Coluna 4012 03.outubro.2012
O Salão de Paris e das incertezas
Até dia 14 a mais atrativa
mostra européia de veículos estará em sua base quase secular, numa das portas
parisienses, a Versailles, cumprindo a missão de ser vitrine de produtos,
arauto de tendências, cenário para pedidos, protestos, palco para lobby explicito de fabricantes franceses e
europeu. Com enorme cobertura de imprensa - neste ano 13.000 jornalistas se
credenciaram e inquantificadas mídias dos novos tempos de internet divulgaram o
conteúdo. Muitos lançamentos, alguns aportarão por aqui, incluindo o VW Golf em
sétima edição.
Entretanto, maior que as especulações do que virá ou não virá, é
o clima que deve se assemelhar ao que se respirava às vésperas do Baile da Ilha
Fiscal, esbórnia social, última festa no Império, antes que Pedro II se
aborrecesse com as cobranças e entregasse a condução do país aos Republicanos.
O clima é, poucas são as marcas européias capazes de reservar espaço para o
Salão de 2.020. Com pressões ambientalistas para redução de consumo e emissões,
crise econômica mundial, há empresas que sinalizam futuro - coreanas Hyundai e
Kia, Volkswagen, Ford, Mercedes, Toyota -, entretanto a maioria consulta
oráculos, tarólogos, astrólogos - ou usam o Salão para pintar quadros negativos
e dizer que não sobreviverão sem ajuda governamental.
Trabalhadores da Peugeot, Citroën, Ford, pagaram entrada para
fazer protesto, incluindo colar adesivos nos carros que produziram, com
mensagens contra o fechamento de fábricas, extinção de postos de trabalho. Com
o mercado francês em queda livre, desemprego, governo socialista socializando o
déficit, apertando o cinto, aumentando impostos - como ocorre na Irlanda,
Grécia, Portugal, Espanha -, fazer carro para quem ?
Um bate-boca entre presidente do Conselho e da diretoria da
Volkswagen, de um lado, e o polêmico Sérgio Marchionne, o salvador da Fiat e da
Chrysler, motivou intervenções maiores para gerar um aperto de mão e elogios
mútuos. A Volkswagen, entesourada, insiste em comprar a Alfa Romeo, e
Marchionne, cancelando investimentos na Itália e na Rússia, insiste dizer não
precisar vender e não venderá.
Em exibição de fins opacos, a Peugeot exibiu em seu stand um
piano Pleyel com a cauda desenvolvida em seus laboratórios. Competência ociosa
? sobra de tecnologia ? falta do que fazer ? um novo caminho industrial, via
inversa á da Yamaha ? O piano lá estava e pianava.
Das novidades, novo Jaguar F Type, Land Rover, o pequeno Opel
Adam, que parece copiar o Audi A1, Golf 7a. geração, impossível dizer quais
virão ao Brasil enfrentar o elevado muro tarifário. Sonho por sonho, melhor o
maior, da remota possibilidade, há o esportivo McLaren P ( de protótipo ) 1.
Surgido 20 anos após a construção de seu primeiro esportivo, o F1, materializa
a vontade de Ron Denis, líder da equipe vencedora da Fórmula 1, herdeiro do
espólio de Bruce Mc Laren. É uma interpretação industrial do fazer um
carro de competição, materiais de engenharia nobre, fibra de carbono, ligas
metálicas leves. A idéia da McLaren ao apresentar o protótipo não é dizer
pretender o carro mais veloz do mundo - aliás, se cravará 340 km/h ou se
atingirá 387,5 km horários parece absolutamente irrelevante porquanto
velocidades de pouca frequência -, mas ser o de melhor comportamento, reações
em velocidade desfrutável. Novidade do produto é o motor, próprio. A McLaren
deixou o V8 Mercedes e desenvolveu o engenho em casa: 3.8 litros, dois turbo compressores.
Série anterior produzia 618 cv. Para o carro querem mais. 800 cv, diz-se, fará
da imobilidade aos 100 km/h em 2.6s. Não há preço definido e a McLaren, como a Coluna informou, busca representantes mundo a
fora, demonstrando terá operação sequenciada, industrial, ao contrário do
primeiro modelo, o F1, feito sob encomenda.
Preço não declarado, especulações em torno de 1 milhão de Euros,
mas não parece factível, pois tal preço oferece enorme lucratividade, mas não
alimenta volume para uma produção seriada. Modelo definitivo no próximo
ano, quando a produção será iniciada. A McLaren ofereceu a representação
brasileira ao tri campeão Nelson Piquet, que declinou.
-----------------------------------------------------------------------------
McLaren P1 pretende o melhor comportamento esportivo
McLaren P1 pretende o melhor comportamento esportivo
-------------------------------------------------------------------------
Suzuki Grand Vitara dança a música do governo
Suzuki Grand Vitara dança a música do governo
Pequenas intervenções de estilo
na grade frontal, para choques dianteiro, e agregação facilidades eletrônicas,
como piloto automático e o Brake
Override marcam o Suzuki
Grand Vitara na passagem 2012/2013.
