FILÃO
SEM DONOS
Muito se comenta sobre sistemas de direção
autônomos ou semiautônomos para revolucionar a maneira de guiar. Além de
aumentar a segurança ativa/preditiva, aliviar o estresse no trânsito congestionado
ou em monótonas viagens, o motorista poderá assumir o comando quando lhe for
prazeroso. Essas tecnologias passarão por complexas regulamentações técnicas,
legislativas e jurídicas, ainda em estudos profundos. Os grandes fabricantes
mundiais de veículos trabalham com fervor nesse objetivo e estão numa
verdadeira corrida tecnológica. Ninguém quer ficar para trás, mesmo sem
enxergar bem o que está na linha de chegada.
Nada impede, porém, que empresas como
Google e Apple de investir pesadamente no desenvolvimento de automóveis
autônomos. Ainda são nebulosos os planos desses gigantes da teleinformática. A
Apple nem ao menos deixa escapar o que realmente prepara nesse campo. Google
tem até um protótipo de um microcarro próprio em testes nas ruas da Califórnia.
Entretanto, no recente Salão do Automóvel de Frankfurt, a empresa afirmou pela
primeira vez não pretender construir ou administrar uma fábrica de automóveis,
o que causou surpresa.
Fornecedores da indústria de autopeças
desenvolvem grandes projetos em conjunto com fabricantes de veículos e criam
vínculos difíceis de desfazer em favor de empresas de outros setores. Isso não
significa situação imutável. Um exemplo é a Tesla, fabricante independente
americano de sedãs elétricos, que partiu do zero e tentará voos mais altos.
Já os fornecedores de autopeças poderiam se
juntar para desenvolver e fabricar um carro, porém nada indica que o farão. Mas
é possível projetar um automóvel de demonstração, como fez a ZF com o seu
Veículo Urbano Avançado (VUA), apresentado um mês antes do Salão de Frankfurt.
Trata-se de um subcompacto, sem arroubos de estilo, apenas para reafirmar sua
capacitação tecnológica ampliada após adquirir a americana TRW.
A ZF produziu o VUA elétrico em suas
próprias instalações, focado em maneabilidade urbana e assistência semiautônoma
para melhorar conforto, conveniência, segurança e eficiência também em
estradas. Um dos destaques é o volante de direção multifuncional capaz de
detectar as mãos do motorista (e assumir parte dos comandos), que inclui um
mostrador OLED embutido no aro. Pode procurar uma vaga e estacionar comandado a
distância por meio de telefone ou relógio de pulso inteligentes. O motorista
não precisa estar a bordo e abrir uma porta, possibilitando criação de vagas
perpendiculares mais estreitas para otimizar o espaço urbano e permitir
garagens menores.
Além de inovações eletrônicas, chamam
particular atenção as soluções mecânicas. A começar pelo eixo de torção
traseiro que inclui dois motores elétricos de 54 cv, um para cada roda. Mais
interessante ainda, as rodas dianteiras podem esterçar até 75 graus, algo
inédito. Assim, precisa de uma vaga apenas 60 cm maior do que seu
comprimento (em torno de 3
metros ), o que também ajudará no planejamento das
cidades. Diâmetro de giro de apenas sete metros, um terço a menos que qualquer
subcompacto moderno, permite retorno em manobra única em pistas de largura
padrão.
RODA VIVA
MOTORES de três cilindros continuam na ordem do dia. O da Fiat, previsto para
estrear no novo subcompacto no início de 2016, foi adiado para o final do
próximo ano (apenas o motor, claro). Esse bloco dará origem a um novo quatro-cilindros,
de 1,4 L, substituto do atual Fire. E Hyundai também terá um turbo de 1 L no
HB20, como up! TSI e futuro Honda Fit.
PREÇOS dos veículos se mantêm em alta (como previu esta coluna) não só
pela inflação, mas porque a desvalorização do real tem impacto sobre
componentes importados. Isso afeta de forma diferenciada cada modelo, inclusive
os que vêm da Argentina. Mas a principal causa é a queda de escala de produção:
21% sobre 2014. Sobre isso não há o que fazer.
HYUNDAI HB20 2016, que já tinha ótimo
motor de 1,6 L, pode aproveitá-lo melhor com o novo câmbio automático de seis
marchas. Trocas são suaves e relativamente rápidas, considerando limitações de
preço de um compacto. Novos amortecedores (agora sem ruídos de fim de curso), retoques
de estilo e equipamentos adicionais o tornam ainda mais competitivo.
FILIAL brasileira da Porsche, recém-aberta, será mais assertiva ao nomear
novas concessionárias. Hoje, todas as existentes, têm ligação direta ou
indireta com o antigo importador oficial, a Stuttgart Sportcar. Estratégia faz
parte do crescimento da marca no País com potencial de retomar do México o
posto de mercado número uma da América Latina.
NOVA embreagem automática de acionamento eletrônico da Bosch,
incorporada à função roda-livre, está em testes no Brasil. Certamente há algum fabricante
interessado, embora a empresa trabalhe em testes, no momento, por si só. Mais
barato do que um câmbio automático, pode eliminar os incômodos do terceiro
pedal e potencializa diminuir consumo de combustível em até, nada desprezíveis,
5%.
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fernando@calmon.jor.br e
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