DADOS INCONGRUENTES
A importância da
manutenção e suas despesas não é tão valorada quando se vai comprar um carro
novo. À medida que o veículo roda, os custos sobem. Donos de modelos mais
velhos tendem a negligenciar os gastos com oficina, até por limitações
financeiras. Daí a importância da ITV (Inspeção Técnica Veicular) para a
segurança do trânsito, obrigatória há mais de 15 anos. Apenas o Estado do Rio
de Janeiro implantou um arremedo de ITV, malfeita e mal controlada. Acham que é
melhor que nada...
Comparar custos de
manutenção entre mais de 400 modelos (sem contar as versões) de 50 marcas
disponíveis no mercado brasileiro é tarefa difícil e ingrata. Mas o Cesvi
(Centro de Experimentação e Segurança Viária) se voluntariou a criar o seu IMV
(Índice de Manutenção Veicular). Para tanto, incluiu itens de manutenção
periódica – óleo, fluidos e filtros – e de manutenção preventiva – embreagem,
amortecedores, velas, cabos, elementos de freios, pneus, palhetas e correias. Os
conceitos estão certos, por evitarem a bem mais cara manutenção corretiva. Se
negligenciadas, podem se tornar ameaça à segurança de todos.
Estabeleceu ainda
parâmetros adequados, como os primeiros 100 mil quilômetros, e levantou valores
médios de mão de obra em concessionárias de dez marcas por todo o Brasil.
Quando não conseguiu o tempo-padrão de reparo, considerou 100 horas de
manutenção naquela quilometragem e aí pode ter surgido a primeira distorção. O
índice varia de 10 (até R$ 5.000 de gastos totais em 100 mil quilômetros) a 60
(mais de R$ 29.500) e contempla 86 modelos mais vendidos pelo (discutível)
critério da Fenabrave (associação de concessionários).
O grande problema do IMV é
desconsiderar que manutenção leva em conta também tempo, independentemente da
quilometragem rodada, para itens como óleo do motor e fluido de freio. Outro
equívoco foi estabelecer a média de 20 mil quilômetros por ano para seus
cálculos. Consultadas pela Coluna, Chevrolet, Fiat e Ford (Volkswagen não
respondeu) informaram que a média anual registrada é de cerca de 12 mil km. Os
fabricantes estabelecem prazo de um ano para troca de óleo do motor, mas fazem
ressalvas de quilometragem-limite e tipo de tráfego. A Volkswagen é a única que
obriga a troca semestral de óleo do motor. Ford tinha essa política estranha,
mas agora mudou para um esquema de troca semestral só nos seis primeiros meses
de uso; depois, o ciclo vira anual.
Em alguns países já se
adotou a troca de óleo bienal, favorável ao meio ambiente.
A tabela publicada pelo
Cesvi traz outras distorções. Desconsidera, por exemplo, o dobro do número de
vezes que um cliente Volkswagen tem que ir à oficina para troca de óleo
rotineira, o que traz custos indiretos de tempo e deslocamentos. Os modelos
mais bem classificados, nota 20, foram: Volkswagen Gol e Voyage 1.0; Chevrolet
Celta 1.0; Fiat Uno e Fiorino 1.4; Toyota Etios hatch e sedã 1.5. Versões 1.0
do Uno, mais vendidas que as de 1,4 litro, nem estão na lista. Outro ponto
intrigante: enquanto Renault Sandero 1.0 e 1.6 aparecem com nota 25, o Logan,
que conta com mesma plataforma e conjunto mecânico, alcança índices melhores,
23 (1.0) e 24 (1.6).
O Cesvi é uma entidade
séria, mas poderia estudar melhor os critérios, rever cálculos e aprimorar a
divulgação para evitar dados incongruentes.
RODA VIVA
PREVISÕES de economistas na pesquisa Focus, do
Banco Central, indicam queda de 2% do PIB brasileiro em 2015. Indústria automobilística,
por sua extensa cadeia, representa 5% do PIB. Queda de produção (inclui
exportações) e de vendas será em torno de 20% este ano. Ou seja, um ponto
percentual do recuo da economia, em termos nominais, virá dos veículos.
DEFINIDOS os preços do Jaguar XE, sedã médio-grande
inglês para atuar na faixa mais disputada de modelos de alta gama (A4, Classe C
e Série 3, em especial). Começa em R$ 169.900 (2 litros turbo/240 cv) e
vai a R$ 299.000 (3 litros V-6 compressor/340 cv). Meta de 600 unidades nos
primeiros 12 meses, com plano especial de financiamento nas 33 concessionárias.
TANTO na versão de topo Titanium (2
litros/178 cv), quanto na de entrada (1,6 litro/135 cv), o Focus hatch 2016
mantém qualidades dinâmicas ainda melhores que antes. Em avaliação no
cotidiano, motor de menor potência com câmbio manual dá conta do recado. No
mais potente, câmbio automatizado (6 marchas) podia ter trocas mais rápidas. O
carro é bem silencioso.
BMW superou objetivos com o evento
itinerante Ultimate Experience. Só em São Paulo, mais de 750 testes de direção
com 16 modelos da marca alemã. A linha M, de alto desempenho, representa aqui
4% das vendas totais contra 2% da média mundial. Mais impressionante é o M4
Coupé: 431 cv, 56 kgfm, 0 a 100 km/h em 4,1 s. Joerg Bartels, especialista da
divisão, veio ao Brasil.
EMPRESA de energia da Califórnia está pagando US$ 1.000 a cada um de 100
proprietários selecionados do elétrico BMW i3 para participar de um programa de
18 meses de “reeducação”. Única condição: licença para avisar que a recarga das
baterias seja evitada em horários de pico. Nos EUA já há preocupação com eventuais
problemas de início de noite. Mau sinal...
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