Alta Roda nº 793 — Fernando Calmon — 15/7/14
LÍDERES
DO SEMESTRE
Em
cenário de comercialização em recuo, marcado pelo fim de produção
de modelos como Gol G4 e Uno Mille e chegada do up! e do novo March,
os tradicionais dominadores de vendas sofreram abalos. Hatches e
sedãs são somados na segmentação da coluna, mas é interessante
ver mudanças em curso, quando se analisam os números apenas dos
hatches, que são a maioria nas vendas entre os compactos, principal
produto do mercado brasileiro.
Antigo
Gol G4 representava de 20% a 25% do total do Gol e agora uma
liderança de 27 anos está ameaçada. Antes eram dois (G4 mais G5)
contra dois (Uno mais Mille) e agora é um (Gol G5) contra dois
(Palio mais Fire). No primeiro semestre, Gol já perdeu dois meses
isolados de liderança, mas no acumulado a manteve. Já o Mille
representava de 40% a 45% do Uno e o abalo foi maior. Da tradicional
segunda colocação despencou até seis posições, quando o estoque
da antiga versão se esgotou em abril. Uno 2015, em setembro, deve
melhorar seu posicionamento.
A
coluna também substituiu as peruas (apenas dois modelos de pouco
peso) pelo novo segmento de crossovers, liderado pelo Mitsubishi ASX.
Grand Siena passou a fazer parte dos sedãs compactos “desgarrados”,
a exemplo de Cobalt e City. Chrysler 300 C (passou para o segmento
topo por suas dimensões avantajadas), Classe E/CLS e Fit são os
novos líderes. Os demais mantiveram-se na ponta.
Classificação
a seguir segmenta a oferta por distância entre eixos, largura e,
secundariamente, preço. A base é o percentual de emplacamentos
nacionais pelo Renavam. Apenas modelos mais representativos são
citados em razão da importância no mercado. Paulo Garbossa, da ADK,
compilou os dados de acordo com os critérios da coluna.
Compactos:
Gol/Voyage, 14%; Onix/Prisma, 11%; Palio/Fire/Siena, 10%; HB20/X/S,
8,5%; Fiesta hatch/sedã, 8,2%; Logan/Sandero, 7%; Uno/Mille, 6%;
Fox/CrossFox, 5%; Grand Siena, 4%; Etios hatch/sedã, 3%, Celta,
2,6%; up!, 2,4%; Classic, 2,3%; Cobalt, 2,1%; Punto/Linea, 1,8%;
C3/DS3, 1,7%; 207/208, 1,6%; March/Versa, 1,5%; City, 1,2%.
Gol/Voyage ameaçados, em especial Gol por Palio/Fire.
Médios-compactos:
Civic, 19%; Corolla, 18%; Cruze hatch/sedã, 14%; Focus hatch/sedã,
11%; Golf/Jetta, 9%; Sentra, 4,9%; C4/Pallas/DS4, 4,5%; Peugeot
308/408, 3,8%; i30/Elantra, 3,3%; Fluence, 2,6%; Bravo, 2%. Civic não
está firme.
Médios-grandes:
Fusion, 41%; BMW 3, 23%; Mercedes C, 12%; Azera, 6%. Fusion continua
avançado.
Grandes:
Mercedes E/CLS, 32%; BMW 5/6, 26%; Jaguar XF,18%. Classe E/CLS, novo
líder.
Topo:
Chrysler 300 C, 43%; Equus, 15%; Panamera, 13%. Realocado, 300 C
lidera.
Crossover:
ASX, 48%, Freemont/Journey, 25%; Ranger
Rover Evoque, 24%. ASX tranquilo.
Monovolumes
pequenos: Fit, 36%; Spin, 30%; Idea, 17%. Fit reagiu.
Monovolumes
médios: C4 Picasso, 36%; J6, 26%; Carnival, 18%. Líder
consolidado.
Picapes
pequenas: Strada, 59%; Saveiro, 27%; Montana, 14%. Strada
ampliou margem.
Picapes
médias: S10, 31%; Hilux, 24%; Ranger, 14%. Sem ser ameaçada,
S10.
Utilitários
esporte compactos: EcoSport, 39%; Duster, 33%; Tracker, 13%.
Com menos folga, EcoSport.
Utilitários
esporte médios-compactos: Tucson/ix35, 40%; Sportage, 13%;
RAV4, 10%. Firmeza dos líderes.
Utilitários
esporte médios-grandes: Hilux SW4, 43%; Santa Fe, 14%;
Trailblazer, 9%. Livre de incômodos.
Utilitários
esporte grandes: Pajero Full/Dakar, 41%; Edge, 19%;
Discovery, 11%. Posição inabalada.
Esporte:
BMW Z4, 43%; Boxster/Cayman, 24%; 911, 10%. Z4 bem confortável.
RODA
VIVA
ARGENTINA
ganhou investimento da GM para motores a partir do final de 2016. As
unidades de 1,4 litro com injeção direta e turbocompressor (flex
para Brasil; gasolina para mercado local e exportação) equiparão o
novo Cruze, cuja produção será transferida de São Caetano (SP)
para Rosário, na Argentina. Motores de três cilindros estão
reservados para Joinville(SC), antecipa a coluna.
NOVO
March mostra que a Nissan está decidida a avançar em participação
no mercado brasileiro. Na versão de um litro de cilindrada ainda
utiliza motor Renault anterior, mas como sua massa total é baixa
mostra relativa agilidade. Direção eletroassistida de série e
menor diâmetro de giro entre todos os compactos facilitam qualquer
manobra. Equipado com motor de 1,6 litro (origem Nissan) apresenta
desempenho marcante e equipamentos incomuns nos compactos, entre eles
câmera de ré. Incômodo é o excessivo ruído de engrenagens na
primeira marcha, observado apenas no motor de maior potência e,
portanto, mais caro.
DEBATE
promovido pela Liberty Seguros sobre mobilidade urbana em São Paulo
mostrou que ativistas querem dar sua contribuição importante, mas
sem ao menos perguntar a quem paga a conta pesada de impostos – os
automobilistas – se têm algo a dizer. Na Inglaterra, por exemplo,
Associação Britânica de Motoristas representa voz ativa na
resolução dos problemas das cidades. Já era tempo de se fundar uma
associação semelhante no Brasil que certamente contribuiria para
cidades melhores sem arroubos anticarro.
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