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Coluna 2112 23.maio.2012
Mais um remendo para aquecer indústria e empurrar o PIB
O Governo Federal agiu imperialmente, não ouviu a sociedade, e baixou as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados de todos os veículos. Os 1.0 nacionais tiveram-no reduzido a 0%; entre 1.0 e 2.0 flex, de 11 para 6%. Nos importados a redução também prevalece. Destes, 1.0 há apenas os mexicanos Nissan e, como os demais estrangeiros terão desconto de 5% no IPI. O governo acertou com a indústria praticar um descontinho adicional. E, para fomentar a demanda, reduziu o depósito compulsório dos bancos junto ao Banco Central e, com isto, tais entes poderão usar cerca de 10B, seus, porém anteriormente inertes no cofre oficial. No mesmo pacote, reduziu o imposto sobre o financiamento.
Na prática espera que os bancos reduzam a entrada a 20% e prazo para 60 prestações. O descontinho adicional que a indústria prometeu honrar varia entre 1 e 2,5%, calculado sobre o preço sugerido para vendas, um valor hilário e não praticado – exceto para Land Rover Evoque, para o qual há filas, Ferrari, Maserati, Mercedes AMG, Aston Martin, veículos para outra faixa de público, acima dos descontinhos.
Não há certeza de êxito. Busca-se fomentar a venda dos 1.0, quase metade do mercado. Mas é exatamente o comprador dos carros de menor preço que está endividado, sem liquidez, com as contas domésticas atrapalhadas, pouca opção para resolver, e perdendo os carros por falta de pagamento. Em dois anos a inadimplência cresceu 100%, atingindo o recorde de 6% dos negócios, e o dinheiro envolvido nisto é igual ao volume estornado do depósito compulsório: R$ 10B. Difícil a este público reagir para o consumo.
Um lado
O governo age como se vivêssemos numa Democradura. A parte democrática diz respeito à preocupação com empregos em queda pela redução de vendas, consequência das ações do próprio governo. O lado da ditadura é a decisão em gabinete, ouvindo apenas um dos lados da questão – indústria automobilística e os banqueiros. Não perguntou à sociedade se lhe interessa abrir mão dos impostos que podem trazer investimentos mínimos em segurança, saúde, estradas, e tantas outras mazelas da falta de gestão, das leniências e das saliências com os impostos serem arrecadados em números recordes. Não indagou aos ecologistas, urbanistas, prefeitos, se interessa maior afluxo de veículos nas ruas, poluindo, detendo o trânsito.
E então
Como fica para você, para mim, para nós ?
Primeiro de tudo veja se você vai precisar de um automóvel 1.0 agora ou no próximo ano. Vai ? Então compre, use ou estoque. A redução é atrativa. Para carros maiores ou importados, também funciona, mas em percentual menor. Na prática os descontos podem chegar a 10% do total para os carros 1.0 e para uns 6 ou 7% para os demais – há variações porque preços e descontos e compensações devem ser combinados com a rede de revendedores. Por isto JAC e Hyundai foram tão rápidas em apresentar os novos preços. Os da JAC, cuidadosamente recortados para que a fim do preço acabasse em 990. Explicação simples, na marca chinesa o controle das revendas é do grupo SHC. No caso da distribuição Hyundai, boa parte pertence à distribuidora CAOA e sua rede não tem associação de marca – nem peso para discutir.
Os valores anunciados permitem descontos e negociações adicionais. A decisão não deve ser adiada, pois a validade do incentivo irá até agosto.
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Projeto do Governo reduzir estoque, aumentar vendas e o PIB
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Roda-a-Roda
Sorrisos – Ri-se á toa na Ford, á agência Moodys considerou a companhia em “grau de investimento”. Isso significa reconhecer superação de problemas, bons projetos em andamento e caixa forte para viabilizá-los.
Híbrido – A Porsche testa carro híbrido à altura de seu DNA de performance: 918 - lembrando o lendário 917, vencedor de Le Mans 1970 -, spyder. Hibridismo com dois motores elétricos – no eixo dianteiro – e outro com o motor de ciclo Otto no eixo traseiro. Para noção, a soma de potências é 770 cv.
