segunda-feira, 27 de junho de 2016

Scrambler, as Ducati off

Desde tempos imemoriais que a moto é usada na terra, ou em vias de terra batida...


É preciso lembrar que asfalto e concreto vieram depois do veículo motorizado, a partir do século 20. Assim, os desatinados pela velocidade, os viciados na volúpia dos motores só tinham terra mesmo. Mas foi depois da segunda grande guerra que as corridas de terra tomaram impulso.

Os soldados voltavam do campo de batalha com experiência de confiar em sua habilidade e na moto para escapar das balas inimigas, e isso não levou muito tempo para virar um ramo do esporte em duas rodas. Principalmente na Inglaterra surgiram os Hare Scrambler
(corrida atrás da lebre...), ou enduros de maior distância, em oposição ao Motocross, uma corrida em pistas mais curtas ou limitadas a um circuito pré determinado. Foi nessa época que surgiram vários fabricantes de quadros especializados nesse tipo de competição. Eram caracterizadas por chassis mais fortes em resistência, mas sempre lutando contra o inimigo comum, que era o peso. A agilidade e a facilidade de controle em transições de rumo eram vitais para o sucesso dessas otos normalmente montadas com motores leves e bravinhos de Triumph e BSA monocilíndricos na faixa dos 500 cm³. O objetivo eram motos com o menor peso possível e o maior curso de suspensões imaginável para a tecnologia da época, pré mono choque. Foi a época da glória dos famosos quadros Métisse e Rickman. Que ensinaram aos japoneses como se faziam quadros eficientes e leves, mesmo com os motores arcaicos da mais fina manufatura britânica.


Uma das grandes expoentes dessa relativamente nova classe foi fabricada na Itália, em Bologna, pela Ducati. Seus motores monocilíndricos se prestavam muito a esse uso e o mercado explodia nos EUA dos anos 70. Foi nesse clima que apareceram as primeiras Ducati Scrambler de 250, 350 e 450 cc, com bancos menores, guidão alto e largo, pneus biscoitados, garfos e amortecedores com um pouco mais de curso para poder pegar o chão ruim sem perder a classe e o equilíbrio. Como eram leves por natureza, as Scrambler tiveram um relativo sucesso no maior mercado do mundo, o americano, e até algumas raras vieram paras aqui no Brasil. Foi na “boca” de SP, na loja do Latorre, o distribuidor da marca, que vi a primeira delas. Engraçado que ela não repetia o esquema de escapamento levantados à altura do joelho, como Honda CL 250 e 350 e as Triumph Trophy 500 adequadas à especialidade. Embora as Honda não tivessem nada mais do que escapes altos e o resto da parte ciclística fosse igual às CB normais, a Triumph já falava outras palavras na terra.

Nosso objeto do mês, a Ducati, era montada com uma relação curta na transmissão, para possibilitar mais retomada e energia que as motos de rua e, principalmente, um comando que favorecia mais o torque em baixa. O comando era um caso a parte pois não era montado com o sistema desmodrômico que abria e fechava as válvulas sem molas, om um balancim abrindo e outro fechando a válvula mecanicamente. Mesmo assim era acionado por um eixo vertical que saía do cárter (e do virabrequim) para subir ao cabeçote, onde outra engrenagem acionava a árvore de comando na cabeça. Dá para imaginar o barulho que isso faia com a vibração do monocilíndrico? Parecia que ia quebrar tudo.



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