segunda-feira, 11 de julho de 2016

Um mês sem o Mestre


Ontem completamos um mês sem o Mestre Mahar, como muitos o conheciam.

Eu o chamava muitas vezes de Oráculo, pois ele era aquele que tudo sabia e tudo via sobre carros, motos, barcos, aviões, enfim, qualquer coisa que tivesse motor. Era habitual surgirem questionamentos sobre transplantes automotivos
(órgãos inteiros ou apenas adaptações técnicas) e eu citar algo que o Mahar explicou ou então ligar pra ele e perguntar e passar pra pessoa escutar a aula. Ao final da explicação eu já aprendia mais umas dez adaptações, o Mahar ganhava uns 5 leitores e outra geração de correligionários.

Aliás, andar com o Mahar em eventos automotivos era algo que exigia espírito elevado. Não pelas horas falando de carro, isso era ótimo! O problema era a locomoção. Da saída do elevador de qualquer hotel até o início de qualquer evento, um jornalista normal, deve demorar uns 5 a 10 minutos para passar pelo saguão do hotel e chegar na entrada do evento (isso contando o tempo de retirar credenciais, dizer bom dia, etc). Com o Mahar, como acontece com o Nasser, Calmon e Bob Sharp, existia um deslocamento das pessoas ao redor para falar com ele, tirar dúvidas, perguntar da vida, e, obviamente, ninguém anda.


Meia hora depois, alguns centímetros deslocados da porta do elevador, a organização do evento chega pra colocar a ordem na casa e fazer o pessoal andar para o evento (no caso do Mahar seria credenciamento, mas com o tempo eu desenvolvi um método prático de ir resolver a parte burocrática enquanto ele tentava me convencer que "já estava indo" pro lugar dele), e se era um lançamento, o momento mais esperado são sempre as perguntas e o Mahar sempre fazia a pergunta que deixava os fabricantes em pânico e gerava divertimento no restante da imprensa.

Quando o evento era de carros antigos, ou uma exposição grande, o trabalho era triplicado. Depois de toda a logística de sair do hotel chegava a hora de ver e fotografar os carros expostos, o que significava comentar e contar a história de todos os modelos expostos. E isso gerava uma fila de gente andando atrás dele, como se fosse uma excursão, que aumentava a cada carro e era composta por amigos, por jornalistas novos (que buscavam ajuda para escrever sobre os carros) e por visitantes do evento. Foi assim que passamos a sair em equipe com o Mahar: ele analisava com calma o evento e atendia os correligionários entre uma foto e outra e nós corríamos atrás de todo o resto que exigia horário.


Foram muitas subidas e descidas de serra, muitos bate e volta, rallies, reides e carros testados. Muitas histórias, muita amizade, muita briga por conta do cigarro, mas principalmente muitas boas memórias. Todos que conversam comigo sobre o Blog, e me perguntam como está sendo? Eu digo que a parte mais difícil é selecionar o conteúdo conforme ele faria porque esse continua sendo o Blog do Mestre, o MaharPress, e é meu dever com a memória dele e dos correligionários da Fundação manter essa memória viva.



CB

3 comentários:

ricardo_bia disse...

Pois eu digo que o MaharPress continua interessante e com conteúdo refinado, graças ao seu trabalho. Continuo verificando as atualizações, todos os dias. Bom trabalho! E o mestre deve estar agradecido, desde lá de cima... Abs,

Sergio Santos disse...

Belo trabalho: Parabéns! Vamos manter a Lenda... Viva!!!

Anônimo disse...

Como eu "adjetivava" o Mestre, dizendo que ele era "Duese" , termo americano , relativo à "superlativos", e ele respondia com um carinhoso "OBLIGADO!", estendo à você, pelo carinho que conduz o blog.
Parabens

Armando
Puma Clube do Rio de Janeiro