Alta Roda nº 822 — Fernando Calmon — 3/2/15
COMBUSTÍVEL E SEGURANÇA EM FOCO
Esta semana duas medidas da área
governamental passam a ter impacto sobre os motoristas brasileiros. A primeira
já era esperada para fevereiro mesmo: aumento de teor de etanol na gasolina de
25% para 27% (proposta era de 27,5%, abandonada pela dificuldade na aferição
nos postos). O problema principal é que o improviso continua, pois não se concluíram
os testes com a gasolina premium. Assim até a Anfavea descambou para a
improvisação ao recomendar que veículos
com motor movidos apenas a gasolina utilizem a premium, por enquanto ainda com
25% de etanol.
Tal
conselho nem deveria se cogitar porque, além do preço superior, simplesmente é
difícil encontrar o produto premium nos postos mesmo nas grandes cidades (em
médias e pequenas, praticamente inexiste). Donos de carros a gasolina mais
antigos teriam de pagar preço ainda maior pelo combustível. Com os 27% de
etanol o preço da gasolina será reduzido, inclusive para compensar um pequeno aumento
de consumo da nova formulação? Até hoje o preço sobe quando o teor de etanol
cai, mas quanto este teor aumenta o que se vê são distribuidoras e donos de
postos “esquecendo” do pormenor.
Toda
essa confusão começou em razão do grande erro de subsidiar o preço da gasolina,
durante pelo menos cinco anos, sob desculpa torta de controle da inflação. Isso
inviabilizou o etanol e abriu brecha para propostas paliativas como a atual, quase
um ato de desespero dos produtores de combustível verde. Sem contar as
distorções frente à gasolina padrão (22% de etanol) utilizada nos testes de
emissões e de consumo de combustível.
Já a
Resolução nº 518 do Contran publicada apenas neste começo de 2015 é responsável
pelo atraso de um ano em importantes itens obrigatórios de segurança. Significa
que projetos de novos modelos só terão que cumprir as exigências de 2018 em
diante e os modelos atuais poderão continuar em produção até 2020. Bancos
infantis deverão ter à disposição pelo menos uma ancoragem de alta eficiência
no banco traseiro que poderá ser ISOfix, Top-theter ou i-Size (novo padrão
europeu, de 2013).
Resta
saber em quanto tempo os bancos infantis serão igualmente homologados com essas
fixações de maior segurança e, em especial, responsáveis por facilitar o
encaixe diretamente na estrutura do veículo. Utilizar apenas o cinto, como é
feito hoje, pode dar origem a erros na instalação e, em consequência, baixo
nível de proteção às crianças.
Finalmente
se exigirão três cintos retráteis de três pontos também no banco traseiro
(salvo em modelos de dois lugares atrás). Até hoje, alguns automóveis de
entrada podem ser comprados sem dois cintos retráteis traseiros, verdadeiro
absurdo, pois até inviabiliza fixar cadeira infantil. Também naquelas datas
haverá até três encostos de cabeça atrás, que curiosamente não são itens compulsórios
nem na regulamentação de segurança europeia e nem na americana.
RODA VIVA
BRASIL conseguiu se manter como quarto maior mercado mundial de veículos
em 2014, apenas 67 mil unidades a mais que a Alemanha, apesar da queda de 7%
nas vendas sobre 2013. Em compensação o País perdeu a sétima posição entre os
maiores produtores para o México. Indústria mexicana tem custos menores e é
voltada às exportações, principalmente para os EUA.
FORD aproveitou a Campus Party, maior feira da América do Sul voltada à
informática e do geek ao empreendedor,
em São Paulo, para lançar seu Desafio da Mobilidade. O Brasil é o nono país a
encarar essa proposta coordenada pelo fabricante a fim de melhorar os
deslocamentos da população por qualquer meio de transporte terrestre. Missão
ainda mais difícil para especialistas brasileiros, pois ótimas boas ideias já
foram reveladas em outros países.
AUDI trocou, tanto no sedã A4 quanto no sedã-cupê-hatch A5, o motor 2 L
turbo de injeção direta pelo de 1,8 L turbo de duplo sistema de injeção
(indireta e direta). Apesar de a potência ter caído de 180 cv para 170 cv,
torque se manteve em ótimos 32,6 kgfm. Objetivo: diminuir consumo de gasolina em
até 21% e atender também emissões mais restritas de material particulado
exigidas na Europa. Desempenho praticamente não mudou, em avaliação preliminar
cidade/estrada, atingindo objetivos de projeto.
IMPRESSIONA bem o novo motor de três cilindros que a Nissan oferecerá no March,
a partir de março próximo. Com 77 cv (mesma potência com etanol e gasolina, referência
não ideal) e 10 kgfm de torque, destaca-se pelo surpreendentemente baixo nível
de vibrações. Retomadas em baixas e médias rotações são muito boas (até parece
ter cilindrada maior), comprovando o acertadíssimo trabalho de calibração da
unidade de gerenciamento eletrônico do motor.
PROPOSTA interessante da empresa de internet de origem argentina Rodati. Negocia
preços e descontos com as concessionárias para que os clientes não tenham que visitar
muitas lojas. Foco inicial é na região metropolitana de São Paulo com promessa
de voos mais altos. No momento, atende apenas algumas marcas: Citroën,
Chevrolet, Ford, Honda, Hyundai, Renault, Nissan e Toyota. Nada é cobrado do
interessado pelo carro.
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fernando@calmon.jor.br e twitter.com/fernandocalmon
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