Lá – Em junho, na Argentina, versão Turbo do Renault Fluence, a Sport.180 cv, transmissão com 6 velocidades. O turbo aspira ar resfriado por intercooler, e no motor 2.0, 16 válvulas, ajuda fazer 180 cv e 300 Nm de torque a 2.250 rpm. Dupla aptidão: para quem quer acelerar, e para quem não gosta de trocar marchas. Faz 0 a 100 km/h em 8,5s e crava 215 km/h.
Mercado – Concorrente de Peugeot 408 Turbo, em motor mais avançado, com injeção direta de gasolina. Aqui demora: Salão do Automóvel, outubro. Acertos da central eletrônica para aceitar o purgante ácido da mistura com álcool.
Combinação – Novas Range Rover Sport e Discovery 4, chegam casando motor diesel V6, 3.0, bi turbo, produzindo 256 cv e monumentais 600 Nm de torque – 500 Nm em marcha lenta. Transmissão automática com 8 velocidades. Aparentemente tudo de bom, exceto pela boiolice de comandar a transmissão por botão giratório e a tração total apertando outro.
Vrumm – Barulho de automóvel vende ? Vende. A Porsche gastou muito para fazer o V8 do utilitário Cayene roncar igual ao H6 do 911, e a Mitsubishi no Eclipse para ter ronco esportivo fora do carro e ser silencioso internamente.
Atacado – A público maior, a Ford aplicou no motor EcoBoost 2.0, 4 cilindros, 2.0 do Focus ST, tubo adicional com palheta vibratória amplificando as frequências baixas no escapamento, dando opcional barulho grosso ao automóvel - surge apenas com o pé direito em baixo. Chama-se Symphozer.
Números – Turbo é o caminho, gera mais potência, menos emissões, baixa consumo, acelera mais rápido, tem maior velocidade final. Num comparativo, o novo BMW 118i, 1.6 turbo faz 170 cv de potência, 25,5 kgmf de torque, contra 136 cv do 2.0 e 18,4 do modelo anterior. A Garrett, fornecedora do turbo, trocou a carcaça fundida por outra tubular, reduzindo peso no conjunto.
Problema – Dificuldades com fornecedores e logística atrasaram em um mês a apresentação e início das vendas do novo picape Ranger nos seus principais mercados latino americanos, Argentina e Brasil. Remarcada para 30 de junho.
Idem – A JAC Motors iniciou a importação de seus carros pelo porto de Salvador, Ba, início de seu relacionamento com o governo local. Quer iniciar produzir em 2014 na fábrica em instalação no Estado. Trouxe mil J5 – que tem dificuldade em verder.
Acordo – Troca de ações entre a PSA – holding Peugeot Citröen – não deve se iniciar, como dizem alguns órgãos da imprensa, por construção de fábrica no Brasil. O caminho é longo e se inicia com inúmeros estudos sobre compatibilidade de futuros produtos e comunização de peças e processos. Possibilidade concreta é compartilhar a plataforma do novo Citroën C3. Conforto – O Pajero Dakar feito pela Mitsubishi Motors do Brasil ganhou versão com câmbio automático, cinco lugares, motor diesel. A transmissão tem gerenciamento eletrônico, porém apenas 4 velocidades. R$ 135.990.
Regra – A mudança de regras de emissões força adequação de motores e lançamento de produtos para separar pré e pós legislação dita Euro 5 – os parâmetros são do Conama 7. A Iveco lançou o caminhão Tector, cuja maior novidade é o motor FPT dito NEF6.
Como – Usa aditivo Arla 32 para reduzir emissões. O motor de seis cilindros, 5.900 cm3, 24 válvulas, foi refeito, aumentando torque pelo redesenho da câmara de combustão e aumento na pressão de injeção – 1.600 atmosferas. O carter recebe 20 litros de óleo sintético, trocado a cada 60.000 km !
Auxílio – Dúvida para escolher serviços especializados em São Paulo? O portal www.sindirepa-sp.org.br lista 1.200 oficinas relacionadas por segmento – leve, pesado, motocicleta, incluindo preço médio para mão de obra.
