Alta Roda nº 817 — Fernando Calmon — 30/12/14
FUTURO
SEM ACIDENTES
Embora o entusiasmo revelado por alguns
fabricantes sobre a possibilidade de, a partir de 2020, ter início a era dos carros
de direção autônoma, em que o motorista só vai dirigir se for seu desejo, ainda
há vários obstáculos técnicos, de legislação e até de comportamento a superar.
Antes disso, há necessidade de regulamentar e implantar uma nova tecnologia
essencial conhecida como V2V (sigla inglesa para veículo a veículo,) que
permitirá uma verdadeira e extensa comunicação entre automóveis e destes com a
via.
O Departamento de Transportes (DOT, em
inglês) e a Administração Nacional de Segurança de Tráfego Rodoviário (NHTSA,
em inglês), ambos dos EUA, acabam de se unir para propor uma legislação
específica que entrará em vigor em 2016. Sem uma série de protocolos, regulação
do espectro de ondas magnéticas, confiabilidade, privacidade, custos e,
principalmente, segurança nada poderá avançar. Sem isso não existirá o veículo
autônomo.
Aspectos importantes de como evitar
colisões e/ou atropelamentos estão mais próximos de alcançar em larga escala os
carros comuns desde já. Tecnologia V2V tem potencial de se fundir aos vários
recursos hoje já existentes – desde controle adaptativo de velocidade de
cruzeiro até o alerta de mudança de faixa – e proporcionar um grau de proteção
quase absoluto envolvendo todos os carros em circulação. Por isso, o potencial
de chegar a praticamente zero em acidentes de trânsito há muito deixou de
significar peça de ficção científica, apesar do longo tempo de desenvolvimento
ainda necessário.
Haverá etapas a superar. Segundo o DOT e a
NHTSA, apenas o Assistente de Conversão à Esquerda (ACE) e o Assistente de
Movimentação em Cruzamentos (AMC) poderiam evitar quase 600.000 acidentes e
poupar 1.100 vidas naquele país, anualmente. ACE adverte o motorista que não
avaliou bem distância e velocidade de um veículo em sentido contrário e o AMC
avisa que existe alta possibilidade de colisão com um ou mais veículos
independentemente de semáforo.
A partir do momento que todo o parque
circulante dispuser da tecnologia V2V, em vez de uma simples luz piscando no
quadro de instrumentos ou sinal sonoro, o sistema poderá inibir o avanço do
carro com potencial de causar acidente. Informações trocadas entre veículos se
limitarão a dados básicos de segurança, sem identificação que ameace a
privacidade dos envolvidos.
Na Europa trabalha-se em projetos
semelhantes entre eles o RACE, acrônimo em inglês para Ambiente Computacional
Automotivo Robusto e Confiável para o Futuro Eletrônico dos Carros. Hoje, um
automóvel comum pode conter até 70 sistemas de controle, incluídos os de
segurança, sem contar milhares de subfunções, tudo interagindo. Intenção do
RACE é criar uma única arquitetura computacional centralizada e padronizada.
Enfoque se aproxima dos sistemas sem fio e
de outras tecnologias existentes nos aviões. Permite designar rápido e
facilmente novas funções, além de disponibilizar atualizações à semelhança dos
telefones inteligentes. Trata-se de ferramenta de conectividade essencial para
carros autônomos e segurança do tráfego.
Futuro sem acidentes será muito bem vindo.
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fernando@calmon.jor.br e twitter.com/fernandocalmon
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