Alta Roda nº 780 — Fernando Calmon — 15/4/14
QUE
VENÇA O MELHOR
Nada de modismo ou coincidência, mas motores
de três cilindros chegaram para ficar também no Brasil. Essa tendência se
observava em outros mercados pela necessidade universal de ganhos em eficiência
energética. Diminuição de consumo é o único modo de reduzir emissões de gás
carbônico (CO2), um dos responsáveis pelo efeito estufa e
aquecimento global. Filtros ou catalisadores são inúteis.
Unidades motrizes de três cilindros estão
longe de constituir novidade. Aqui mesmo
o DKW-Vemag, motor de dois tempos, surgiu em 1956. Também foram usadas, em carros
pequenos, unidades de quatro tempos, ciclos Otto e Diesel, na Europa e Ásia. No
entanto, nível de vibração e sonoridade levou a queixas e certo ostracismo.
Tudo mudou graças aos avanços da engenharia
de motores. Marcas premium como a BMW já oferecem motores de três cilindros de
até 1.500 cm³. Entre modelos fabricados no Brasil, Hyundai saiu na frente com HB20
(motor ainda importado), seguido pelo VW up! e, a partir de julho, os novos Ford
Ka hatch e sedã. Outros estão na fila: PSA Peugeot-Citroën, Chevrolet, Renault,
além dos chineses que entrarão em produção Chery QQ e JAC J3. Fiat deve entrar
na onda.
Infelizmente, a legislação brasileira
estimula motores de 1.000 cm³ (1 litro). Podem não significar a melhor escolha
em razão do porte ou utilização do veículo. Entre 1 e 1,6 litro há ampla gama
de aplicações. Correto seria estabelecer meta incentivada de redução de consumo,
independentemente de cilindrada, e que vença o melhor.
A Ford deu um salto com o tricilíndrico flex
de 1 litro e duplo comando de válvulas variável (admissão e escape), que já
começou a produzir em Camaçari (BA). Potência (85 cv a 6.500 rpm) e torque (10,7
kgf∙m a 4.500 rpm) com etanol são os maiores entre motores aspirados
equivalentes. Prevê também o menor consumo absoluto, após crivo do Inmetro. No
exterior, versões só a gasolina/injeção direta entregam 65 cv e 80 cv, enquanto
o EcoBoost (turbocompressor) oferece 100 cv e 125 cv para Fiesta e Focus. O
mais potente está nos planos da fábrica baiana, no horizonte de um a dois anos.
Esse novo propulsor apresenta algumas
curiosidades como bloco em ferro fundido, apesar da virada mundial em direção
ao alumínio, leve e também mais caro. Os do up! e do HB20, em alumínio, têm
massa em torno de 15 kg menor. A marca americana alega ser um motor bastante
compacto. Provavelmente, a razão real se deve à robustez necessária em outra
versão, de nada menos de 140 cv, para o Mondeo (Fusion), conforme se especula
na Europa.
Para baixar custo de manutenção a correia
dentada (lubrificada) dura 240.000 km, dobro do up!, por exemplo. Eliminou
partida auxiliar a gasolina em dias frios. Mas, tuchos de válvulas são sólidos
(mecânicos) e exigem regulagens periódicas, ao contrário de tuchos hidráulicos.
Estes dispensam qualquer intervenção e garantem revisões mais rápidas e
(teoricamente) baratas.
Resta ver a aplicação no novo Ka, maior que
o anterior. Seu torque máximo surge em rotações elevadas e costuma prejudicar
elasticidade e prazer ao dirigir. A fábrica, entretanto, afirma que trabalhou
na curva de torque a fim de compensar qualquer sensação de respostas fracas ao
acelerador.
RODA VIVA
TOYOTA anunciou, no Japão, nova gama de motores a gasolina, de 1 litro e
1,3 litro, com notáveis avanços em economia de combustível. Serão 14 aplicações
em modelos compactos e médio-compactos nos próximos dois anos, cobrindo 30% de
toda sua gama. Motores trabalham no ciclo Atkinson e a economia de combustível vai
de 15% a inacreditáveis 30%.
VISANDO ao transporte urbano para duas pessoas, uma pequena empresa
japonesa, D Art, resolveu ressuscitar a ideia do carro-bolha italiano Isetta,
dos anos 1950. Porta única frontal abre para cima (no original para o lado) e
teria sido aprovado no teste de impacto no Japão. Propulsão é elétrica e motor
de combustão auxiliar ajuda a dobrar a autonomia até 300 km.
SAVEIRO Cross ganhou bastante em agilidade graças ao motor de 1,6 litro MSI,
em alumínio, da família EA 211, inteiramente novo. Tem 16 válvulas e duplo
comando variável (só admissão), 120 cv e 16,8 kgf∙m (etanol). Impressiona pelas
respostas em baixas rotações, em especial com combustível vegetal, que confere
mais 9% de potência e 6% de torque.
LIMPEZA do sistema de alimentação, descontaminação interna do motor, higienização
dos dutos do ar-condicionado e kit de lubrificação são operações criativas usadas
por oficinas para aumentar o preço das revisões, em especial as de preço fixo
sugerido pela fábrica. Trata-se de despesas, quase sempre, dispensáveis e
exigem autorização prévia.
MUITO didática a orientação técnica do Cesvi (Centro de Experimentação e
Segurança Viária) sobre riscos de uso de películas escurecidas nos vidros
dianteiros e para-brisa. Carros atuais já estão no limite máximo de
transparência permitida em lei, à exceção dos vidros traseiros. No link tinyurl.com/m58kaxr está tudo explicado.
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fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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