domingo, 26 de fevereiro de 2012

ARUANDA, 1º CARRO-CONCEITO DO BRASIL, É DESTAQUE NA VELOCULT



Um dos destaques da 3ª Velocult, que se realiza de 28 de fevereiro a 17 de março no Conjunto Nacional (Av. Paulista, 2073, em São Paulo) é a presença do revolucionário Aruanda.
Considerado o primeiro carro-conceito brasileiro, sua história ultrapassa fronteiras. Projetado numa época dominada por automóveis grandes e pesados, e ra uma idéia muito à frente do seu tempo.
No ano de 1963, o jovem Ari Antônio da Rocha, estudante de Arquitetura na FAU-USP, idealizou um veículo de uso urbano, altamente econômico e com a proposta de baixa emissão de poluentes. Ari previa que nas décadas a seguir, as grandes cidades se veriam às voltas com problemas de tráfego intenso e poluição, além do alto preço dos combustíveis fósseis.
Assim foi criado o Aruanda, com espaço para até 3 ocupantes, para-brisa panorâmico, espaço para carga na parte traseira, bancos deslocáveis, volante regulável, ventilação controlada, portas de abertura lateral, painel acolchoado, anel de proteção, peso estimado em 330 kg e dimensões reduzidas (2,40 x 1,70 x 1,40 metro)





O projeto foi apresentado no Salão do Automóvel de 1964 e recebeu o Prêmio Lúcio Meira, criado por Caio Alcântara Machado, idealizador do evento. Aquela premiação foi fundamental para o futuro do jovem projetista, que na época era estagiário na Vemag, no bairro do Ipiranga, em São Paulo. Convidado por Mario Fissore para criar o protótipo do Aruanda, Ari Rocha transferiu-se para a Itália, onde acompanhou a construção do veículo no estúdio da Carrozzeria Fissore.
Exibido no 47º Salão de Turim de 1965, o Aruanda recebeu o prêmio especial como a proposta mais inovadora. Pela primeira vez no mundo, via-se um automóvel monovolume em forma de cunha (solução aerodinâmica consagrada na atualidade), que visava minimizar a resistência do ar e, conseqüentemente, o consumo de combustível. O projeto ia de encontro a todos os padrões da época e revolucionava o design automobilístico. O impacto foi muito grande. Várias personalidades, entre as quais o pentacampeão de F-1 Juan Manuel Fangio, foram conhecer de perto aquela novidade. O Aruanda foi capa da mais importante publicação italiana sobre automóveis, a revista Carrozziere.
Inicialmente, a proposta era usar o motor MV Agusta bicilíndrico, de 28 cv, com previsão de consumo em torno de 20 km/l de gasolina e velocidade máxima próxima de 100 km/h.
Trazido para o Brasil, o Aruanda foi exibido em diversas exposições. Das propostas surgidas para sua fabricação, uma das mais atraentes foi apresentada pelo presidente do Senado Australiano, em 1966. O plano era de fabricá-lo naquele país e equipá-lo com motor elétrico de 10 cv. Ari Rocha, no entanto, queria que seu projeto se tornasse realidade em solo brasileiro. As iniciativas de produção nacional esbarraram em barreiras até hoje não muito claras e que contrariavam interesses comerciais de multinacionais recém-instaladas no país.


Em 1973, na primeira tese de Doutorado em Design defendida no Brasil, Ari Rocha propunha a limitação de acesso de veículos aos centros urbanos e a criação de bolsões de estacionamento. Ali, o motorista deixaria seu carro particular e alugaria uma versão do Aruanda equipada com motor elétrico criogênico (que funciona a baixas temperaturas). A idéia era que o público utilizasse essa modalidade de transporte para se deslocar pela área restrita e o devolvesse num dos outros bolsões espalhados pela cidade para ser utilizado por outro motorista. É interessar salientar que essa idéia vem sendo testada atualmente em algumas cidades européias.
Após anos de tentativas frustradas, Ari Rocha desistiu do plano de fabricar o Aruanda.
No ano de 1978, o carro foi levado à fábrica da Puma para reparos. Após uma chuva em que houve uma grande enchente, o carro foi dado como desaparecido. Cerca de 30 anos depois, o veículo foi localizado em Bauru pelo chaveiro Osvaldo Petroni Jr. Sem saber do que se tratava, pesquisou até descobrir que ali estava um exemplar único e de incalculável valor histórico. Conseguiu entrar em contato com Ari Rocha a quem o veículo foi devolvido.
O Aruanda encontrava-se, entretanto, em mau estado de conservação. Entregue aos cuidados do renomado restaurador Ricardo Oppi, encontra-se quase que totalmente recuperado. O veículo foi exibido no Salão Internacional de Veículos Antigos e na edição dos 50 anos do Salão do Automóvel, ambos em 2010.


 Ricardo Oppi, o restaurador do Aruanda
Uma pesquisa intensa vem sendo desenvolvida visando a conclusão do restauro e a preservação desta verdadeira obra-prima, fruto da engenhosidade e da criatividade de grande brasileiro chamado Ari Antônio da Rocha.
A 3ª Semana Cultural da Velocidade é um evento idealizado pelo designer Paulo Soláriz com apoio da Secretaria da Cultura do Município de São Paulo, Conjunto Nacional, Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) e seu presidente Cleyton Pinteiro. Toda a renda do evento será revertida em prol da organização “Médicos Sem Fronteiras”.

Serviço: 3ª Semana Cultural da Velocidade – Velocult

Local: Espaço Cultural Conjunto Nacional
Endereço: Avenida Paulista, 2,073 – São Paulo – SP
Data: Coquetel de abertura para imprensa e convidados: 27 de fevereiro de 2012
Período de visitação do público: de 28 de fevereiro a 17 de março de 2012


Um comentário:

Belair disse...

Brasil!!!Um pais de...tolos!
Mais um que foi simplesmente ignorado por um pais que hoje almeja o titulo de "potencia".
As forcas armadas(Marinha?) comprando VTTs Piranha,a policia do RJ comprando "caveiroes" na Africa do Sul,quando quase 40 anos atras o pais ja'fabricava veiculos semelhantes,vendidos a 35 paises diferentes,e que incomodaram imensamente americanos,europeus e ate' sovieticos.
Por que sera' que o governo Collor se recusou a salvar empresas de tecnologia de ponta como a Engesa,tecnologia que acaba influenciando tantas areas de conhecimento.Pacifismo?hahaha.
O sr.Gurgel poderia ser chamado de um monte de coisas,mas abandona'-lo `a propria sorte como foi e' tipico dos portadores do complexo de vira lata que ainda carregamos...
Usar o dinheiro que vai para os suicos e americanos,e o que ira' para os Sul Africanos e' "subsidio",palavra maldita que nao pode nem ser pronunciada em certos circulos.E' claro que nesses casos nao se trata disso,mas sim de preservar o que um pais alcanca em alguns setores,incentivar e apoiar,para que nao se passe pelo ridiculo de recorrer a paises que nao dispoe nem de uma infima parte da capacidade industrial e tecnologica do nosso.Porque?
A dor no peito provoca esse tipo de indignacao,mas ja' estou muito velho para demonstrar toda a minha.
Desculpem.