DE DION |
Tem gente que talvez não aceite essa descrição: afinal, uma corrida pressupõe pelo menos dois concorrentes, e ele foi o único.
O editor da revista de bicicletas de maior circulação então existente, a Le Vélocipede, resolveu patrocinar a primeira corrida motorizada, abriu as inscrições, mas só apareceu o De Dion. Quando não apareceu mais nenhum, o Conde, usando de sua posição social, de seu dinheiro e de absoluta confiança em seu veículo, cobriu o percurso definido pela revista ida e volta, e ainda garantiu que fez 60 km/h nas retas – um absurdo à época.
O Conde de Dion não fez o carro – pediu aos amigos Georges Bouton e Charles-Armand Trepardoux que fizessem o veículo a vapor, a que deu o nome de ‘La Marquise’, querendo com isso homenagear sua mãe. Com cerca de 2,70 m de comprimento, o carro tinha dois motores a vapor, alavanca de direção e
bancos para quatro pessoas, de costas umas para as outras – daí o Dos-a-Dos. Os bancos ficam em cima do tanque de pouco mais de 150 litros de água, suficiente para pouco mais de 30 km. A caldeira, bastante sofisticada para o tempo, queimava carvão ou coque e, fria, levava uns 45 minutos para aquecer e gerar vapor. O fato é que 127 anos atrás o carrinho andou, passou por todas as provas da revista e assustou um monte de gente.
Um carro muito especial vai ser leiloado no mês que vem: um De Dion-Bouton e Trepardoux Dos-a-Dos a vapor, de 1884, que é o automóvel mais antigo e ainda funcionando do nosso planeta. Ele foi o segundo protótipo construído pelo conde francês Albert Jules Graf De Dion e participou da primeira corrida automobilística.
Um comentário:
Ora... se é um texto de José Luiz Vieira, o JLV, então é outro texto primoroso, tecnico e bem escrito !
Muito interessante este carro, não o conhecia, por ser a vapor. Aliás, a história dos automóveis a vapor é bem extensa também !
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