Alta Roda nº 797 — Fernando Calmon — 12/8/14
FORD
KA REPENSADO
Com o lançamento dos novos Ka (hatch) e Ka+
(sedã), a Ford completou seu objetivo de ser o primeiro dos quatro tradicionais
fabricantes a ter todos os modelos produzidos no País ou na Argentina alinhados
aos existentes no exterior (Focus ficará igual já em 2015). O próprio Ka, que
nada tem a ver com o conceito original de subcompacto, segue o exemplo do
EcoSport e chegou primeiro aqui do que na Europa.
Hatches e sedãs compactos somados, em gama
de preços que vai de R$ 25.000 a quase R$ 60.000, representaram cerca de 60% de
todos os automóveis vendidos no primeiro semestre. A Ford optou por evitar a
briga na base do mercado e posicionou os novos Ka entre R$ 35.390 (hatch SE) e
R$ R$ 47.490 (sedã SEL). Pelo menos no início não haverá nenhuma versão sem
ar-condicionado, vidros elétricos dianteiros, travas elétricas de portas
(controle remoto) e tampa do porta-malas, direção eletroassistida com coluna
regulável em altura, bom equipamento de som, suporte central para celular ou
GPS, 21 porta-objetos e pneus verdes.
Comandos por voz e chamadas telefônicas automáticas
de emergência para o Samu em caso de acidentes graves integram a central
multimídia Sync (sem tela tátil), como opção na versão intermediária SE Plus. É
o primeiro compacto com controles eletrônicos de trajetória e tração, além de
assistente de partida em rampa, recursos de segurança importantes.
Ambos podem vir com motor de 4
cilindros/1,5 L/110 cv (etanol) ou tricilíndrico/1 L/85 cv (etanol). Certamente
vão interferir nas vendas dos New Fiesta, apesar da grade de preços estudada para
amenizar. Os dois modelos compartilham arquitetura e igual distância entre-eixos
(2,49 m), mas o Ka é mais amplo internamente com destaque nos assentos dos bancos
dianteiros e espaço para pernas e cabeças atrás. Porta-malas do hatch é um
ponto fraco (apenas 257 litros), porém o do sedã oferece muito bons 445 litros e
sem que tampa interfira com a bagagem ao utilizar dobradiças pantográficas.
Estilo agrada bastante, em particular o
equilíbrio de linhas do sedã, além de rodas de liga leve bonitas. Materiais no
habitáculo são compatíveis com a proposta do carro e o acabamento tem algumas
deficiências. Há regulagem de altura dos cintos de segurança, porém a do banco do
motorista só na versão mais cara. Comando elétrico dos espelhos retrovisores
externos (com luzes repetidoras de sinalização) não é oferecido, embora
disponível no Fiesta. Resta a instalação na concessionária, como acessório
original, a custo maior.
Um dos destaques é o motor de 3 cilindros
que surpreende pelo nível baixo de ruído e vibrações. Descontando o inexplicável
bloco em ferro fundido, no lugar do quase onipresente alumínio dos projetos
modernos, o Ka mostra desenvoltura incomum para um propulsor de apenas 1 litro.
Entrega a maior potência entre os de aspiração natural disponíveis hoje no
mundo, quando abastecido com etanol. A fábrica, no entanto, preferiu
escalonamento mais aberto do câmbio (apenas manual, de cinco marchas) para garantir
consumo de combustível mais baixo no País, pelo padrão Inmetro cidade/estrada. Direção,
manuseio do câmbio, suspensão e freios nivelam-se aos melhores compactos do
mercado.
Manutenção ficará mais barata: correia
dentada dispensa substituição e troca de óleo do motor e revisões passarão a anuais
(antes semestrais).
RODA VIVA
HONDA prepara uma surpresa aos apreciadores de SUVs compactos, antecipa a
coluna. Em meados de 2015 já terá em produção o Vezel (com outro nome) na
fábrica atual de Sumaré (SP), sem esperar conclusão da nova unidade de
Itirapina (SP), no final do próximo ano. Quando esta ficar pronta, produzirá o
CR-V em Sumaré.
MERCADO continuou encolhendo com números fechados de julho. No acumulado a
queda já é de 8% ante 2013. Alguns esperam que 2014 fique até 15% pior do que o
ano passado, proporção três vezes maior do que a previsão de menos 5% da Anfavea.
Este mês, com mais dias úteis, se poderá polir a bola de cristal.
ESTOQUES de veículos nas fábricas e concessionárias, que encerraram o
primeiro semestre com 45 dias de vendas, recuaram no final de julho para 39
dias. Alívio é relativo pois existem variações estatísticas no modo de calcular
o número de dias necessários para escoar os pátios.
MOTOR do BMW 320i demonstra: turbocompressor/injeção direta é a melhor
combinação possível para o etanol. Embora não tenha alterado valores de
potência (184 cv) e torque (27,6 mkg.f), a diferença com etanol aparece em
acelerações de retomada, principalmente, além de pequena melhora no consumo em
relação à gasolina. Inexplicável é o sistema desliga-liga o motor ser inibido,
quando se usa etanol.
PESQUISA da J.D. Power com consumidores nos EUA aponta mau funcionamento de
alguns comandos de voz, que avançam nos sistemas avançados de multimídia. Possivelmente
por interferências de ruídos normais do veículo e vozes a bordo. Para melhorar essa
deficiência, a Ford deslocou do rádio para o teto o microfone no novo Ka.
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fernando@calmon.jor.br e twitter.com/fernandocalmon
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