Alta Roda nº 798 — Fernando Calmon — 19/8/14
TRÂNSITO
BUSCA SEGURANÇA
Estatísticas de mortes no trânsito
brasileiro ainda estão longe da confiabilidade necessária para uma tentativa
séria de combate, conforme preconiza a campanha da ONU sobre década de segurança
viária (2011-2020). Sem saber ao certo o tamanho do problema fica mais difícil
planejar ações educativas, de formação de condutores e até mesmo de
fiscalização.
Na realidade há três referências. O
Denatran informa algo em torno de 35.000 óbitos anualmente e o Ministério da
Saúde cerca de 43.000 porque inclui os mortos até 30 dias depois das
ocorrências registradas. O número mais confiável poderia ser da Seguradora
Líder, administradora central do DPVAT (Seguro de Danos Pessoais Causados por
Veículos Automotores de Vias Terrestres), que pagou 54.767 indenizações por
mortes no ano passado. Este último número inclui vítimas de acidentes fatais
dos últimos três exercícios do calendário civil, conforme prevê a lei, o que
não deixa de significar uma imprecisão estatística.
Por solicitação de Alta Roda, a Líder
esmiuçou suas informações. Indenizações a pedestres foram 18.149, representando
33% do total, proporção elevada em relação aos países desenvolvidos. No total, frente
a estes, o trânsito no Brasil é até oito vezes mais perigoso.
No entanto, números catastróficos envolvem
motocicletas. Elas representam em torno de 25% da frota total de veículos leves
e pesados, porém respondem por 41% das mortes: 16.240, do condutor; 2.667, do
passageiro e 3.434, de pedestres. Morre-se duas vezes mais ao guidão de uma
moto do que ao volante de um veículo comum, mesmo que estes representem um
volume cerca de três vezes maior (40 milhões contra 13 milhões, segundo estudo
do Sindipeças).
Portanto, o foco para tentar reduzir a
letalidade no trânsito deveria começar pelos veículos de duas rodas. Afinal,
exigem mais habilidade e respeito por suas limitações. Ausência quase total de
segurança passiva (diminui consequência dos acidentes), além de maior exposição
a buracos, más condições das vias e menor visibilidade frente aos demais
veículos estão entre as causas. Capacete ainda é o principal acessório de
segurança, mas coletes infláveis importados já são oferecidos no mercado
brasileiro por preço médio superior a R$ 2.000 (jaquetas infláveis partem de R$
1.000).
Um dos problemas é a deficiência de
formação dos motociclistas aliada aos vícios de pilotagem. Entre estes está a
forma incorreta de frear com o mau hábito de utilizar apenas o freio traseiro. Para
ajudar na diminuição de acidentes há o sistema automático de combinação dos freios
dianteiro e traseiro para motonetas, além de diferentes aplicações de ABS (freios
antibloqueio) disponíveis em motocicletas caras.
A Honda lançou, no começo do mês, a
primeira moto comum (street), de
baixa cilindrada, com aplicação simultânea dos freios (Combi Brake), mesmo que
o piloto acione somente o freio traseiro. É de série nas CG 150 Titan 2015
cujos preços vão de R$ 7.680 a R$ 8.180. Em breve deve se estender a todas as
CG. O Brasil é o primeiro mercado a dispor desse equipamento pela dificuldade de
mudanças de hábitos errados. Testes indicam que a distância de frenagem pode
diminuir até 20% em relação a um moto sem o equipamento e conduzida de forma
incorreta.
RODA VIVA
PRESIDENTE mundial da GM, Mary Barra, veio ao Brasil para confirmar o
investimento de R$ 6,5 bilhões nos próximos cinco anos. Ela não pormenorizou os
gastos, mas se sabe que um terço se aplicará em três novos produtos na faixa em
torno dos R$ 30.000 (hatch, sedã e SUV compactos). Fábrica de São José dos
Campos (SP), única ociosa, deve ser a escolhida para produção.
MERCEDES-BENZ Classe C (quinta geração) mostrou que a empresa não focou apenas em
carroceria e interior novos. Ganhou espaço interno graças ao aumento de 8 cm no
entre-eixos e 4 cm na largura. Uso intenso de alumínio diminuiu seu peso em até
60 kg. Direção eletroassistida e quatro modos de “temperamentos” da versão de
topo C250 Sport são pontos altos.
PREÇOS entre R$ 138.900 e R$ 189.900 já são a referência direta quanto ao
Classe C nacional, em 2016. Câmbio automático de sete marchas passará a nove, em
2015. Motores oferecidos agora, todos com turbos, vão de 156 cv (1,6 L) até 211
cv (2 L), abaixo do desejável em relação a concorrentes. Versão AMG, no
entanto, terá desempenho no alto nível de sempre.
QUARENTA anos do Campo de Provas de Cruz Alta foram marcados com teste de
colisão contra barreira de um sedã Chevrolet Cruze. Essas instalações são as
maiores e mais completas de um fabricante no Hemisfério Sul. Gera também
receitas de exportação de serviços de engenharia e de projetos, além de testes
de curta e longa duração.
CONGRESSO Fenabrave em Curitiba bateu recorde de participantes, em sua 24ª
edição. Concessionárias deram amplo apoio à revisão dos processos de retomada
de bens em caso de inadimplência, que refletiriam no aumento da oferta de crédito.
Em uma segunda etapa diminuiria juros e aumentaria vendas.
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fernando@calmon.jor.br e twitter.com/fernandocalmon
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