Alta Roda nº 701 —
Fernando Calmon — 2/10/12
AMBIENTE
PESADO
O Salão do Automóvel
de Paris, aberto até o próximo dia 14, não encontra o melhor dos climas este
ano. Em meio à crise econômica europeia, que derrubou as vendas de automóveis
em mais de 20% desde 2009, é difícil passar à imprensa, este ano em menor
número, e ao público, a confiança esperada. Apesar do ambiente pesado, como o
jornal Le Figaro destacou, a exposição francesa apresenta menos novidades,
porém de maior valor do que outras edições.
O Golf VII totalmente
renovado, modelo mais vendido na Europa, e a reviravolta de estilo do Clio IV
são alguns exemplos. Peugeot não ficou para trás e exibiu, quase pronto, o SUV
compacto 2008. A marca, dessa vez, confirma sem hesitação que fabricará o carro
no Brasil para concorrer com EcoSport, Duster e o Trax, estreante em Paris, a
ser importado da Chevrolet mexicana em 2013. É reticente quanto ao sedã
compacto anabolizado 301, adversário natural de Logan, Cobalt, Versa, Grand
Siena e outros.
Os fabricantes
relutam em confirmar o que é antecipado nos grandes salões internacionais. Renault
nega planos sobre o Clio IV no Brasil por ser “muito caro”, mas 208 (janeiro
próximo) e C3 concorrem diretamente com ele na Europa e aqui. As novas gerações
de Logan e Sandero, estreantes em Paris e evoluídos também na parte interna,
chegam até o final de 2013 e, certamente, o Logan terá o 301 a enfrentar.
Volkswagen continua
negando o novo Golf no Paraná. O carro pesa 100 kg menos que o anterior. Porém,
apesar de sua sofisticação, foi projetado para produção em qualquer fábrica da
empresa no mundo. O carro será vendido aqui e, outra possibilidade, importado
do México. A Ford estreou o novo Fiesta hatch retocado em Paris (igual ao que
será produzido em São Bernardo do Campo, no início de 2013) e guardou a versão
sedã para o Salão de São Paulo, a partir do dia 24. EcoSport estava no estande
da empresa só nos dois dias de imprensa e deverá ser exportado da Tailândia
para Europa.
O Fiat 500 L,
substituto do Idea sobre arquitetura do Punto (nada a ver, portanto, com o
subcompacto 500, derivado do Panda), tem alguma chance de produção em Betim
porque sua importação da Sérvia ficaria muito cara.
Segundo a organização
do 66º salão parisiense, há 80 estreias mundiais. Entre os modelos esporte,
destaques para o inteiramente novo conversível Jaguar F, do qual se esperava um
pouco mais; a reestilização discreta do Lamborghini Gallardo LP 560-4 e o
incrível Mercedes-Benz SLS Electric Drive, 740 cv e quatro motores elétricos.
No outro extremo, o Opel Adam, que parece ter sido desenhado às pressas para
concorrer com os subcompactos de butique. No campo dos carros-conceito, o Peugeot
Onyx destaca-se por materiais alternativos e o Citroën DS9, por aprofundar a
linguagem de estilo da marca.
Active Tourer, também
conceitual e quase em nível de produção, é o primeiro BMW com tração dianteira
(arquitetura derivada do Mini, marca do grupo). Modelo em exposição tem motor
dianteiro a gasolina e outro elétrico para tracionar as rodas traseiras, com
autonomia de 40 km. Essa arquitetura híbrida parece ter grande chance no futuro
próximo por sua flexibilidade, preço menor que elétrico puro e consumo/emissões
bastante baixos.
RODA
VIVA
TOYOTA espera lançar
seis novos modelos de baixo custo para países emergentes até 2015. Um deles, SUV
compacto, será produzido na Índia e no Brasil. Empresa também trabalha em um
sedã compacto maior que o Etios. Americanos batizam esses sedãs de cheap space,
espaço por baixo preço, em tradução livre.
CONSUMO de
combustível ficará mais valorizado, em especial pelo novo regime industrial
automobilístico. No Salão do Automóvel de São Paulo, além dos retoques no
antigo Clio, Renault aposta que seu motor de 1 litro/16 v será o mais econômico
entre todos os modelos à venda no Brasil sob controle de etiquetagem do
Inmetro.
EVOLUÇÃO estilística
do Citroën C3 vem acompanhada por nítidas melhoras mecânicas. Versão de topo
Exclusive tem motor silencioso de 1,6 l/122 cv e boa disposição para acelerar,
suspensões mais firmes e menos ruidosas e direção de assistência elétrica
melhor que a anterior. Para-brisa ampliado alegra ambiente interno. Espelho
avulso encaixado no para-sol não é boa solução.
HYUNDAI submeterá ao
programa de etiquetagem do Inmetro todas as versões do HB20. Processo não se
concluiu antes porque a prioridade era o lançamento do carro, alega a empresa. Também
tem expectativa de ir bem no teste de impacto do Latin NCAP, sem antecipar o
que espera. Toyota, mais transparente, prevê quatro estrelas, das cinco
possíveis, com o Etios.
BRASIL tem 49 marcas
de automóveis e comerciais leves em disputa. Pode parecer bastante, se não
fosse pela situação de competição ainda maior no Chile, cujas vendas alcançam apenas
10% do mercado brasileiro. Como o país tem setor industrial muito fraco e é grande
exportador de matérias-primas, tornou-se paraíso dos importadores. Nada menos
de 65 marcas de todas as origens.
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fernando@calmon.jor.br
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