilhas a hidrogênio, capazes de gerar
eletricidade a bordo. Admitiu que baterias têm mesmo alcance limitado e as
pilhas, mais baratas e eficientes from
well to wheel (ciclo energético
fechado). Começará a produzir veículos desse tipo já em 2015, porém reconhece a
necessidade de um grande esforço conjunto das próprias fábricas, das
distribuidoras de combustíveis e dos governos para montar a rede de
abastecimento.
Para dar exemplo, a japonesa desenvolveu
uma estação móvel de hidrogênio ao custo de US$ 2 milhões/R$ 4,4 milhões, cerca
de metade de um posto fixo desse gás. Calcula que precisará de 68 instalações
para cada 10.000 carros com pilhas a hidrogênio para evitar a ansiedade.
Interessante é que pouco antes de anunciada
essa decisão, uma empresa japonesa especializada em baterias disse que planeja
fabricar uma unidade de duplo carbono capaz de recarregar 20 vezes mais rápido
que uma convencional de íons de lítio. Essas promessas já foram feitas
anteriormente e a espera acabou por cansar.
RODA VIVA
INFORMAÇÕES não oficiais indicam início de produção nacional do Versa (o sedã
do March) em outubro próximo e vendas no mês seguinte. Por outro lado,
fornecedores não estariam mais entregando peças para fabricação do Livina.
Tanto pode significar estoques altos demais, como sinalização para importar o
Note do México, seu substituto no futuro.
PEUGEOT lançou crossover francês 3008 2015 com retoques na dianteira para se
integrar à nova identificação da marca e mais equipamentos. Além de navegador
GPS, o sistema de projeção de informações no para-brisa agora é colorido. Decidiu
oferecer versão única– Griffe – por R$ 99.990 e se manter simbolicamente abaixo
da linha de R$ 100.000.
ANTECIPAR 2015 é recurso de marketing cada vez mais evidente, em mercado de
vendas cadentes. Citroën anunciou mudança de ano-modelo da linha C3,
praticamente sem alterações visuais. Readequou o nome de algumas versões, adicionou
equipamentos sem repasse ao preço e acrescentou câmbio automático à versão
intermediária Tendance.
PALIO Fire, apesar de bem aceito, tem preço de entrada artificialmente
baixo. Na versão duas-portas parte de R$ 24.730, mas equipamentos importantes
como cintos de três pontos retráteis nas extremidades do banco traseiros, dois
encostos de cabeça e desembaçador/limpador do vidro traseiro são opcionais.
Essa estratégia mina os esforços de melhorar a segurança.
ADIADA pela quinta vez a aplicação compulsória de rastreadores em todos os
veículos. Denatran postergou para julho de 2016 o uso desse equipamento que,
quando muito, deveria ser opcional. Além não ter comprovado em testes seu bom
funcionamento, tornou-se um assunto que beira o surrealismo. Quem ainda
acredita que essa inutilidade um dia chegará de fato?
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fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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