Alta Roda nº 825 — Fernando Calmon —
24/02/15
MOTIVO
PARA COMEMORAR
O Carnaval este ano foi marcado por menos
acidentes, mortos e feridos do que o mesmo período carnavalesco do ano passado
nas estradas federais do País. Ainda é difícil saber se indica uma tendência,
mas a Polícia Rodoviária Federal (PRF) fez um balanço baseado em seus registros
e estatísticas. Nesta comparação, por cada milhão de veículos registrados no
Renavam, o número de mortos caiu 28%, o de feridos 18% e os acidentes 22%.
Morrer 120 pessoas (incluídos os
atropelamentos) em quatro dias e meio ainda assusta e muito. Mas é inegável que
a PRF se preparou para este período sempre problemático com ações diversas. No
total foram fiscalizados 234.038
veículos, recolheram-se 1.901 carteiras de motoristas e 48.754 pessoas
participaram de ações de educação para o trânsito. Uma das providências que
mais surtiu efeito foram os testes de alcoolemia. Pelo bafômetro passaram 85.677
motoristas, dos quais 2.006 foram autuados e 372, presos.
A
referência a comemorar aparece quando se comparam as fatalidades nas rodovias
federais no Carnaval de 2007 com o de 2015. Em oito anos, as mortes por milhão
de veículos registrados baixaram nada menos de 56%: de 3,2 para 1,4. No
entanto, a relação com outros países ainda não pode ser feita, pois a frota
registrada é cerca de 30% maior do que a real. Afinal, como já comentado nessa
Coluna, os carros no Brasil têm certidão de nascimento, mas não de óbito.
Milhares de veículos viram sucata todos os anos, mas continuam no Renavam:
poucos se habilitam a enfrentar a burocracia e os custos de cancelar a
documentação.
As
estatísticas da PRF, no entanto, têm seu valor porque a mesma base, ainda que
errada, serviu de critério em todo o período avaliado. Há alguns fatores importantes
deixados de lado entre eles a densidade do tráfego. Não foi possível descobrir
se menos veículos circularam neste Carnaval por razões econômicas: combustível
mais caro, índice menor de confiança no futuro e o País em ambiente recessivo.
Esse dado
é tão importante que nos EUA o balanço de acidentes, feridos e mortos leva em
conta a frota real (lá bem controlada) e a média de distância percorrida
anualmente por veículo. Com organização estatística pode-se medir por
amostragem direta e indireta, por exemplo, pelos planos de manutenção nas
oficinas.
No Brasil
deve-se esperar uma melhoria constante na segurança à medida que mais
automóveis entrarem em circulação com freios ABS e bolsas infláveis. Nada, no
entanto, se equivale à qualidade das estradas como fator de menor risco.
São
Paulo, o estado com as rodovias mais modernas e seguras do País, comprova isso.
Segundo a Polícia Militar Rodoviária, comparando o período carnavalesco de 2014
e de 2015, o número de mortos caiu de 40 para 21. Deve-se notar que a malha
rodoviária federal em São Paulo é minúscula, enquanto a estadual representa
mais de 40% do total de rodovias no Brasil, incluídas regionais, estaduais e
federais.
Números
paulistas, portanto, têm extraordinária relevância e se aproximam de países
desenvolvidos por qualquer critério de comparação.
RODA VIVA
PARA quem costuma desdenhar das leis de mercado, basta ver o repasse do
aumento do IPI não integral para todos os modelos. Alguns fabricantes oferecem
acessórios sem aumento de preço ou subsidiam seu valor. Veículos mais caros que
já não tinham IPI menor sofreram até redução nominal de preço. Tudo em razão do ambiente econômico e setorial
recessivo.
ATUAL geração do Gol deve receber retoques só no início de 2016.
Novidades para 2015 são motores turboflex 1,4 l (Golf, A3 sedã e Jetta
nacionais) e o 3-cilindros, também turboflex, para o up! GT. Já o Gol G6,
previsto para 2017, usaria a mesma arquitetura MQB do futuro Polo e seria
modelo global, situado entre up! e Polo. Possivelmente mantendo o nome Gol em
todos os mercados.
VERSÕES de topo do Etios sedã e hatch, batizadas de Platinum, superaram
algumas críticas sobre interior pouco requintado. Visual melhorou, mas
simplicidade excessiva ainda aparece nos detalhes. Exigiria um novo painel que
certamente só virá na segunda geração. Mecanicamente o carro é muito bom e
econômico (em especial o motor de 1,5 L), mas o de 1,3 vence por pouco os
atuais 1,0 L de três cilindros.
RECENTE regulamentação de segurança sobre cintos de três pontos retráteis
para todos os passageiros dos bancos de trás, com cronograma de aplicação até
2020, deixou uma falha inadmissível. Permite-se ainda vender um carro sem
cintos retráteis para os dois passageiros das extremidades do banco. Eles têm
que ser regulados manualmente: convite para deixar de usá-los.
FABRICANTES de rastreadores continuam a investir em produtos complementares
para incrementar a segurança contra furtos e roubos de veículos. Agora é a vez
da Pósitron de oferecer rastreamento associado ao seguro cujo preço pode ser
até 50% menor do que as apólices convencionais. O seguro indeniza pela tabela FIPE
cheia em caso de sinistro e obviamente sem franquia.
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