edita@rnasser.com.br Fax: 55.61.3225.5511 Coluna 0512 01.fev.2012
Unidos do Telhado, o bloco do adeus
A proximidade do Carnaval, o retorno à atividade econômica, a expansão de negócios, farão presença nos próximos dias com novos lançamentos – e, consequentemente, forçarão o desaparecimento dos produtos a ser substituídos. A parcela legal, exigindo colocação de almofadas de ar e ABS leva ao fim os carros de projetos antigos, incapazes de receber tais equipamentos. Juntos, passeando à beira do perigo, fossem bloco carnavalesco seriam, sem dúvida, os Unidos do Telhado.
Bloco bem fornido e, por ordem alfabética:
Chevrolet
Com a linha de produtos mais antiga, adota soluções com produtos montados sobre plataformas superadas, importação de modelos ou de peças para agregá-las aqui. Seu bloco é o maior.
Agile – Não sairá de produção mas os argentinos trabalham em mudanças para dar-lhe fôlego de fim de vida em 2014;
Classic – órfão da família Corsa, merecido pelos compradores que o sufragam, quase 20 anos de produção antecipa a saída por razões de espaço industrial e pela falta de futuro sem os itens de segurança;
Meriva – a ser substituído por outro monovolume de produção nacional, o Spin.
picape S10 – exaurida, substituída nos próximos dias; utilitário esportivo Blaser;
Zafira – vencida pelos anos e baixas vendas somará seu espaço de mercado com a Meriva em apenas um produto, o projeto PM7 agora chamado Spin.
Citroën
Citroën
C3 – Sucessor pronto, ao aguardo da coragem da ordem de entrar no mercado, com a curiosidade concorrer com o modelo mais vendido da linha. O atual deve ser mantido em paralelo;
Fiat
Continua o processo substitutivo da linha de automóveis e comerciais leves sobre a plataforma desenvolvida no Brasil. Desafio é trocar e manter a liderança.
Siena – Sai de produção trocado pela nova linha, maior, diferenciada, saltará o modelo 2012, apresentado, com a urgência do consumo, como modelo 2013;
Siena Fire – velho modelo 2004, também varrido pela reformulação da linha. Março;
EcoSport - Case da indústria nacional, chegará ao fim do ciclo neste semestre, substituído pelo modelo novo, global, apresentado em janeiro;
Fiesta – idem, substituído pelo recém apresentado Fiesta ST, até o final do ano;
Fusion – Muito melhorado, elegante e equipado relativamente ao modelo atual. Terceiro trimestre;
Picape Ranger – trocado por novo modelo, mostrado mundo afora. Novas versões, motores gasolina e diesel Ford, para concorrer em todas as faixas. Maio;
Nissan
Desfruta o êxito de bom projeto de crescimento de mercado e quer atacar no segmento onde tem pouca exposição, o de picapes. Revitalizará o Frontier, fugindo da degola legal que barrará todos diesel não enquadrados na nova legislação de emissões.
Frontier – nova série, liderada por motor revisto. O 2.5 26V turbo evolui em potência. A versão de entrada salta de 144 para 163 cv, potência da versão superior, e esta pula de 172 a 190 cv.
Peugeot
Único projeto verdadeiramente novo em sua linha, o 308 será apresentado próximos dias. O 408 turbo colocado à venda é versão do bom sedã;
Toyota
Corolla revisto até o final do ano. O preço inexplicavelmente elevado promove venda da linha atual com desconto de R$ 4 mil.
VW
Picape Amarok – Nova edição, mais potente e com rica transmissão automática com oito velocidades. Março;
Na prática é o seguinte. Se for comprar um dos subidos ao telhado, barganhe.
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Os argentinos com carro próprio em Genebra
Oito de março, abertura do Salão de Genebra, os argentinos farão surpresa ao mundo: apresentarão o Projeto Cisitalia 2015. Para quem conhece história, design e automobilismo será agradável surpresa. O Cisitalia foi marco de estética e mecânica, liderada pelo multi-industrial Piero Dusio, criando o caminho da formulação esportiva básica iniciada no pós Guerra juntando gente criativa como Dante Giacosa na formulação mecânica, Giovanni Savonuzzi como estilista e construtor. Eram da Fiat: engenheiro chefe de automóveis, projetista-chefe de aviões, para serviços em horas ociosas. Piero Taruffi foi o piloto de fábrica.
