sábado, 29 de agosto de 2015

OPINIÃO COM BORIS FELDMAN



Ao comprar um automóvel, freguês deveria se cercar de racionalidade. Mas, no frigir dos ovos, valem mesmo as “emocionalidades”…

Na semana passada  comentei aqui sobre a racionalidade (ou não) na compra de um automóvel. Recebi vaias e aplausos. As primeiras, de quem detesta ter que agir sempre racionalmente, sem dar espaço à emoção. Aprovaram os que pensam cartesianamente…
O que caracteriza a compra racional de um automóvel?
1 – Pesquisar se tem razoável valor de revenda. Afinal, ninguém está a fim de perder muita grana ao passar o automóvel para frente;
2 – Verificar (tem tabela do Inmetro) o nível de consumo de combustível. É uma despesa semanal que, no final do ano, provoca um razoável rombo no saldo bancário;
3 – Pós-venda. A capilaridade da rede de concessionárias, a qualidade de seus serviços, o estoque de peças de reposição, a eficiência e a rapidez do reparo;
4 – Custo de manutenção. Quanto se vai pagar pelas peças e mão de obra nas revisões do carro, principalmente se for importado, pois tem marcas que não hesitam em “enfiar a mão” depois que o cliente está conquistado;
5 – Orçar o seguro. Seu custo pode ser elevado e assustar quem não procurou se informar antes de fechar o negócio. Modelos que fazem sucesso entre os amigos do alheio pesam os cálculos estatísticos das companhias seguradoras. Dois automóveis podem custam o mesmo, mas, na hora do seguro, o de um pode ser o dobro do outro.
6 – Como se comporta o carro num crash test? Quantas estrelas recebeu ao ser contra a parede? Qual o nível de proteção aos adultos e crianças no banco traseiro? Oferece, pelo menos opcionalmente, dispositivos eletrônicos de segurança ativa e passiva? Controle de estabilidade (ESC), airbagslaterais? Ou nada disso é necessário, pois acidente só acontece com os outros (…)?
7 – Índices de reparabilidade. Emitidos pelo Cesvi, permitem comparar o custo do reparo de dois automóveis. Quanto menor o índice, mais barato o conserto depois de uma batida. Quanto menor o valor do reparo, menor também o custo da apólice de seguro;
8 – Espaço interno. Indispensável avaliar o banco traseiro, principalmente quem tem filho com quase dois metros de altura. Além disso, se toda a família viaja reunida nas férias, nada como verificar o volume do porta-malas.
9 – Sobressalente. Quantos motoristas se esquecem de verificar a posição do estepe e a dificuldade para retirá-lo quando necessário. Em alguns modelos, ficam sob a carroceria, exigindo verdadeiro contorcionismo na operação para substituí-lo pelo outro que se danificou;
10 – Desempenho. O cliente até saiu com o carro para um test-drive. Mas foi sozinho com o vendedor, gostou da performance e fechou negócio. Dias depois, com toda a família, cinco pessoas mais bagagem, não conseguiu subir nem a rampa para sair da garage do prédio. Filhos tiveram que desocupar o banco traseiro para aliviar o peso…
Depois de todo este blá…blá…blá para lembrar as racionalidades que indicam a conveniência (ou não…) daquele automóvel, existem algumas outras alternativas. O critério racional dá lugar às “emocionalidades”, entre elas:
1 – A mulher entra no showroom, vê o carro e diz: “Arrasou!”. E fecha o negócio;
2 – O homem entra no showroom, vê a ficha técnica e diz: “Quero este foguetinho!”. E fecha o negócio;
3 – O jovem entra no showroom, vê o conversível e diz: “Perfeito para a balada!”. E fecha o negócio…
No frigir dos ovos: razão ou emoção? Resposta por conta do Paulo Keller, que disse (muito bem dito) recentemente no Ae: “Mas o ser humano não é só racional. A parte emocional que nos habita nos torna bem complexos. E é essa parte que deve tomar conta do desejo e suas facetas”.
BF

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