Em 1933/34 os carros estavam começando a perder a aparência de cristaleiras, mercê do trabalho genial de um então quase garoto, Harley Earl. Contratado para dirigir a seção de Art&Colour da GM americana em 1927, foi o primeiro estilista automotivo para as massas. Influenciou toda uma indústria até bem no final dos anos 50, quando se aposentou deixando um legado estético inigualável, os melhores e os piores anos como os anos 40 e 50 e o final desses anos, com a fase gótica das toneladas de cromo em cima de veículos obesos. Como exemplos os Buick 1941 e os Cadillac 1959, seu canto de cisne.
Este Buick Series 60 de 1934 tem uma linha altamente elegante: um cupê de duas portas com porta malas e o famoso Turret top, o teto formado em uma só peça de chapa, sem o pedaço central de lona, com era costume até então pelas dificuldades de estampar uma peça tão grande. Nota-se a delicadeza das linhas dos para lamas que começavam a ficar envolventes às rodas para levantar menos poeira e água de chuva, como também dar um ar mais aerodinâmico sem chegar aos extremos dos Chrysler Airflow. O interior é uma apologia aos costumes do que se convencionou chamar de Art Deco, com simplicidade elegante.
Este carro foi de quatro donos na vida e foi escolhido pela atual por ter as duas ultimas marchas da caixa de três sincronizadas, ou seja, passíveis de serem trocadas sem a grande arte da dupla debreagem. Tem também um motor moderno de oito cilindros em linha com válvulas na cabeça em um tempo onde era comum ter as válvulas no bloco, uma solução fácil e barata mas altamente ineficiente do ponto de vista da forma da camará de combustão, e consequentmente da potência e do consumo.
Esse motor te 278 pol³ ou 4.559 cm³, gerando 100 CV a 3.000 RPM era acoplado a uma caixa de três marchas onde a segunda e a terceira eram sincronizadas, dispensado a grande arte da dupla debreagem e simplificando a vida do motorista; Como o motor tinha torque até a tampa, mesmo com os 1942 quilos do monumento rodoviário, saía em segunda com facilidade e subia ladeiras sem precisar da primeira quase nunca.
Mas aí tinha que parar ou dar dupla embreagem para passar a marcha mais baixa. Os freios eram mecânicos, a varão, e a suspensão era como nos caminhões modernos, com feixes de molas semi elípticas nos dois eixos, mas macia e confortável, pois o Buick era quase um Cadillac, o topo da linha da GM nesses tempos.
Como concessão ao conforto da atual dona foi instalado, como dá para ver nas fotos, um discretíssimo sistema moderno de ar condicionado já que esses carros são quentes. O isolamento térmico ainda engatinhava nos anos 30 e obviamente foi adotado um sistema elétrico de 12 Volts, além de sinaleiras nas lanternas originais.
Também foram instalados, aproveitando os 12V, um par de faróis de longo alcance no para choques. Um detalhe bem de época é o opcional de dois estepes nos para lamas dianteiros,os famosos side mounts, pois os pneus dos anos 30 estavam longe de ser os infuráveis de hoje em dia. Isso também liberava o para choques traseiro para ter acima dele instalado um suporte dobrável para carregar mais bagagem quando necessário. Em suma, um carro de luxo e estilo dos meio dos anos 30.
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