Memória – A saga da mítica Rolls-Royce será filmada por Martin Scorceze. Misto de qualidade, romance e tristezas. A marca hoje é da BMW.
Jogo Duro – Conselhos da fabricante Moura para maior vida útil nas baterias de caminhão: cuidado com acessórios - todos consomem energia; equilibre-os entre as baterias, pois sobregasto em uma desequilibra o sistema; use chave geral – ela pode desligar tudo, exceto o tacógrafo; use componentes originais; se as baterias descarregarem, evite as chupetas.
Antigos – Dupla argentina Cláudio Scalise/Daniel Claramunt com Alfa Romeo 6C 1500GS de 1933 venceu a Mille Miglia Storica, entre Bréscia-Roma-Bréscia. 382 concorrentes, incluindo a dupla favorita, o avocato Giuliano Cane e sua mulher Lucia Galliani, com BMW 328 Mille Miglia Roadster, de Brescia, vencedores por 10 vezes.
Mais - Não deixaram barato. As três duplas argentinas ficaram entre as 10 primeiras. Juan Tonconogy/Guillermo Berisso, com Bugatti Type 40, de 1927, quinto vencendo categoria até 1930; Manuel Eliabe/Mark Gessler, com Aston Martin Le Mans, décimo lugar.
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6C 1500GS, com argentinos, vencedores da Mille Miglia
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Gente – François Hollande, novo presidente da França, ecológico. OOOO
Desfile de posse pela Avenue des Champs Elisées, em Citroën DS5 Hybrid 4, diesel elétrico, tração total. OOOO Glenda Pereira, jornalista, mudança de lado. OOOO Deixou experiências de jornalista especializada na Folha de S Paulo e no Diário de S Paulo, pelo time paulistano da Renault para relacionamento com a imprensa. OOOO
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Defesa do Consumidor, a coragem do Re-call das rodas do Uno 1.5R
A chamada técnica para resolver problemas que ofereçam risco de dano à saúde ou à vida, dito re-call, é obrigação prevista no Código de Defesa do Consumidor, nivelando na mesma obrigação e responsabilidade fabricante, eventual importador, e concessionário que realizou a venda.
Antes do Código poucas foram as iniciativas neste setor. Uma, entretanto, marcou história: as rodas do Fiat Uno 1.5R em 1991. Não há quantificação de volume para as tiveram trincas, fissuras ou quebras, mas o fato é que, então, não era prática de fabricante fazer o re-call de veículos ou peças defeituosas.
Recém investido Diretor Superintendente da Fiat, o engenheiro italiano Pacifico Paoli tomou conhecimento do problema, entendeu rapidamente que tanto as consequências poderiam ser danosas aos cofres e ‘a imagem da Fiat, e decidiu a troca de todas as rodas de todos os Uno 1.5R.
Quantidade desconhecida, era a versão de topo da série Uno. Motor 1.5, muito esperto e agradável para andar rápido para os termos da época. Ato de coragem gerou reclamações do fornecedor das rodas querendo substituir apenas as problemáticas, dos revendedores, fazendo atendimento gracioso em carros que possivelmente nunca exibiriam o defeito. Mas foi uma das marcas da gestão Paoli, e auxiliou sedimentar imagem da então mais nova das montadoras no Brasil que entendia e resolvia casos antes de virar problemas.
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Re-call para troca de todas as rodas de todos Uno 1.5R foi ato de coragem da Fiat, e o primeiro de grande quantidade no Brasil
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7 comentários:
Mahar e Nasser
É o que se espera de nosso Estado inflado e inconsequente, sem mais escrupulos.
No lado do povo, parece que o consumidor está se dando conta que não vale a pena comprometer uma fatia enorme do orçamento familiar com um automóvel novo que será exatamente igual ao antigo. Além de ser relativamente caro - obviamente devido à imensa carga tributária direta e indireta - o Estado ainda coloca seu olho grande no incoerente e imoral IPVA, que é caro demais e pune o carro moderno, seguro, econômico e "limpo". Em um estado como SP, qualquer carrinho popular tem acrescido à sua desvalorização os 4% do IPVA anual. Um roubo.