Engenhoso, multi-ativo, fornecedor de fardas ao exército, fabricante de bicicletas para uma Itália pobre, foi o primeiro a se preparar para o fim da II Guerra Mundial, tendo produto novo, pioneiro, brilhante em mercado onde se retocavam os produtos dos anos 30.
Projeto maior que o sonho, Dusio ajudou a indenizar a liberação do professor Porsche, preso na França como criminoso de guerra, e foi o entusiasmo de Dusio querendo o melhor do melhor e o criativo austríaco dando asa aos sonhos, em especial um Fórmula 1 com tração nas quatro rodas, que o levaram à falência. Mudou-se para a Argentina em seu ensandecido projeto de implantação de indústria automobilística e lá produziu 172 unidades.
Conta o bom sítio argentino autoblog.com.ar, a idéia ressurge com Carolina, sua filha mais nova, e o marido, festejado arquiteto Alberto Diaz Lima, adquirentes aos demais herdeiros os direitos e acervo. Projeto iniciado com a contratação de Néstor Salerno, habilidoso reprodutor de esportivos clássicos para fazer inicial e não vendida série de seis unidades; acordo com o milanês IED, Istituto Europeo di Design, e com Leónidas Anadón, artesanal produtor argentino da mais perfeita réplica do mundo, a Pur Sang Bugatti 35. Projetou e construirá os motores e transmissões com layout antigo, atualizados tecnologicamente para rendimento e segurança.
A fábrica argentina já reuniu o ferramental para fazer, artesanalmente, os componentes específicos.
De acordo com o arquiteto Diaz Lima, a apresentação mostrará produto e projeto, que passa e a instalação de fábrica em Modena, Itália. Neste ano, construção na Argentina de complexo industrial; cultural, com o Museo Cisitalia, único no mundo; e turístico, com hotel boutique. Italianos, cinco modelos. Argentinos, veículos com linhas antigas e de um utilitário esportivo.
Vínculo histórico, consultor do projeto é Sergio Alberto Lugo, o Dottore Cisitalia, maior especialista mundial na marca.
Curioso ou interessado em investir? www.cisitalia.com
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Cisitalia renasce: Fêniz (foto argentina autoblog) |
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Fábricas aumentam exportação de divisas
Dados oficiais do Banco Central indicam ter as fábricas operando no Brasil enviado US$ 5,58B às matrizes em 2011. Valor alto numerica, percentual e relativamente à atividade, 36,1% superior ao mandado em 2010, embora a produção tenha crescido apenas 0,5% – 2010, 3.381.728; 2011, 3.406.150.
Na prática, em 2011, sob rubricas diversas, a indústria automobilística pagou às matrizes, o equivalente a US$ 1.630, aproximados R$ 2.825/veículo. O volume não combina com os produtos, protegidos da concorrência dos estrangeiros através de elevados impostos mais 30% de delta de punição e, por isto, com baixa tecnologia, e retoques locais sobre plataformas antigas.
A remessa ocorre em ano estável para as matrizes das rentabilíssimas empresas locais. Em 2009 havia temor de terem ultrapassado a base legal em tentativa para salvar as controladoras. O exercício 2010 mostrou-as banindo a crise, mais cristalizadas, mas os repasses nacionais foram elevados, incrementados em 2011.
Dados de indústria automobilística no Brasil são de pouca clareza, pois a maioria se transformou em sociedade limitada, dispensando publicizar números de seus resultados. Tradicionalmente a indústria exporta grandes volumes de dinheiro e já enfrentou algumas CPIs e investigações a respeito. Um dos itens, o pagamento de assistência técnica, provocou mudança na legislação ante a desconfiança de se tratar de remessa sem corresponder à prestação de serviços pelas matrizes.