Rompe com o “Pacote
Brasil”, curiosas exigências nacionais: interior em couro, carro preto ou
prata. Há, além de PP, cinza, banco, azul, vermelho e bronze – este em edição
especial no Salão do Automóvel, e couro só na versão de topo.
A mecânica mantém o motor a gasálcool 2.0, em alumínio, 16V com
admissão variável, 140 cv. Torque de 18,7 kgfm, inferior ao imaginado a andar
em pisos ruins, aptidão do resistente sub chassis sob a carroceria monobloco.
Transmissões de cinco velocidades, mecânica ou automática, opção
de tração 4x4 permanente nas 4 rodas. A 4x2 ocorre no eixo traseiro, aumentando
as habilidades. Na 4x4 o bloqueio do diferencial central e da marcha reduzida
ocorre no painel, por botãozinho boiolo-feminino,
solução cara para manter. Em vez de vareta de ferro no engate e desengate, como
criou o dr Carl Probst para o Jeep, onde tudo começou, uma renca de fios,
terminais, relês, sensores, etccc, aumenta exponencialmente o risco de não
funcionar, a dificuldade para encontrar as múltiplas peças, e a conta para
reparos.
Atual
conjuntura
Dança a música oficial. Os
curativos aplicados pelo país, sem plano, projeto ou objetivo, aumentam
alíquotas ou criam adicionais em caso de problema para o qual não se preparou.
No caso, impedir comparar tecnologia entre nacionais e importados.
Com elevadíssima barreira
contra importações, e a trêfega cobrança de 30 pontos acima do IPI, o Grand
Vitara é sem frescuras ou fricotes, o be-a-bá de conforto: ar digital, trio
elétrico, direção assistida, e sem itens da moda -Blue tooth, tela no
painel, câmera de ré, etccc. É retrato da contingência brasileira: as empresas
devem vender para sobreviver e, pelo aumento da barreira de proteção aos
nacionais, há que simplificar o produto para não implodir a tabela e
inviabilizar o negócio.
Dimensões limites para cidades e garagens nacionais, sem a
obesidade dos grandes e idolatrados SUV feitos para as estradas, os
estacionamentos e as garagens norte-americanas, mas inadequados às nossas vagas
para faquir, não fiscalizada moda em novos edifícios e nos shopping centers.
Pomposa, a Suzuki avisa ser equipado com Brake Override. Nome enfeitado,
coisa antiga. Na década de ’50 os norte-americanos Nash utilizavam e na
abertura das importações os japoneses Subaru, com o nome de Hill Holder. Se os pedais e
freio e acelerador estão pressionados ao mesmo tempo – para arrancar numa
subida, por exemplo -, a eletrônica interpreta e age, dando uma meia trava para
o carro não descer.
Custo
O leque se abre com 4x2
manual a R$ 72.914. Opcional automático é o mais caro do mercado: R$ 7,4 mil.
Tração na 4 eleva o preço em quase R$ 9 mil. Assim, versão completa, automática,
traçada, e teto solar vai a R$ 90.025.
---------------------------------------------------------------------------------------
Suzuki Grand Vitara. O Custo Brasil
Suzuki Grand Vitara. O Custo Brasil
-----------------------------------------------------------------------------------
Roda-a-Roda
Resgate
– Esportivo, dois lugares, carroceria em alumínio. O novo Jaguar
F-Type fala a linguagem industrial inaugurada pelo XK 120 em 1948, interpretada
pelo E-Type em 1961: esportividade e traços inequivocamente ingleses.
Mecânica – Dois motores com compressor,
ditos Supercharged, V6 3.0, gerando 340 ou 380 cv, e V8 5.0 e 510 cv,
dianteiros, transmissão automática de 8 velocidades, tração traseira, suspensão
independente.
Ecologia – Política
que o Brasil não adota, o processo de produção gera 80% menos emissões de CO2
que o de carros concorrentes. O fato da carroceria ser de alumínio reciclado e
reciclável muito auxilia na conta.
História
– Não é o primeiro esportivo Jaguar com carroceria em alumínio. As
primeiras 50 unidades do XK 120 o foram, passando ao uso do aço em função do
sucesso, encomendas e facilidades industriais.
---------------------------------------------------------------------------------------
Jaguar F-Type. DNA ativo.
Jaguar F-Type. DNA ativo.
---------------------------------------------------------------------------------------
Será
? – Sergio
Marchionne, número 1 da Fiat, anunciou produzir um Alfa grande, voltando a ser
Alfa, com motor dianteiro e tração traseira. Plataforma comum com Maserati
Quattoporte, feitos nas instalações ex- Bertone, em Grugliasco, Turim, 2014.
Atavismo – Hans Poestsch, CFO – o homem
de finanças – da Volkswagen, chutou o pau da barraca na abertura do Salão de
Paris, objetivo como um canhão da conterrânea Krupp. Disse o óbvio: alguns
competidores europeus, especialmente do sul, sairão do negócio se não tiverem
ajuda governamental.
Na
cara -
O recado apenas não nominou as marcas francesas, às voltas com problemas. A PSA
- Peugeot, Citroën - quer fechar fábricas, despedir 10.000 franceses, e a
Renault, otimista, prevê cair na Europa 13%, e no mundo crescer 0%. A Fiat
projeta perder US$ 900M e cortou investimentos.