Estive outro dia visitando um site chamado "repasso.com.br", onde pessoas endividadas tentam passar adiante seus financiamentos loucos e impagáveis. Lá você tem, informalmente por amostragem, um bom panorama da loucura do mercado brasileiro e que Ray Young estava certo quando criticou os financiamentos de prazo longínquo, que chegaram a absurdos 84 meses - parecendo até compra de casa. Pra chegar ao "Plano 100" faltou pouco.
O resultado está aí - ou melhor, lá no site.
Como não vai haver reforma tributária, como o IPVA continuará sendo caríssimo pois é essencial para a sangria de dinheiro público pela corrupção, nada mudará.
Vamos voltar 30 anos na história, com um mercado cheio de "carroças" caríssimas.
Só um complemento que esqueci de incluir no comentário anterior: o Estado nos dá capacidade de endividamento, que não necessariamente é um real poder de compra. Ou melhor, é um falso poder de compra. O calote passa dos 10 bi, e é prova concreta disso.
Autor:
Luis Nassif
Um dos pontos mais curiosos do mercadismo brasileiro é a enorme falta de consistência ideológica. É o liberalismo de jabuticaba, que só floresce por aqui.
Um liberal, por definição, defende o primado da vontade individual – seja do investidor, do consumidor, da empresa. Ao Estado cabe apenas criar um ambiente propício a esse exercício da liberdade individual. E também atuar sobre as expectativas dos agentes econômicos.
Há uma crítica consistente em relação ao modelo econômico dos últimos anos, privilegiando o consumo e não o investimento. Mas não são prioridades conflitantes. Sem o consumo, não se tem o investimento. Portanto, há que se estimular o consumo e criar as condições necessárias para viabilizar o investimento. Faz-se isso com estímulos fiscais, financeiros e com um câmbio competitivo, melhorando a competitividade em relação aos competidores externos.
A maneira como alguns porta-vozes do mercado reagiram aos estímulos à compra de automóveis é exemplar como falta de consistência ideológica.
Acusam o governo de estimular o super-endividamento irresponsável das famílias. E consideram insensatez medidas de estímulo à venda de automóveis para reduzir os estoques das montadoras. Como se o dinamismo do PIB dependesse apenas dos ganhos proporcionados pela Selic elevada.
Como assim? O que propõem, então, é que as famílias sejam tuteladas? Não se acredita no discernimento familiar, na capacidade do sistema financeiro de analisar o crédito, nas práticas prudenciais, no avanço das análises de risco?
Ora, são liberais de araque. No fundo, querem a tutela do consumidor e das empresas. É a mesma lógica dos Ali Kamel da vida, indignado com o fato de beneficiários do Bolsa Família usarem parte dos recursos para adquirir geladeira.
O liberalismo brasileiro já produziu porta-vozes do nível de Roberto Campos, Mário Henrique Simonsen. Hoje está reduzido a comentaristas que meramente ecoam os grandes pensadores econômicos Natan Blanche e Maílson da Nóbrega.
Não é por outra razão que se tornou um slogan sem ideias, incapazes inclusive de entender a nova lógica de realocação da poupança. E dispostos a serem a tutela do mundo. Como qualquer agente do governo chinês.
Nassif matou a pau esses "liberais" e as jabuticabas só nascem aqui,hehe
"Como assim? O que propõem, então, é que as famílias sejam tuteladas? "
É curioso que o Nassif fale em "consistência ideológica" usando um argumento desses, que é exatamente o que acontece com a "lei seca" e várias outras formas do Estado tutelar o cidadão livre.
comparação feita pelo sr Leonardo mostra que o autor de texto sabe do que escreve comparar beber e dirigir com o intromissão aonde vou gastar meu dinheiro é realmente muito inconsistente.
É isso aí, falou tudo!
Para remediar um mercado endividado, sugere-se crédito e financimanetos!
Coisa de M-A-L-U-C-O!!!!
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