Se você se veste de jaspion nos sábados de manhã e sai para
baixar o tempo na sua estradinha preferida, essa moto não é para você. A Ural é
um anacronismo rolante, do tipo da Royal Enfield India focalizada há algum
tempo nesta coluna. Ambas são verdadeiras sobreviventes dos anos 30, feitas até
hoje, e as sensações que elas oferecem são dessa época.
A Ural foi um presente de Adolf Hitler quando eles namoravam
Stalin,
lá pelo fim dos anos 30. Uma linha de montagem completa da BMW R71 foi dada a Rússia e, quando Hitler resolveu fazer a operação Barbarossa e invadi-la, a Ural serviu muito na frente de guerra, como uma espécie de jipe. Era capaz de carregar três soldados e uma metralhadora grande e passar em muitos lugares onde um veículo normal não passava, inclusive por ter um detalhe russo inédito: tração nas duas rodas traseiras.
lá pelo fim dos anos 30. Uma linha de montagem completa da BMW R71 foi dada a Rússia e, quando Hitler resolveu fazer a operação Barbarossa e invadi-la, a Ural serviu muito na frente de guerra, como uma espécie de jipe. Era capaz de carregar três soldados e uma metralhadora grande e passar em muitos lugares onde um veículo normal não passava, inclusive por ter um detalhe russo inédito: tração nas duas rodas traseiras.
Primeiro havia um diferencial para compensar nas curvas, mas
a fina confecção russa, já conhecida aqui nos Lada, não dava muito certo. Então
alguém sugeriu uma simples trava no cardã para ligar e desligar a tração na
segunda roda traseira, e assim ficou até hoje em alguns modelos. O motor é o
tradicional bicilíndrico contraposto, avô dos atuais boxer BMW. Com 750 cm³ e
40 cv, não é um foguete do asfalto e fica feliz a 90/100 por hora. A caixa de
câmbio tem 4 marchas e... ré! Como concessão aos tempos modernos e à
sobrevivência dos masoquistas que compram até hoje essas motos de 10 mil
dólares nos EUA, foi incorporado um disco Brembo na roda dianteira, uma partida
elétrica e só. Não tem nem conta-giros, nada de frescuras tecnológicas. Só o
essencial pra ir à guerra de capacete de aço...
Se você nunca andou em uma moto com o que se chama de
sidecar ou carrinho lateral, a experiência é inesquecível. Acelere e a
traquitana puxa pra direita, freie e ela puxa pra esquerda por causa do side
arrastando. Para fazer curvas esqueça a linguagem de corpo, e em dois ou três
dias se aprende a virar o guidão para o lado da curva mesmo, como num carro.
Mas lembre de inclinar o corpo para a direita ou para a esquerda e compensar o
deslocamento de peso: isso mantém as três rodas no chão ao mesmo tempo, se não
grandes as emoções...
Graças ao Senhor o Brembo está ali, pois o resto do sistema
é mais um enfeite do que freio mesmo. Aliás, freando a coisa se reverte e ela
puxa ao contrário. O que salva é ter a tração ligada, quando ela anda e freia
reta, mas come pneu que nem um jipe sem diferencial central. O câmbio é um
primor, parece um trator na sua delicadeza de uso, e graças a Deus tem uma
alavanca que engrena um reversor funcionando em primeira ou segunda, muita ajuda
para achar o ponto morto quando parado.
Os pneus são para lama, no asfalto não são nenhuma Brastemp,
e o acabamento é puro e duro, sem enfeites e detalhes bonitinhos. Os
amortecedores... uma coisa de louco!
Há algum prazer sádico em andar nisso, uma moto dos anos 30?
Em meio a motos capazes de mais de 300 km/h, vindas do Japão S.A., a Ural
evidencia outra escala de valores, especial, um novo nome para maluco que quer
ser diferente.
2 comentários:
muito elegante este papel personalizado... combinava com o mahar (nasser)
Encontramos esse papel na MaharPress e resolvemos utilizar nos artigos que ele fez (publicados e inéditos).
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