Alta Roda nº 826 — Fernando Calmon — 3/3/15
INVASÃO
DE ÁREA
Uber, Google e Apple. O que estes três
nomes da indústria de telemática e aplicativos têm a ver com coluna sobre
Automóveis? Tudo. Google e Apple dispensam apresentações, mas Uber é a empresa que
desenvolveu um aplicativo para telefones inteligentes que facilita oferecer
caronas entre pessoas conhecidas ou não.
Evolução foi rápida, mas as coisas
encrencaram quando se iniciou, digamos, a “profissionalização”, algo mais de
que dividir combustível, taxas, pedágios, manutenção e – por que não? – uma
remuneração básica... Em vários países os taxistas consideraram o serviço uma concorrência
desleal e ilegal. Imagine o caso de Londres e seus milhares de ruas estreitas,
curtas e nomes variados. Um profissional para trabalhar na capital inglesa passa
por severas exigências, inclusive de saber percursos de cor. Em plena era do
navegador GPS essa decoreba não deveria fazer mais sentido.
Uber colecionou vários processos de
banimento ao redor do mundo, inclusive no Rio de Janeiro. Envolveu-se também em
polêmicas por tentar prejudicar aplicativos concorrentes. Até o Goggle resolveu
participar do capital da empresa americana e, segundo especulações, a gigante
californiana ensaia lançar seu próprio aplicativo de caronas, inicialmente para
seus funcionários.
UMA SIMULAÇÃO DO CARRO DA APPLE |
O passo seguinte é fácil de entender. A
menos conhecida entre as três marcas citadas montou uma parceria com a Universidade
Carnegie Mellon, dos EUA, para desenvolver carros sem motoristas. Na realidade
poderia produzir uma frota de táxis autônomos. Se hoje parece loucura, na
projeção de uma década ou menos pode não ser.
Google já tem alguns carros autônomos em
testes autorizados por ruas e estradas da Califórnia. Sua arquirrival Apple,
obviamente, nunca vai querer ficar para trás. Há informações de que um dos
projetos secretos da criadora do telefone inteligente seria desenvolver e
lançar um carro elétrico. Pode ser apenas coincidência, porém vários executivos
e engenheiros da indústria automobilística foram contratados pela Apple nos
últimos anos. A Tesla, que produz o sedã elétrico grande Model S, se queixou de
aliciamento de alguns de seus funcionários.
No entanto, os dois gigantes da telemática
devem saber sobre os grandes riscos inerentes à indústria de veículos. Há fases
boas e ruins, alternância de lucros e prejuízos, sem contar exigências de
capital e regulamentos de emissões e segurança. Além disso, os fornecedores de
componentes e autopeças muitas vezes são ajudados nos gastos de pesquisa e
desenvolvimento. Improvável os fabricantes automobilísticos assistirem passivos
a todas essas mudanças, inclusive em relação à invasão de áreas e competências.
O CARRO AUTONOMO ATUAL DO GOOGLE |
Trata-se de realidades industriais e de rentabilidade
financeira bastante diferentes de um veiculo com 4.000 a 5.000 peças. Google iniciou
uma aproximação com os cinco maiores conglomerados de marcas. “Eles têm muito a
oferecer”, disse Chris Urmson, diretor do programa de carros autônomos. Seria
ótimo também se a autonomia de um automóvel elétrico fosse bem maior do que 8 a
12 horas de um telefone inteligente usado normalmente.
RODA VIVA
COTAÇÃO do dólar beirando os R$ 3,00 já diminuiu a distância de preços
entre automóveis vendidos no Brasil e nos EUA. Basta fazer comparação com as
versões equivalentes de modelos nos dois mercados, não apenas de versões de
entrada. Ao retirar a carga de impostos – aqui a maior do mundo, lá a menor –
muita gente terá surpresas. Há previsões de o dólar superar os R$ 3,00 até o
final do ano.
VOLKSWAGEN incluiu retoques de estilo na frente e na traseira, inclusive na tampa
do porta-malas para melhorar o acesso, no Jetta 2015, ainda importado. O de
topo Highline tem motor turbo de 2 L/211 cv e continuará vindo do México,
enquanto o de entrada e o intermediário serão montados (pouco conteúdo
nacional) em São Bernardo do Campo (SP). O sedã agora começa em R$ 75.000, mas com
motor 2 L de apenas 120 cv. Não existe mais câmbio manual: todos são
automáticos. O novo 1,4 L turboflex nacionalizado, do Golf e sedã A3 paranaenses,
também estará no Jetta, segundo fontes da Coluna. Tudo, porém, no segundo
semestre do ano.
CIVIC Si cupê atrai olhares
por onde passa e resgata a sensação ainda inebriante de poder esticar as marchas
na faixa das 7.000 rpm – ao contrário de um motor turboalimentado. Seu motor
aspirado de 2,4L/206 cv combinado unicamente ao câmbio manual de 6 marchas (sem
opção de automático), suspensões bem firmes e equipamento de ótimo nível estão
na medida certa. Distoa apenas o aerofólio traseiro algo exagerado que acaba
atrapalhando um pouco a retrovisibilidade. E, claro, preço puxado, pois vem do
Canadá.
TOUAREG recebeu discretas atualizações na dianteira e na traseira. Todas as
versões 2015 continuam com tração 4x4 e dividem arquitetura com Porsche Cayenne.
SUV de topo da VW oferece motor V-8 de 360 cv (80 cv a mais que o V-6) e incorporou
agora o pacote estético R-Line. Faixas de preço entre R$ 250.000 e R$ 300.000.
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fernando@calmon.jor.br e twitter.com/fernandocalmon
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