PROTEÇÃO
INVISÍVEL
Por Fernando Calmon
Uma das maiores preocupações de segurança
no tráfego urbano é proteger usuários mais expostos: pedestres, ciclistas,
cadeirantes e quem apresenta dificuldade de locomoção ou qualquer deficiência
sensorial. Na Europa Ocidental esse sentimento tornou-se tão agudo que os
fabricantes precisaram mudar o projeto frontal de todos os modelos para tentar
diminuir as consequências de atropelamentos. Ainda assim são 8.000 mortes por
ano, mas a frota real circulante passa de 300 milhões de veículos, o que
significa números relativamente baixos.
Principais iniciativas estão na Alemanha.
Entre elas o UR:BAN (acrônimo em alemão para Área Urbana: Gerenciamento de Rede
e Sistema de Assistência Focado no Usuário) reúne 30 parceiros, desde 2012,
liderados pela Daimler e com apoio financeiro parcial do Ministério da Economia
e Tecnologia.
Até agora os programas de detecção de
perigo e de frenagem automática, que já equipam até carros europeus de preço
menor, só evitam colisões com pedestres e ciclista em linha reta. Um dos
projetos desenvolve um sistema de reconhecimento por imagem mesmo em trajetória
de curva do veículo. Detecta posição ou atitude de pedestres, motociclistas,
ciclistas e até de crianças brincando.
O novo método combina padrões de
comportamento empíricos a informações detalhadas, por meio de sensores, do
perfil do pedestre e seus movimentos de cabeça e pernas. Quando integradas aos
sensores de arredores, aos movimentos do próprio veículo e ao seu espaço dentro
da faixa de circulação, permitem determinar o risco potencial de modo preciso e
robusto.
Pesquisadores, na realidade, consolidaram
os resultados obtidos de câmeras de vídeo estereoscópicas e radares (ambos
presentes em vários automóveis) de forma a monitorar tudo em torno do veículo.
Significa identificar de forma instantânea a posição, tipo, tamanho e movimento
de todos os usuários das vias e também obstáculos fixos como carros
estacionados, calçadas e postes, além de pedestres parados, andando ou
correndo. Dessa forma, o carro só seguirá em frente se nada puder interromper
sua trajetória.
Outra frente de estudos, à parte do UR:BAN,
é da Universidade Técnica de Muenchen, também na Alemanha, com parceiros da
indústria automobilística. Ela desenvolveu um sistema de assistência a bordo,
menos sofisticado e de menor custo, que identifica com precisão pedestres ou
ciclistas, mesmo que estejam totalmente encobertos (ver ilustração). Para
tanto, pessoas e veículos precisariam usar um transponder, ou seja, dispositivo de rádio transmissor/receptor que
responde a sinais específicos, semelhante ao utilizado nos aviões para evitar
colisões aéreas.
Trata-se de instrumentos extremamente
precisos, da ordem de centímetros e de milionésimos de segundo, para medir
distâncias entre objetos. Pode ser calibrado para alertar o motorista e/ou
iniciar uma freada emergencial, especialmente em áreas residenciais.
Outra possibilidade é o transponder, fácil de carregar em bolso
ou mochila, ser substituído pelo telefone celular. Essa solução parece mais
adequada porque seu uso está praticamente generalizado. Bastam apenas pequenas
mudanças nos aparelhos e um dos grandes fabricantes de telefone já se
interessou pelo projeto.
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