Quanto mais os engenheiros investem em novas tecnologias, mais a legião de “técnicos de araque” bota tudo a perder…
Gampinho – Cinto de segurança foi inventado (pela Volvo) em 1959 e desde então já se desenvolveram centenas de pesquisas para torná-lo mais eficiente. Uma das tecnologias é o pré-tensionamento. Dispositivo que aperta o cinto contra o corpo na iminência de um impacto, eliminando a folga entre ele e o tórax. Depois destas pesquisas de milhões de dólares, o motorista pára na esquina e compra um “grampinho” por R$ 10, que “segura” o cinto e evita que ele fique ajustado ao corpo, deixando-o folgado e mais “confortável” para o motorista. Que, com “dez real”, jogou por terra os milhões investidos pelos engenheiros para melhor protegê-lo.
“Dedo de ouro” – Você encosta para abastecer, o frentista aciona a bomba e deixa no abastecimento automático. E vai conferir níveis de óleo, água etc. Sua primeira “pérola” é colocar uma gota de óleo entre os dedos e alertar o motorista para a necessidade de trocá-lo pois já perdeu a viscosidade. Ou por estar muito “escuro”… A segunda investida do solícito frentista é voltar para a bomba, perceber que o automático já cortou o abastecimento e continuar acionando o bico para encher o tanque até a “boca”. Além da possibilidade de o combustível se derramar na pintura, ele vai chegar em estado líquido e danificar o cânister, filtro que deveria receber apenas os gases do tanque para evitar a poluição da atmosfera.
Duvide-o-dó – Fábricas testam seus automóveis rodando milhões de quilômetros, os motores funcionam milhares de horas no laboratório até que os engenheiros, munidos deste arsenal de dados, estabelecem na central eletrônica os melhores parâmetros para equilibrar potência, torque, rotação, consumo e emissões, tanto no modo econômico como no esportivo. Aí vem a oficina especializada em “tuning”, muda o chip e garante maior desempenho e redução de consumo e emissões. Desempenho pode ser, mas o resto… eu duvi-de-o-dó.
Calibragem – Fabricantes de pneus e de automóveis desenvolvem seus produtos em conjunto e, depois de uma batelada de ensaios e testes, determinam sua calibragem ideal. Entretanto, o dono do carro acaba sendo contemplado, via internet (a mais completa fonte de informações de araque, falsas e comprometedoras…), com a dica de que seu carro fica muito mais confortável com a pressão reduzida em 15%. Ou, com o consumo reduzido se subir a calibragem em 15%. Pode ser mesmo que o pneu “murcho” deixe o carro mais macio e o mais “duro” reduza o consumo. São, entretanto, alterações que prejudicam a vida útil do pneu, comprometem segurança e suspensão. E que se danem as recomendações da fábrica, que entende muito menos de automóvel que os internautas de plantão.
Assentos extras – Antes de se lançar a picape derivada de carro compacto com cabine dupla, tinha a estendida. Atrás dos bancos dianteiros, um espaço para se acomodar bagagem, pacotes etc. Em algumas, um grande degrau, espécie de plataforma elevada em toda a traseira da cabine, de lado a lado. Não precisou de muito mais para os engenheiros “de araque” de concessionárias e oficinas transformarem aquele espaço em dois ”assentos” extras, revestimento a chapa com espuma e improvisando dois cintos de segurança. Mas, onde eram fixados os cintos? Os “engenheiros” não pensaram duas vezes e abriram furos nas colunas laterais, no assoalho e o problema estava “solucionado”. Como as fixações dos cintos não tinham sido projetados pela fábrica, no caso de um acidente com impacto frontal, os passageiros nestes dois “assentos” sairiam voando com coluna, parafuso, cinto…
BF
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