Alta Roda nº 834 — Fernando Calmon —
28/4/15
TENTATIVA
VÁLIDA
Com a perspectiva de aprofundamento da
crise de vendas neste ano, várias ações criativas estão em curso. Todo o elenco
de estratégias – desde a “troca com troco” até os intermináveis feirões – foi
sacado numa tentativa de animar o comprador a entrar na loja e sair com um
carro zero-quilômetro.
Apenas o mercado de veículos usados
conseguiu uma reação – previsível – depois de anos de apatia e queda de preços.
Há clara tendência de valorização do usado e movimentação de trocar um modelo
mais antigo por um menos antigo ou mesmo seminovo (até cinco anos de fabricação
pelo entendimento geral). A maioria das concessionárias vem tomando ações
proativas para ter mais relevância neste mercado. Em suas entrevistas coletivas
mensais a Anfavea tem citado com frequência as estatísticas da Fenauto,
associação dos lojistas independentes que tem forte presença na compra e venda
de veículos usados inclusive na formação de preços.
Agora as atenções se voltam ao consórcio,
por duplo motivo: oferta menor (e a juros maiores) de crédito e estoque de
cotas contempladas que não se transformaram em vendas efetivas. A indústria
automobilística sempre viu com bons olhos o crescimento desta modalidade ao
garantir uma demanda fixa por seus produtos. Segundo a Abac (Associação
Brasileira de Administradoras de Consórcios), o número de consorciados aumentou
8% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado.
Embora não existam estatísticas precisas –
só o Banco Central tem controle efetivo sobre cartas de crédito em circulação
–, o sistema de consórcio responde em média por 10% das vendas de veículos
leves, podendo dobrar essa participação em períodos de crise como o de hoje. A
situação atual está mais delicada porque 8% dos três milhões de consorciados de
veículos leves e pesados (sem contar motocicletas) foram contemplados em
sorteio e decidiram não usar o seu crédito. São 240.000 compradores que
simplesmente preferiram sentar em cima do dinheiro (que continua aplicado pelas
administradoras) e não adquirir nenhum veículo.
Esse cenário motivou Anfavea, Fenabrave e
Abac a lançarem, em conjunto, uma promoção, inicialmente por 45 dias, para
tentar convencer as pessoas a usar imediatamente suas cartas de crédito. Sempre
há um percentual de compradores que adiam compras por motivos variados, como
aguardar um lançamento, mudança de ano de fabricação e até a contemplação por
sorteio antes do período planejado. De início, 16 fabricantes aderiram e
prometem oferecer condições especiais (descontos e opcionais e IPVA grátis).
Todos os tipos de ações promocionais são
válidos, mas essa em especial talvez obtenha alcance limitado. O contemplado
pode simplesmente estar se sentido inseguro em retirar o carro no momento em
que a falta de confiança permeia a economia brasileira. Afinal, tem de
enfrentar despesas correntes de uso (combustível, manutenção, impostos,
estacionamento, multas injustas), além de se sentir perseguido só por usar um
automóvel.
A Abac afirma que os 8% de contemplados sem
uso imediato do seu crédito estão dentro da média histórica. Se for isso mesmo,
poucos estariam à espera de dias melhores para efetuar sua compra, o que não
parece refletir a realidade atual.
RODA VIVA
DECISÃO pragmática e elogiável do governo, publicada em 26 de março,
estimulará adoção de novos recursos para aumentar eficiência energética
(economia de combustível) dentro do programa Inovar-Auto. Estão contemplados
sistema desliga-liga o motor de forma automática, monitor de pressão dos pneus,
indicador de troca de marcha e ajuste aerodinâmico de grades frontais.
SUZUKI S-Cross é novo contendor interessante na faixa de SUVs e crossover
compactos que oferece, além de bom acabamento, a racionalidade de aliar um
motor de 1,6L/120 cv a peso contido (1.125 kg com câmbio automático CVT). Oferece
versões 4x2 e 4x4 (com controle eletrônico sofisticado), além de porta-malas de
440 litros .
Preço começa em R$ 74.900 e vai a R$ 105.900.
TOUAREG na versão de topo agora inclui acabamentos antes cobrados à parte
na versão R-Line. Preço é alto – R$ 298.800 –, porém mais em conta que um
Porsche Cayenne com o qual divide o projeto. Destaques: posição de dirigir,
suave motor V-8 de 360 cv, câmbio automático de oito marchas e consumo de
combustível razoável para o alto desempenho oferecido.
ANTECIPAR a venda do subcompacto QQ reestilizado, antes de sua produção
nacional no segundo semestre, ajuda a Chery a enfrentar a greve que paralisa a
fábrica onde produz o Celer. Agora partindo de R$ 31.990 – 25% mais caro que a
versão básica anterior montada no Uruguai – já embute, além das melhorias
técnicas e de acabamento, as dores do chamado Custo Brasil.
SMART Light Evolucar, lanterna extra vendida como acessório com sensor que
detecta movimentos do veículo para indicar mudança de direção pode exacerbar o
pouco uso convencionais, sem contar o
mau hábito de esquecer de consultar os espelhos. Outros acham que ligar a seta
é suficiente, sem ter certeza se a manobra foi consentida ou percebida.
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