terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O PAÍS DOS CEGOS, POR BOB SHARP

Enquanto aguardava o transporte do Aeroporto Tancredo Neves, em Confins, na Grande Belo Horizonte, para o hotel, por ocasião do lançamento do novo Palio, notei que havia táxis de cor branca e de outras cores, que logo soube, por um fiscal no local de parada de taxis, que os brancos eram os da capital e os coloridos, de municípios vizinhos. E notei que nenhum branco tinha "sacos de lixo" nos vidros.

No dia seguinte, na porta do hotel, vi alguns táxis estacionados na fila, só brancos, e perguntei aos motoristas se era proibido películas nos vidros, já que nenhum tinha. "A BHTrans não permite", respondeu um deles. "Desde que começamos a ser assaltados com mais freqüência e o marginal ficava escondido, não se pode mais escurecer os vidros, e tá certo", concluiu.




Em seguida fiz a foto acima, registrando o sinal de inteligência dos mineiros da capital do estado.

No começo de novembro fui a Portugal e de lá direto para os EUA, na Califórnia. Observando o tráfego nos dois países, vi o que eu já esperava: lá os motoristas têm visão de comando assegurada pela transparência regulamentar dos vidros. Nada de se esconderem e perderem a condição essencial para o dirigir seguro que aqui ocorre cada vez mais.

Felizmente, também por obra de campanha intensa de alguns jornalistas como Boris Feldman, de Minas Gerais, e Fernando Calmon e eu, daqui, começa a se formar consciência entre autoridades de que essa insanidade precisa acabar.

Recente matéria da TV Brasil, emissora pública de Brasília, diz que órgãos de trânsito do Distrito Federal e de seis estados já adquiriram o medidor de transmitância luminosa (o Translux II), de modo que agora a coisa deve pegar. Note uma entrevistada de carro com película e ainda por cima usando óculos de sol, dirigindo praticamente às cegas. Veja a matéria:
 

Há cerca de 30 dias alertei a Fenaseg, a federação das seguradoras, no sentido de motoristas privados de visibilidade serem potenciais causadores de acidentes, sugerindo à entidade não aceitar carros "filmados" nas vistorias quando da contratação do seguro ou não arcar com os custos de reparação de veículos acidentados que estejam nessa condição.
Também, já aconselhei as associações de concessionárias de todas as marcas a orientar as associadas a parar de oferecer a película com brinde aos compradores de carros zero-quilômetro – prática comum hoje – ou quem solicitar o "acessório" assinar termo isentando a concessionária de responsabilidade pela aplicação, com isso livrá-la de eventual ação de indenização por danos materiais e/ou morais caso, numa fiscalização, o motorista seja multado em R$ 127,69, tenha 5 pontos debitados em sua CNH e, pior, tenha de remover as peliculas no ato para poder seguir viagem.
Essa é uma brasilidade que precisa mesmo ter fim.

BS




2 comentários:

Anônimo disse...

Então meu caro, é assim que se faz no pais das maravilhas.... Pela falta de segurança cria-se alternativas impensáveis... O "saco de lixo" no vidro é uma alternativa a falta de segurança, pois ele impede que o criminoso veja o que ele pode roubar dentro do seu veiculo, ou em alguns casos, entrar literalmente no seu veiculo como acontece aqui em São Paulo,Sp. Nunca gostei de guiar com essa película, mas pela falta de segurança se faz necessário. È o rabo que balança o cachorro!

Anônimo disse...

Essa película piora e muito a vis.ão em qualquer parte na frente então é o fim da picada estamos em 2015 e até agora não vejo as autoridades fazerem nada.