Alta Roda nº 828 — Fernando Calmon — 17/3/15
BRIGA
SERÁ MUITO BOA
Cenário raro em termos de lançamento no
Brasil: três modelos estreiam ao longo de 30 dias para disputar o mesmo mercado
de SUVs compactos, que os americanos também chamam de crossovers só por ter
aspecto de utilitário porém com estrutura monobloco e mais baixos.
Conceitualmente crossover é mais do que isso e o Honda HR-V “abre os
trabalhos”, seguido nas próximas três semanas pelo Jeep Renegade e Peugeot
2008. Um degrau acima em porte, ainda em abril, estreará o chinês JAC T6.
HONDA HR-V |
O EcoSport criou, em fevereiro de 2003, o
que seria considerado pouco mais que um nicho. Ideia nasceu no Brasil, cresceu
em vendas de modo impressionante e o modelo da Ford só teria concorrente em
outubro de 2011, Renault Duster. O mexicano Chevrolet Tracker surgiu em outubro
de 2013 e enfrenta cota de importação.
Suzuki Jimny, de tração 4x4 temporária, não
se enquadra exatamente no conceito. Chegou do Japão em 1998,
JEEP RENEGADE |
saiu de mercado,
mas em 2012 passou a ser fabricado aqui. O goiano Mitsubishi TR4, de 2002
(também diferenciado pela tração 4x4 não permanente) cumpriu papel modesto, mas
já saiu de produção.
O HR-V pretende ser nova referência dentro
desse segmento e deve incomodar bastante Ford, Renault, Jeep e Peugeot. Em relação
ao líder EcoSport tem 5 cm
a mais no comprimento, porém garante espaço interno maior pelos 9 cm extras de entre-eixos.
Mesmo sendo 11 cm
mais baixo que o pioneiro rival, só pessoas com mais de 1,85 m tocam de leve a
cabeça no teto, porém há recurso de reclinar — pouco — o encosto do banco
traseiro.
Estilo é marcante e harmônico sem estepe
pendurado na porta de carga (ótimos 437 litros ) e maçanetas traseiras ocultadas nas
colunas traseiras. Na parte interna, quadro de instrumentos, volante pequeno diâmetro
ajustável em dois planos e console central com a parte inferior vazada agradam.
Como o ar-condicionado digital não é de duas zonas, a Honda criou uma discreta
saída de ar tripla de fluxo diferenciado e regulável mais facilmente pelo
passageiro.
JAC T6 |
Recurso inédito e de série entre os carros
aqui produzidos, o freio de estacionamento elétrico acionado por botão a tem
liberação automática ao se tocar o acelerador. No para-e-anda do trânsito é um
recurso de extremo valor, quanto mais que 99% dos HR-V serão produzidos apenas
com câmbio automático CVT de sete marchas virtuais. Compensa com folga a
ausência de itens secundários, a exemplo do sensor de iluminação para
acendimento dos faróis.
A Honda fez um balanceamento de custos
razoável entre as versões, a partir de R$ 69.900 (LX, de câmbio manual e rodas
de aço, representará simbólico 1% das vendas, ou seja, só para constar).
Intermediária EX custa R$ 80.400, sem GPS. A de topo, por R$ 88.700, tem GPS e
inédita tela tátil (entre carros nacionais) que aceita movimentos de pinça com
os dedos. Carros japoneses e alemães não são baratos e isso não vai mudar. Por
acaso, dominam vendas no mundo...
Dinamicamente o HR-V vai muito bem, embora
deva um pouco de potência para sua massa de 1.271 kg . A exemplo de
todo câmbio CVT, quando se exige a fundo o motor, apresenta comportamento
linear sem entusiasmo. Em acelerações normais é aceitável, inclusive pelo
freio-motor e seleção manual de “marchas”.
O motor flex de 1,8 L (igual ao do Civic com
câmbio automático convencional) entrega 139 cv/etanol e 140 cv/gasolina. Na
prática não muda nada, mas é estranho no caso de motores aspirados (sem turbo).
Fabricante atribui aos câmbios diferentes e à necessidade de conter consumo com
etanol.
RODA VIVA
COTAÇÃO do dólar, que atingiu R$ 3,25 na semana passada (Anfavea previu R$
3,10 para dezembro), muda de forma radical as tais comparações de preços
alopradas feitas há menos de dois anos. A referência eram carros “idênticos”
vendidos no exterior, em especial nos EUA, onde a carga de impostos é menos de
um terço da brasileira. Muitos se revoltaram. Coluna voltará ao assunto em
breve para pôr pingo nos is.
MINI 4 PORTAS |
MINI passa a oferecer Cooper (R$ 105.950) e Cooper S (R$ 123.500) com
quatro portas, de melhor acesso ao banco traseiro. Cresceu 16 cm no comprimento (7,2 cm no entre-eixos), mas
largura mantida em 1,72 m
não ajuda no conforto de quem vai atrás. Essencialmente, trata-se de carro de
imagem para 2 adultos + 2 crianças. Motores turbo de 1,5 L (3-cilindros, 136 cv) e
2 L (192
cv), por ora só a gasolina.
LEXUS NX200t |
MOTOR turbo dá nova vida ao redesenhado (no final de 2013) Lexus NX 200t,
que chega ao Brasil a partir de R$ 216.300. Marca do Grupo Toyota (antes o
menos entusiasmado com motores superalimentados) tem forte presença
mercadológica nos EUA e se esforça para se tornar mais conhecida no Brasil. Seu
estilo agrada bastante, acabamento é ótimo, salvo pormenores pouco visíveis.
HONDA CIVIC TYPE R |
CORREÇÃO. Ao contrário do Focus RS (320 cv), o hatch médio-compacto Honda
Civic Type R (310 cv), citado na coluna da semana passada como uma das atrações
do Salão de Genebra encerrado dia 15 último, tem tração apenas dianteira e não
nas quatro rodas como seu rival.
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fernando@calmon.jor.br e twitter.com/fernandocalmon
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