Nanoflowcell Quant e-Sportlimousine
Um dos carros mais malucos apresentado no Salão de Genebra foi o protótipo de pesquisas que anda a água salgada – melhor dizendo, acionado por uma bateria de fluxo que usa água salgada como fórmula especial de seu meio de estocagem de carga iônica.
A bateria de fluxo é um tipo de bateria recarregável em que a recarregabilidade é feita por dois componentes químicos dissolvidos em líquidos dentro do sistema e separados por uma membrana. A troca de íons (para gerar o fluxo de corrente elétrica) ocorre através da membrana enquanto os dois líquidos circulam em seus respectivos espaços. Sua tensão é quimicamente determinada em uma equação chamada de Nernst que, em aplicações práticas, vão de 1,0 a 2,2volts.
Tecnicamente, uma bateria de fluxo é ‘parente’ de uma célula de combustível e de uma célula acumuladora, por sua reversibilidade eletroquímica. Para funcionar, precisa de eletrônica muito sofisticada.
Treze anos atrás o ítalo-suíço Nunzio La Vecchia, piloto aeronáutico, automotivo, violonista, artista e várias outras coisas (inclusive muito rico) resolver lançar seu próprio carro esporte a que deu o nome de Quant. Anos mais tarde dedicou-se a pesquisar tecnologias de energia alternativa e formou a companhia NLV Solar na Suíça, após o que resolveu fazer sociedade com a Koenigsegg sueca, dando como capital seu projeto Quant.
A sociedade durou pouco e uma nova empresa, Nanoflowcell/ passou os próximos quatro anos desenvolvendo trem de força e um novo desenho geral, além de vários protótipos que levaram em conta as exigências da homologação européia.
Como ele diz, o coração de seu carro é seu sistema de armazenamento de força Nanoflowcell, cuja capacidade é de cinco a seis vezes maior do que qualquer bateria de íons de lítio Sua alta densidade energética é devida a uma concentração extremamente alta de transportadores de carga iônica do eletrólito do sistema, o que se traduz num alcance de 400 a 600 km.
Em seu vídeo de introdução ao público, a Nanoflowcell descreve a solução como simples água salgada, mas lembra que a realidade é um pouco mais complexa.
As soluções químicas de alta e de baixa carga são armazenadas em tanques de 200 litros na traseira do Quant, de onde são enviadas à frente através de uma célula central, separadas das outras por uma fina membrana. A eletricidade é criada aqui e flui para dentro de dois supercapacitores, onde é armazenada, gerenciada e liberada durante aceleração para os quatro motores trifásicos, um dentro de cada roda – aparentemente a uma eficiência de 80%.
O Quant usa supercapacitores devido a sua capacidade de liberar energia rapidamente – essencial para um carro cujo(s) motor(es) desenvolve(m) um total de 912 hp. O Nanoflowcell tem outras vantagens muito interessantes. Quando a energia nas soluções eletrolíticas estiver gasta basta substituir o líquido, tornando o ‘reabastecimento’ tão fácil e rápido como o de gasolina. La Vecchia imagina um futuro bastante imediato com os postos de gasolina (ou seus substitutos, se e quando a gasolina, o álcool ou o diesel não mais existirem ou não mais valham a pena) fazendo o reabastecimento como hoje. Mais: acha que o líquido poderá ser reusado. Ao contrário das baterias de íons de lítio, a capacidade das baterias de fluxo não degrada com o tempo devido ao efeito memória. Aparentemente não há componentes ambientalmente danosos aos eletrólitos e o sistema não precisa de metais raros ou preciosos. Como qualquer veículo de pesquisa, as especificações do Quant devem ser vistas como possíveis, nunca como já exatas. O zero a cem do Nanoflowcell é listado como de 2,8 segundos, a máxima como de 380 km/h. Seu peso atual é de 2.300 kg, seu comprimento de 5.257 mm, suas quatro portas são de ‘asa de gaivota’, suas poltronas individuais e reclináveis. JOSÉ LUIZ VIEIRA - www.techtalk.com.br |
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