Alta Roda nº 856 — Fernando Calmon — 29/9/15
ENRASCADA
PARA O DIESEL
Clima econômico (e da indústria
automobilística em particular), além do desânimo com os rumos do País cobraram
seu preço no 24º Congresso SAE Brasil de Tecnologia da Mobilidade. A exposição
de fabricantes e fornecedores do setor encolheu, porém 9.000 visitantes comprovam
o interesse.
Produtividade foi bastante discutida e tem
muito a avançar no Brasil. Entre as novidades destaque para o sistema avançado
de injeção de combustível indireta, no duto (que ainda está em 60% dos motores
atuais de ciclo Otto no mundo), apresentado pela Bosch. São dois injetores por cilindro
e pode ser nacionalizado a preço competitivo. Potencialmente, reduz consumo de
etanol e gasolina em até 12% em motores aqui produzidos.
Nos corredores do congresso o assunto mais
comentado foi o grave erro da Volkswagen envolvendo os motores a diesel
vendidos no mercado americano. O problema, revelado por um pesquisador de uma
universidade dos EUA, desnudou desconfianças pré-existentes em relação aos
métodos de aferição de emissões veiculares. A empresa admitiu que houve fraude,
inclusive nos países europeus, onde a penetração desse tipo de motor atinge, na
média, cerca de 50% dos veículos leves.
O presidente executivo do Grupo VW, Martin
Winterkorn, se demitiu e a empresa reconheceu que 11 milhões de unidades, em um
balanço inicial, terão que ser convocados para troca da central de
gerenciamento dos motores. O prejuízo potencial é de US$ 18 bilhões, segundo
estimativas de especialistas.
Essa coluna sempre teve posição crítica em
relação ao uso de diesel em automóveis por se mostrar uma escolha errada,
desnecessária e cara em qualquer lugar do mundo. Por que caminhões e carros deveriam
usar o mesmo combustível, se os motores de ciclo Otto dão conta do recado em
veículos leves, sem as terríveis complicações sobejamente conhecidas sobre
emissões de óxidos de nitrogênio (NOx)? Motores a diesel consomem menos
combustível e, portanto, emitem menos CO2. Mas, a que custo?
Há cinco anos ninguém acreditava que um
motor a gasolina pudesse emitir menos de 100 g/km de CO2. Pois o VW
Golf 1.0 TSI (mesmo motor do up! TSI brasileiro, porém com 10 cv a mais) já
está à venda na Europa e emite apenas 99 g/km. Marcas japonesas há mais de 30
anos vislumbraram a enrascada que os motores a diesel para veículos leves iriam
sofrer em razão de NOx. Toyota optou pelo híbrido a gasolina com ajuda de um
pequeno motor elétrico.
Sobre fraude, lembrar que em 1995, no “patropi
abençoado por Deus”, a atual líder do mercado nacional também se encrencou. Recebeu
multa simbólica equivalente a US$ 10 por cada um dos 300.000 carros produzidos
em três anos em desacordo com a legislação de emissões da época. E a vida
continuou.
Hoje, o cenário está sombrio para o grupo
alemão, que terminou o primeiro semestre deste ano como maior fabricante mundial
de automóveis e comerciais leves. Mas as três grandes marcas americanas e duas
das maiores japonesas tiveram prejuízos monumentais em casos de acidentes
fatais e recalls não executados. E sobreviveram. A VW admitiu a culpa de
imediato (castigo talvez seja amenizado), mas é cedo para saber dos
desdobramentos.
RODA VIVA
RODA VIVA
FIAT confirma que sua primeira picape média de quatro portas se chamará
mesmo Toro (soa parecido a “touro” e leve referência a Torino, cidade-sede da
marca italiana). Empresa identifica o modelo como SUP (Picape Utilitário
Esporte, em tradução livre para português). Arquitetura deriva do Jeep
Renegade, mas, além da carroceria, tudo é novo do eixo dianteiro para trás.
NADA de dormir sobre louros. Hyundai HB20, ano-modelo 2016, recebeu
retoques em grade e para-choque dianteiros, luzes diurnas de LED,
ar-condicionado digital e nova central multimídia. Agora, câmbios manual e
automático têm seis marchas, bem melhor que antes. Novos amortecedores
eliminaram ruídos de nascença. Preços vão de R$ 38.995 a R$ 63.535.
ALEMÃES que se cuidem com ataque inglês. Jaguar XE desafia Série 3, Classe
C e A4 sem poupar munição: tração traseira, mais de 75% da estrutura em
alumínio, suspensões muito eficientes, linhas arrojadas, bom espaço interno e porta-malas
razoável (455 litros). Além do 4 cil./240 cv, um V-6 (compressor), 340 cv/46
kgfm, 0 a 100 km/h em 5,1 s. R$ 169.900 a R$ 299.900.
GOLF VARIANT é, de fato, uma
station de virar a cabeça ao passar. Pena que esse segmento tenha sido quase
totalmente “engolido” pelos crossovers e SUVs. Agora com arquitetura MQB, 109
kg a menos de peso que a anterior Jetta Variant, tem um motor 1,4 turbo que
encanta pelo torque de 25,5 kgfm entre 1.500 e 3.500 rpm. Porta-malas enorme:
605 litros.
SERVIÇO remoto OnStar chega no Chevrolet Cruze com mais de 20 funções
específicas para o mercado brasileiro, em patamar bem superior ao existente por
aqui. Conectividade é garantida por chip de celular dedicado e será gratuito
nos primeiros 12 meses. Ainda sem definição valores de anuidades, mas seguradoras
também gostam desses serviços.
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