Os repasses de 2011 coincidem com as medidas, afagos e proteções baixados pelos Ministérios da Fazenda, Ciência e Tecnologia, e Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – a criação da barreira adicional e a gestação da permissão de reter parte do imposto sobre produtos industriais pagos pelos compradores e a chegar desfalcado aos cofres oficiais – um presente pago por nós contribuintes.
Consumidor
José Luiz Gandini, presidente da Abeiva, a associação dos importadores, pratica ativamente o Jus Esperneandi – brincadeira de advogados para o Direito de Espernear. Não perde oportunidade de protestar, buscar bom senso no Governo. Insiste sem resposta, quer informação lógica aos números que apresenta: o muro alfandegário é erigido apenas para os importadores sem fábrica. Os com fábrica no Brasil importam muito mais: 651.047 unidades, 19% do mercado doméstico. Os sem fábrica, 199.366 unidades, ou 5,82% do bolo.
Gandini propôs ao governo uma espécie de cota, conceito nunca admitido, desde que o governo José Sarney – 1985-1990 – sinalizou para a abertura das importações. Sugere que 200 mil unidades – volume assemelhado às importações em 2011 – possa ser trazido pagando apenas os elevados impostos vigentes até 17 de dezembro, quando se aplicou aos importados o adicional de 30 pontos de IPI.
Gandini lembra ao governo que não quer ser lembrado, que a presença dos importados refreia o ânimo dos elevados preços locais sobre carros sem conteúdo – o Fator Habib, nome do empresário que trouxe os chineses JAC equipados e forçou reduções nos concorrentes locais.
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Roda-a-Roda
P’ra valer – A Volkswagen marcou para final de março iniciar vender nova edição do picape Amarok, brasileira incoerência de automóvel grande, diesel, câmbio automático. Como a Coluna antecipou nacionalmente, atrativa caixa automática ZF com 8 marchas e potência elevada a 180 cv.
Na real – O racionalismo alemão não entendia como alguém compra um veículo destes, diesel, em versão de topo, exigindo caixa automática. Capitulou. Para enfrentar Nissan, Mitsubishi, Toyota – e proximamente Ford Ranger e Chevrolet S10 – promoveu casamento entre câmbio e motor, este com adicionais 10% em potência.
Definição – Indústrias como a BMW e a Chrysler têm interesse em fazer veículos no Brasil para enfrentar o adicional do IPI criado pelo governo, dificultando a entrada dos importados e punindo o consumidor, contribuinte, eleitor, condenando-o a carros nunca evoluídos.
Luz - Entretanto o próprio governo federal, criador da barreira, não sabe dar solução à vontade dos investidores. Imagina-se que em fevereiro surjam regra e tabela equilibrando imposição de impostos com índice de nacionalização. Tais números definirão produtos de BMW, Land Rover e Chrysler, e dirão como fazer aos apressados JAC, Chery e Hyundai-Piracicaba.
Proteção – A medida protecionista do governo federal não é apenas cortina pesada para esconder e proteger a incapacidade nacional de competir no exterior, condenando o país a ser secundário no mundo. Mais ampla, também reduzirá o IPI sobre os carros nacionais – não repassada ao consumidor.
Mercado – A Fiat tenta aumentar espaço para exportações enviando o picape Strada à Europa. Como aqui, cabines simples, estendida, dupla; decoração Working, Trekking e Adventure. Motorização específica, diesel 1.3 16V 95 cv de potência. Quer transmitir aos europeus a moda brasileira deixando de ver picape como carro de entregas leves e de agricultor. Se conseguir ...
Recall – Diz a Volkswagen ter percebido em testes de laboratório a possibilidade de trincas nos pontos metálicos de ancoragem dos cintos de bancos traseiros do SpaceFox – Suran, na Argentina. Consertará gratuitamente nos revendedores os 6.731 carros com defeito. Dê uma olhada no sítio www.vw.com.br ou tel 0800 019 5775
Melhores – Sorrisos em Itu, sede da importadora da Kia: o pequeno Picanto e o utilitário esportivo Sportage foram premiados na 14ª. Edição dos Melhores Carros promovida pelo com sítio Best Cars. É importante. Quando se fala em coreano a idéia é de Hyundais e, no caso, o Sportage superou o i35.