União – Na corrida por mercados com
crescentes vendas e grandes lucros, onde Brasil brilha, fonte da PSA informou,
a empresa e a GM, aliados em fevereiro, farão acordo industrial para veículos
comuns, com as duas marcas.
Aguarde - Pode ser em fábrica da PSA,
da GM, ou terceira. Carro pequeno. A GM recusou dividir plataforma de carro
médio. Planos comuns – e projetos definidos – em outubro. Difícil imaginar paz
entre a soberba intrínseca na GM, – formada sem fundamentos automobilísticos, e
a PSA, secularmente familiar, sempre voltada aos metais e à mecânica.
História – Somar visão norte-americana
com óptica francesa não funcionou com a Chrysler comprando a Simca – rentável
europeia, e quebrá-la; idem no Brasil; e nos EUA na fugaz associação Renault e
AMC, com o Alliance.
Futuro – Com perspectivas de
resultados positivos ou não as multis dos automóveis se unem para reduzir
custos. Um dos acordos com bons resultados é da Renault-Nissan com a Daimler:
caixas de marcha com intensa eletrônica; nova geração de motores de baixa
cilindrada, injeção direta, turbo, baixo peso, emissões, consumo. Atenderão às
duas marcas
Troca-troca – Há envolvimento com produtos.
A Renault criará marca de luxo – e o carro será um Mercedes. E a próxima
geração do Smart será feita pela Renault sobre a plataforma do sucessor do
atual Twingo.
Ampliação – A VW Argentina lançou o
Amarok com cabine simples. Forma 13 versões, igualando os concorrentes Ranger e
Toyota. Aqui, Salão do Automóvel.
Fila
anda –
Quando lançado, há dez anos, o EcoSport cravou marca única: nada gastou em
propaganda. O sucesso com jornalistas garantiu divulgação e demanda por largo
prazo. Para o atual, ante a concorrência do Renault Duster, iniciou a maior
campanha já realizada. Será sucesso como produto, mas o pioneirismo, a solidão
no mercado, a margem de lucro como na primeira versão, serão saudades e case.
Mercado – Maior renda per capita; melhor relação de
graduação, pós, mestrados do país; maior índice de consumo de obras de arte;
imbatível capacidade de formar opinião, o DF é 2º. lugar em vendas de
automóveis Mercedes-Benz com a Brasília Motors, atrás da Comark, em S Paulo.
Caixa – Boa notícia para o mercado de
veículos usados: a Caixa Econômica entrou no negócio, praticando juros menores.
Até dois anos, 1,34% a.m. e 60 meses para pagar. Até 10 anos, 1,55% e 48
prestações.
Vista – A operação Chrysler caiu na
real, viu os mapas de venda, o calendário do ano-modelo 2012, o estoque, e
baixou o preço de quatro produtos: Grand Cherokee Limited de R$ 205 mil a R$
180 mil; 300C de 194 mil a 169 mil; Laredo de R$ 180 mil a R$ 160 mil e Jeep
Compass de R$ 98 mil por 90 mil.
Calço – Fomenta negócios casados,
financiando através do Chrysler Group Financial Services, rótulo pomposo de sub
departamento do Banco Fidis, o financeiro da Fiat, dona da Chrysler.
Merchandising
– Com o Fusca – nome dado ao New Beetle repaginado – a Volkswagen
participa da novelaGuerra dos Sexos, da Globo. Outros carros da marca
também serão utilizados. Campeã nesta mídia é a Kia.
Provocação – Tema do SIMEA – simpósio internacional de engenharia
automotiva – 2013: “10 anos
deveículos Flex – qual a próxima inovação?”. Idéia boa e, espera-se,
provoque melhorar a operação. Os motores Flex podem ser estratégicos, porém com
rendimento inferior ao quando eram apenas a gasálcool ou etanol. Quem paga pelo
consumo a mais é o usuário.
Ajuda
– Saber mais sobre os produtos vendidos pela Nissan – March,
Versa, Sentra, Tiida, Livina e Frontier ? A montadora disponibiliza para
consulta e download
Manual de Proprietário, Guia Rápido de Uso, e 24 Horas Nissan Way Assistance.
Antigos – Neste final de semana, no
Hipódromo de San Isidro, beiradas de Buenos Aires, a 12ª. Autoclasica, maior e mais
refinada exposição de veículos antigos na América Latina. Homenageia os 90 anos
do piloto José Froilán Gonzales; a história da Cadillac, e os 80 anos do motor
V8 Ford, o Flathead. Aplica parâmetros de julgamento FIVA, o que dá qualidade e
respeitabilidade.
Gente
– Eduardo Andrade, experiente em multis nos EUA, AL, Caribe,
Canadá e África, desafio brasileiro.OOOO Direção de
marketing da Goodyear. OOOO Mesma
empresa, Renato Rossoni, ex Valeo ZF, Benteler e Mercedes-Benz, diretor de
Suprimentos. OOOO
Nenhum comentário:
Postar um comentário