quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

DE CARRO POR AÍ COM O NASSER





 edita@rnasser.com.br Fax: 55.61.3225.5511 Coluna 5011 14.dez.2011



O Ford Edge 2012 e a teoria de Milton

O mundo do automóvel tem coisas surpreendentes: há presidente de montadora que não conhece automóveis, e nunca havia entrado numa fábrica; há engenheiro que deles não gosta; relações públicas que detesta automóveis e quem deles goste; jornalista especializado que não sabe dirigir; outros que desconhecem história; publicitário que pensa que o mundo surgiu no dia de seu nascimento. Registros inacreditáveis.

Entretanto, a meu ver um dos pontos mais surpreendentes neste fascinante mundo, é que um dos credos, axioma respeitado, embora nem sempre com crédito ao autor, aliás ao cantor. Diz “o artista de ir onde o povo está“.

A frase está na música “Nos bailes da vida” dos mineirinhos Milton Nascimento e Fernando Brant. Obra de arte em música e marketing.

Regra geral, válida para tudo, no caso, adaptado ao tema da Coluna, o produto deve ser o que o comprador quer.

Suave, apreciadora de música e cinema, Lucíola Almeida, gerente de produto na Ford, deve ter-se lembrado da frase e visto as especificações dos carros do segmento, tomando um susto: brasileiro quer aparência, promessa visual e auto convencimento. Conteúdo, capacidades, habilidades, são itens desprezados na grandíssima maioria. É o que explica os Hyundai Tucson e i35, os Kia Sportage, os Honda CRV todos aparentando grandes capacidades de se impor e arrostar dificuldades, entretanto apenas automóveis com jeito de jipe, motores pequenos, tração simples. O Toyota RAV4 é o pico da falta de noção. O 4 da sigla sugere tração em todas as rodas, mas sua versão de entrada tem-na apenas nas dianteiras.

A Ford observou o perfil dos usuários, seu interesse tecnológico, casando com o caminho aberto pela matriz de desenvolver sistemas com a Microsoft, transformando seus produtos no de maior interatividade. Deve ter aplicado visão libertária fugindo da ditadura PP, do preto e do prata, outra trapalhada nacional.

Moldou o produto: variedade de cores, tração simples na dianteira, manteve o bom e moderno motor V6, 3.5 litros, 289 cv e bons 34 quilos de torque, preso a transmissão automática de 6 velocidades, conjunto acima dos demais tração simples do mercado, com motores no milhar de dois litros. A parte tecnológica tem Bluetooth, sistema multi mídia SYNC-Microsoft, GPS com mapas brasileiros, com ordens em português ilustrado com sinônimos, e tela de 8” por toque. E confortos como bancos com regulagem elétrica de 10 posições, câmera de ré, rodas 20”, som Sony Premium e a larga relação de confortos na versão superior, Limited, com tração em todas as rodas - AWD.

Em mais de 60 países, multi premiado, feito no Canadá, sem dispensa de impostos, a Ford vendeu 1.600 unidades até novembro deste ano. Quer mais em 2012. Se válida a Teoria de Milton, deve conseguir chegando onde o povo – e suas preferências – estão. E, em caso positivo, dar exemplar à dupla.


Quanto custa


SEL 119.900

Limited tração simples 133.000

Idem + teto panorâmico 142.000

Limited tração AWD 138.000

Idem + teto 147.000

            Edge tração simples, adequado à concorrência


       Mania de sem-sol, o teto panorâmico é 70% da área.

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Global, a nova Ford

As consequências do projeto de produtos globais enfim, chega ao Brasil. Produto global foi a diretriz que a Ford tomou para padronizar produtos, diminuir custos, não entrar na crise da indústria automobilística norte-americana que apequenou a GM e acabou com a independência da Chrysler. Na prática era acabar com a política cítrica – a que achava ser o mundo uma laranja fazendo produtos com alguma semelhança se estivessem no mesmo gomo. Pelo novo projeto, a padronização de produtos é para valer. Assim, se é para ter um pequeno utilitário esportivo aqui, outro eventual do mesmo porte, será exatamente igual.

O Brasil andou fora do negócio com o EcoSport, existente apenas aqui, assim como o novo Ka. Agora, em fim da vida útil, os sucessores falarão linguagem internacional. É o que justifica a apresentação do novo EcoSport num insólito 4 de janeiro, quando os compradores brasileiros migram ao verão: é que os indianos inaugurarão o Salão de Nova Déli no dia 5 e, nele, a maior atração da Ford será, exatamente, nosso primeiro produto globalizado, o EcoSport.

Apresentação não significará venda imediata. Demorará algum tempo, mas não como a projetada apresentação ao Salão do Automóvel, em outubro. É que os executivos da Ford tomaram um susto com o primeiro mês cheio nas vendas do novo concorrente Renault Duster. Sem os cuidados construtivos, ou as superfícies agradáveis ao toque, caracterizadores do Eco, mas como novidade, preço menor, maior volume e presença, o Duster vendeu mais, quebrando o encanto da inimaginável liderança de uma década.

A Ford Brasil tentou ignorar o fato; pensou passar batido; fingir não ser com ela; mas engasgada pela poeira levantada pelo Duster, tocou o alarme e resolveu assumir a realidade. Se o evento deixar de ser pontual e se tornar evidência, deve re alinhar os preços do Eco – em linguagem de mercado, reduzir ou criar vantagens financeiras -, e acelerar o projeto de lançamento.

Segundo um fornecedor, a Ford passou a mão no chicote para correr com o fornecimento das peças para o novo EcoSport.

As ilustrações foram colocadas na Internet pela Ford India, logo recolhidas, porém o blog auto argentino foi rápido e registrou.