Ungidos – Saiu a lista dos fabricantes considerados praticantes do índice de 65% entre peças e gastos nacionais – uma espécie de conceito da Zona Franca de Manaus aplicado nacionalmente.
Negócio – A Renault iniciou entregar as quase 1,3 mil unidades do utilitário Kangoo Express feita aos Correios.
Acompanhante – Vai à praia de carro? Convite o Würth. O alemão, com sobrenome Cavity Wax, é cera em spray para proteger carroceria de ferrugem. Aplicou, secou, protegeu. Vale para qualquer chapa metálica.
Mais uma – Outra fábrica de pneus no Brasil. Agora a Sumitomo Rubber, com pedra fundamental em Fazenda Rio Grande, na grande Curitiba, PR: investimento de R$ 560M; 1.500 empregados; 2.000 pneus para camionete/mês; inauguração 2013.
Deu certo – Crescendo em interesse, o 2º Salão Bike Show realizado no Rio de Janeiro, mostrou acerto em fórmula, local e prazo. Os 48 mil visitantes, importadores e fabricantes presentes, lançamento de produtos como o Scooter Bee 50 Alan e o pneu Michelin Commander II garantiram a próxima edição: última semana janeiro 2013.
3 comentários:
"Proteção – A medida protecionista do governo federal não é apenas cortina pesada para esconder e proteger a incapacidade nacional de competir no exterior, condenando o país a ser secundário no mundo. Mais ampla, também reduzirá o IPI sobre os carros nacionais – não repassada ao consumidor."
Pode explicar o que é isto?
Por que para mim é desinformação, gerada a partir da compulsão emocional ou interesseira, de condenar ações reguladoras do estado e vitimizar as coitadinhas das montadoras. Quem a esta altura do campeonato, ainda acredita na saudável auto regulação do mercado, deve acreditar também que Papai Noel vai trazer um carrinho novo no natal pra ele brincar.
Cristiano
Leia o texto novamente e aprenda a interpretá-lo. O RN não faz defesa de nenhum fabricante. Por outro lado é verdade insofismável que a medida do governo protege a indústria nacional e incentiva-a a manter as coisas como estão. mas eu entendo sua posição já que é notório defensor do governo "trabalhista".
"Proteção – A medida protecionista do governo federal não é apenas cortina pesada para esconder e proteger a incapacidade nacional de competir no exterior, condenando o país a ser secundário no mundo. Mais ampla, também reduzirá o IPI sobre os carros nacionais – não repassada ao consumidor."
Pode explicar o que é isto?
Por que para mim é desinformação, gerada a partir da compulsão emocional ou interesseira, de condenar ações reguladoras do estado e vitimizar as coitadinhas das montadoras. Quem a esta altura do campeonato, ainda acredita na saudável auto regulação do mercado, deve acreditar também que Papai Noel vai trazer um carrinho novo no natal pra ele brincar.
Cristiano,
o texto quer dizer o seguinte: o governo federal protege a indústria interna poupando-a de competir com os produtos importados. Naturalmente isto forçará marcha a ré tecnológica e nos condenará a veículos de segunda linha, ajuste com plataformas e conceitos cansados, absorvíveis apenas no âmbito mercosul.
Não tenho a pretensão de defender as montadoras, muito pelo contrário. Preocupo-me, como brasileiro, com tais proteções para o varejo do dia que irão nos prejudicar no futuro.
A cada dia reduzimos as operações industriais internas e diminuinos a agregação de componentes nacionais. Nossos produtos que já foram 100 % nacionais estão a cada dia mais globalizados e menos brasileiros.
Se o Papai Noel trouxer o carrinho, não será nacional.
Aliás, é a falta de projeto para a indústria automobilística que nos faz engolir o orangotango de termos montagem, consumo - e não termos nenhum produto nacional. somos um país de bons adaptadores de projetos alheios e o remanescente de nosso saber fazer desaparecerá com o projeto de desnacionalização ora aprovado pelo governo. Para os companheiros, gastar 0,5% do faturamento em pesquisa tecnológica está de bom tamanho.
para a defasagem que experimentamos e pela elevadíssima lucratividade das montadoras, se investissem 10% ainda seria pouco.
r nasser
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