Alta Roda nº 699 — Fernando Calmon — 18/9/12
CUIDEM-SE
OS OUTROS
A chegada de mais uma marca oriental produzindo no Brasil vai acirrar e muito a competição pelos compradores. A Hyundai ergueu a fábrica de Piracicaba (SP) em tempo recorde e, mais do que isso, estudou com bastante cuidado as peculiaridades do mercado. Primeiro de três produtos, o compacto HB20 é específico para o Brasil, muito diferente do Eon, que produz na Índia, ou o Solaris, russo. Contrariamente ao usual, o europeu i20 é que terá, dentro de dois anos, o jeitão do modelo brasileiro.
Os sul-coreanos
manterão a convivência de duas redes de distribuição. Produtos montados em
Anápolis (GO) pelo Grupo Caoa e os importados ficam como estão. O novo carro
será vendido por meio de rede à parte (pórtico azul identificador), de 130 concessionárias
exclusivas, a partir de 10 de outubro. Assistência técnica, no entanto, será
unificada (ambas atenderão todos os produtos). Esse processo será gradativo, ao
longo de 2013, até chegar a 200 pontos. Estratégia que deixa brecha a explorar
por concorrentes.
Embora o hatch
HB20 seja oferecido também com motor de 1 litro/80 cv (primeiro três cilindros
em automóvel nacional, depois do DKW-Vemag, de dois tempos, dos anos 1950), a
Hyundai acredita que 60% terão motores de 1.6 l/128 cv. Ambos são de alumínio,
multiválvulas e duplo comando variável. Diretrizes do projeto foram sofisticar
o produto e mantê-lo, no mínimo, 1% abaixo do preço do Gol com o mesmo nível de
equipamentos. Preços começam em R$ 32.000 e vão a R$ 43.000 (câmbio automático,
mais R$ 3.000), em sete catálogos. Adiante, pode haver versão de R$ 28.000
(referência, IPI atual).
Há um truque,
copiado dos Nissans March/Versa. Airbags são de série, mas freios ABS só nas
versões de R$ 38.000 (motor 1,0; superequipada) ou de R$ 37.000 (motor 1,6;
menos equipada). No geral, o HB20 surpreende pelo nível de acabamento, escolha
de materiais e regulagem de altura e distância do volante (como o Gol). No
entanto, parafusos aparentes atrás dos para-sóis contrastam com o cuidado de ocultar
os bicos do lavador do para-brisa (em geral sobre o capô). Ao mesmo tempo em
que existe bom apoio para o pé esquerdo, a regulagem de altura do banco do
motorista limita-se ao ângulo do assento.
Seu estilo, além
de moderno, é bem atraente com elegantes vincos laterais. Graças aos 2,50 m de
entre-eixos oferece espaço para pernas no banco traseiro equivalente ao Palio.
Espaço atrás para cabeças também é bom, apesar de refletir algum desconforto do
assento baixo. Portas traseiras, porém, dispõem de grande ângulo de abertura.
Porta-malas, de 300 l (segundo a fábrica, 10% maior que os rivais) e tanque, de
50 litros, 10% menor que o do Gol.
O carro é
agradável de dirigir, mas suspensões poderiam ser um pouco mais firmes e direção
um pouco menos assistida. Silêncio a bordo destaca-se entre os compactos. Caixa
de câmbio manual de cinco marchas tem engates precisos; automático, quatro
marchas, menos brilhante. O motor de 1,6 l impressiona pelo ímpeto de acelerar,
mas abaixo de 2.500 rpm mostra alguma lentidão de resposta. O de 1 litro
surpreende pela suavidade em baixas rotações e timbre de escapamento diferenciado.
Ambos são os mais potentes do segmento, mas em torque perdem para o Gol (motor
de menor cilindrada) e para o Palio (no de maior cilindrada).
A Hyundai poderia
até vender o carro mais barato. Optou por aumentar a garantia total para cinco
anos, sem limite de quilometragem (uso comercial, 100.000 km), além de segurar
os preços de revisões, a cada 10.000 km ou um ano.
RODA VIVA
APESAR do recorde de vendas do mês passado, alcançado pela combinação de
demanda reprimida, menos imposto e juros menores, participação dos motores de 1
litro nas vendas totais caiu. Encolheu de 41,7% em julho, para 40,9%, em
agosto. Entretanto, ainda representa posição média acima de 60%, quando
considerados apenas os modelos compactos.
FORD está pronta para produzir em São Bernardo do Campo (SP), no início
de 2013, além do novo Fiesta hatch (retocado e alinhado ao modelo europeu que
estreia no fim do mês), a versão sedã, mais adiante. Esta continuaria sendo
importada do México, mas existem dúvidas sobre o futuro do acordo comercial que
inclui também Brasil e Argentina.
POUCOS comparam preços de modelos equivalentes entre Brasil e Europa.
Monovolume Dacia Lodgy, candidato à produção no Brasil pela Renault, teve preço
anunciado a partir de R$ 38.000, versão a gasolina, de 1,2 l. O Spin, motor de
1,8 l e mais equipado, parte de R$ 44.500. Igualadas cargas fiscais e conteúdos,
o Chevrolet fica um pouco mais barato que o romeno.
SEMANA Nacional do Trânsito (18 a 25 de setembro) terá ação do
Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV). A organização desenvolveu campanha
diferenciada sobre o tema acidentes de trânsito, focando no cidadão. Para a
ONSV, somente com mudanças de atitude se conseguirá reduzir o alto índice de
mortes (estimado em 60.000 em 2012) e feridos (285.000).
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fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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