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               Novo EcoSport, lançamento mundial 4 janeiro

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De Carro por Aí

De corrida – A Ford norte-americana fará 50 unidades do Cobra Jet Mustang para competições. Novos motores, 2.9 com compressor ou 5.0 aspirado, chassi mais leve, é vencedor da categoria NHRA desde 2009. Nos EUA, US$ 86 mil aspirado e US$ 93 mil com supercharger – respectivos e aproximados R$ 160 mil e R$ 180 mil.

Recorde – Novembro foi o melhor mês de vendas da história da Audi: 111.400 veículos, crescimento de 28%, devendo fechar o ano com 1,3M de vendas mundiais. Aqui, baixos números, 541 unidades em novembro, porém em percentual a marca cresceu 60% em relação a 2010. Dá certo o projeto de Paulo Kakinof, mandado da Alemanha para salvar a operação brasileira.

Mercoclio – R$ 180M – 400M de pesos – serão investidos pela Renault em 2012, na Argentina, para moldar outro veículo sobre a plataforma do Clio, fazendo Renault de entrada. Previsão de produção anual de 100 mil unidades.

Consumidor – O governo federal quer dar força ao consumidor. Deve criar Secretaria especial no âmbito do Ministério da Justiça, e ampliar a operação dos Procon.

Correção – A Honda corrigiu os dados que informou relativamente ao motor do Civic 2012: a razão de compressão não é 10,6:1 – mas 11,7:1; e o pico do torque ocorre a 5.000 rpm com álcool e 4.600 rpm movido por gasálcool.

Aproveita – Até dia 31 a Renault fomentará as vendas de seus comerciais Master pelo bolso: 40% de entrada, restante em 12 meses sem juros. Kangoo fomentado com 30% de entrada e 36 meses com taxa de 0,99%.

Racional – PSA, Peugeot Citröen é a primeira montadora a livrar o motor flex daquele penduricalho anti-tecnológico, o tanquinho de gasolina para partida a frio. Criou novidades como o aquecedor acionado quando a porta se abre.

Trato – Aplicou o Start Flex Bosch e fez meia-sola tecnológica no bloco de ferro: comando variável para a admissão; bomba de óleo com pressão variável; redução de atrito entre camisas, pistões e anéis; adotou a tendência mundial de privilegiar torque em baixa rotação. Como referência, é a maior potencia em 1.6 nacional: 122 cv com etanol.

Mais – Seu bom motor 1.4 com bloco de alumínio só deverá receber o tratamento ano próximo no pequeno 208

Família – Para ônibus a Scania apresenta linha de motores dentro da família mundial, com 9 e 13 litros e potências entre 250 e 440 cv. Unificação de blocos com aumento de cilindrada e novidades como pistão com anel raspador superior e, no carter, eixos contra rotantes eliminando vibrações de operação.

Off Road – Aproveitando segmento de máquinas agrícolas, industriais e geradores a MWM desenvolveu família de motores sobre a plataforma conhecida dos modulares 3, 4 e 6 cilindros. Leva o nome de MaxxForce e se antecipa às exigências, iniciando produzir no segundo semestre de 2012 pretendendo exportar para Europa e EUA.

Agencia – A sino-brasileira CR Zongshen, detentora da marca Kasinski, cresceu 140% relativamente a 2010 e com 2,8 % do mercado, contratou as agencias Leo /Burnett e Share Group. Quer crescer muito. Há espaço se os produtos forem bons. E separar dentre os chineses é que é.

Briminha – Brasiliense Felipe Nasr, vencedor do Sunoco Rolex 24 e campeão britânico de Fórmula 3 se prepara às 24 Horas de Daytona, EUA, 28 e 29 de janeiro. Fará oito sessões de treino a partir de 6 de janeiro. É vitrine mundial.

Generosidade – A revista Racing tem publicado textos de Bird Clemente, o ex-primeiro piloto profissional do país. Histórias saborosas, detalhes de poucos conhecidos, elegante, generoso. Neste mês fala sobre Wilsinho Fittipaldi.

Imprensa – Não lembrei e sintetizo lembrança do jornalista Rogério Louro registrada no sítio Jornalistas & Cia: um século da Revista de Automóveis, pioneira do setor, no Rio de Janeiro, quando a frota era mínima. Durou até poucos anos. O título foi retomado por Murilo Reis, também RJ, de 1954 a 1962. Atualmente é sítio do decano dos jornalistas especializados, o Mário Pati: www.revistadeautomovel.com.br

Gente – Dona Cristina Fernandes de Kirschner tomou posse para o segundo mandato presidencial na Argentina. OOOO Discurso de sobriedade para os novos tempos de improjetáveis dificuldades, e exemplo ao chegar de Passat CC, substituindo o Audi A8, maior e mais caro, até então utilizado. OOOO Efeito-demonstração: lá, como cá, o carro de serviço presidencial não é comprado, mas cedido. Aqui Ford, lá VW.OOOO

   



Um comentário:

O Corsário Viajante disse...

Edge tem o mesmo problema do Tiguan, custa caro e tem o mesmo porte de outros carros mais baratos, ainda que inferiores.
Acho boa notícia a ford querer "globalizar" a operação, porém este termo é muito complicado, afinal ela pode ter carros globais no design, mas não na mecânica, por exemplo. É esperar para ver o que vem por aí, até porque o brasileiro exige (será que ainda exige?) uma solução mecânica bem peculiar com motores flex.
E o EcoSport... Hahaha estou adorando. Duster está vendendo que nem água aqui em SP, já cansei de ver na rua. Acho que isso vai fazer com que o novo EcoSport venha mais barato.
Agora, o surpreendente é que demorou mais de oito anos para alguém lançar um concorrente direto!