Um velho ditado popular – A Necessidade Faz
a Ocasião – se aplica ao mundo automobilístico. Se a prioridade é economizar
combustível e diminuir a emissão de gases que aquecem a atmosfera (no caso de
combustíveis de origem fóssil), nada mais natural que recursos financeiros e
inteligência se juntem.
Esse esforço incluiu automatizar recursos
primários usados no passado, quando o motorista manualmente desligava o motor
nos congestionamentos ou em longas paradas nos semáforos a fim de economizar
combustível. Hoje, com reforço no motor de partida e ajuda eletrônica para
monitorar a carga da bateria, muitos carros contam com sistema start-stop (desligar-ligar o motor).
Em seguida se antecipou o corte do motor,
em geral abaixo de 20 km/h, quando o motorista tira o pé do acelerador para
diminuir a velocidade antes de parar no semáforo, por exemplo. Parece economia
de combustível muito pequena, mas no tráfego urbano não é nada desprezível.
Que tal, então, desligar o motor em descidas
para economizar ainda mais? Essa manobra sempre foi condenada pelos riscos de
segurança e considerada infração prevista no Código de Trânsito. No entanto, há
algumas condições – pista plana ou descidas bem suaves – em que programas
assumem a responsabilidade de desligar o motor, quando este se encontra em
marcha lenta. Ele é religado instantaneamente, se o motorista tocar no pedal de
acelerador ou de freio.
A “banguela” moderna e moderada tem nome
apropriado em inglês, coasting, cuja
tradução livre seria algo como velejar, planar ou rodar no embalo. Testes
feitos pela Bosch apontaram que o motor funciona sem necessidade, em média, por
cerca de um terço de sua jornada diária. Assim, por que não aproveitar benesses
das leis de gravidade/inércia e economizar até 10% de combustível?
Entre as vantagens da combinação coasting e start-stop estão seu preço relativamente baixo e adaptação fácil
aos motores a combustão atuais. Além de aproveitar sensores já existentes,
poucos componentes precisam ser adicionados, em especial se o veículo está
equipado com caixa de câmbio automática.
No caso do câmbio automatizado de duas
embreagens – cuja aplicação cresce fortemente em vários mercados – fica ainda
mais fácil. Nesse tipo de caixa, dependendo do projeto do fabricante do
veículo, o gerenciamento eletrônico de bordo pode colocar o motor em marcha
lenta, assim que o motorista levanta o pé do acelerador. Cabe, então, ao coasting a tarefa de desligar e ligar o
motor, de acordo com parâmetros de segurança.
Esse sistema é mais eficiente do que os
tradicionais, que cortam o fluxo de combustível ao se retirar o pé do
acelerador, porque elimina momentaneamente o freio-motor. Dessa forma o veículo
aproveita o embalo por uma distância maior e ganha em economia.
Em caixa de marchas manual o desacoplamento
da embreagem se faz de forma eletrônica para que o coasting entre em ação somente quando possível.
Para conseguir mais 15% de economia ainda
se pode combinar com recuperação da energia de frenagem, gerador/motor elétrico
auxiliar mais potente (sistema 48 volts) e bateria compacta de íon de lítio.
Portanto, cortar o consumo em 25% está ao
alcance, em função de muito esforço de pesquisa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário