Alta Roda nº 783 — Fernando Calmon — 6/5/14
FIT
NA OFENSIVA
Quem olha mais distraído pode ter falsa
sensação de que o novo Fit é apenas uma evolução modesta do anterior. Ledo
engano. Além de todos os painéis de carroceria terem mudado, perdeu o ar de carro
comportado demais. Não desperta paixões esportivas, é verdade, mas alguns
vincos ousados e entradas e saídas de ar (falsas) nos para-choques pegaram bem.
Meio termo entre hatch e monovolume – aqui a Honda estimula o segundo
enquadramento por ter menos concorrentes – o Fit pode significar mais do mesmo
sem a conotação negativa desse termo.
No total há seis versões, da DX a R$ 49.900
à EXL (automática) por R$ 65.900. O preço foi e sempre será puxado pela própria
filosofia construtiva do fabricante. Na média, os preços não subiram. Embora a versão
de topo aponte para compacto a preço de médio (ao contrário de Logan ou Cobalt,
por exemplo), oferece mais equipamentos que a anterior. Além de agora ter
alcançado nota máxima (Inmetro A) em economia de combustível, o fabricante
prevê passar de quatro para cinco estrelas nos testes de impacto (Latin NCAP). Isso
tudo não vem de graça, como a velha história dos ovos e da omelete.
Continua lá a brilhante solução do tanque
de combustível sob os bancos dianteiros. O tanque foi alargado e rebaixado
(perdeu um litro de volume) para aumentar espaço para os pés dos passageiros de
trás. Estes, aliás, ganharam 8 cm para os joelhos graças ao aumento de 3 cm na
distância entre-eixos, mudanças na suspensão traseira e redução do porta-malas
em 21 litros (ainda há bons 363 litros). Ao retirar os apoios de cabeça
dianteiros, os encostos dos bancos reclinam 180° e se nivelam perfeitamente ao
assento traseiro, como um leito. Pode-se transportar uma bicicleta sem remover
a roda dianteira.
Até na versão superior de acabamento há
plásticos duros em excesso no seu interior. Apenas onde roçam os cotovelos nas
laterais de porta existe revestimento. Regulagem do encosto do banco do
motorista ficou bastante precisa. Tela de cinco polegadas com câmera de ré nas
versões mais caras não deveria excluir ar-condicionado digital. Involução clara
foi substituir freio a disco traseiro pelo a tambor, cuja única vantagem é manutenção
mais em conta.
Boa providência foi extinguir o motor de
1,4 L. O de 1,5 L (116 cv/15,3 kgf∙m – etanol) não se enquadra como bom flex
por ter potência e torque praticamente idênticos com gasolina. A fábrica alega ter
privilegiado consumo. Pelo menos a partida em dias frios dispensa gasolina graças
a injetores aquecidos eletricamente. Como o carro perdeu até 60 kg de massa
total e melhorou 13% no coeficiente aerodinâmico (Cx), ganhou em
agilidade, embora a Honda continue sem informar dados de desempenho, ao contrário
da Europa.
Uma surpresa: a evolução marcante do câmbio
automático CVT. Cessou aquela sensação desagradável de patinagem contínua e
motor sempre em altas rotações. Reações ao acelerar ficaram bem parecidas a um
automático convencional. Mesmo sem marchas virtuais, o comportamento muda nitidamente
com as opções S e L na alavanca seletora.
Previsão é o Fit passar, até o fim do ano, a
carro-chefe da marca, que fará retoques no Civic em junho, terá um novo City em
meados do segundo semestre e o Civic Si, no último trimestre.
RODA VIVA
TOYOTA bateu o martelo e não deixará (de novo) o Civic sozinho na faixa de
consumidores que apreciam respostas vigorosas do pedal direito. Para enfrentar
a volta da versão Si do rival apelará, da mesma forma, para importação restrita
do Corolla Furia. Nome pode ser exagerado (talvez mude quando chegar), mas se
baseará no modelo vendido nos EUA.
ESTE parece ser o ano do Japão no Brasil e não da Alemanha, no programa
de intercâmbio mercadológico entre países. Além da renovação total de produtos
da Honda, Nissan lança este mês novo March, novo Versa estreia no segundo
semestre (ambos em sua fábrica recém-inaugurada) e Mitsubishi começa a produção
nacional do Lancer em setembro próximo.
COMO é a sensação de rodar a 120 km/h, conta-giros a pouco menos de
2.000 rpm e economizar até 11% de combustível? Cativante, pode-se afirmar, no Range
Rover Evoque com inédito (no Brasil) câmbio automático de nove marchas. Land
Rover ainda reduziu os volumosos espelhos externos, somou sistema desliga-liga ao
motor, controle de cruzeiro adaptativo e outros mimos.
PLÁSTICO reforçado por fibra de carbono terá preço reduzido em mais de 70%
nos próximos anos e rivalizará com alumínio e aços leves na construção de
veículos. Previsão da SGL, empresa alemã sócia de BMW e VW. No mundo ávido por
redução de massa para economizar combustível, aquele material extremamente leve
e resistente é escolha natural.
CUIDADO com ofertas de socorristas que trazem peças para aparente e conveniente
substituição em caso de pane. Nem sempre a troca é necessária. Motoristas
sentem-se aliviados por ter o problema resolvido e, em geral, não cobram explicações.
Seria bom as seguradoras, que oferecem esse serviço, ficarem atentas ao
selecionar esses prestadores de serviço.
____________________________________________________
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
Nenhum comentário:
Postar um comentário