Alta Roda nº 704 —
Fernando Calmon — 23/10/12
RESPEITO
ÀS DIFERENÇAS
Interessante constatar
como os fabricantes mudam suas estratégias mercadológicas e técnicas de
continente a continente. Marcas europeias e orientais, por exemplo, tratam de
desenvolver modelos com dimensões generosas para vender nos EUA. Atender a
cultura do segundo maior mercado do mundo (só perdeu a liderança para a China
há três anos) implica fazer concessões ao peso do veículo e maior consumo de
combustível em troca de espaço interno.
Isso está mudando
porque a gasolina encareceu nos EUA e o governo estabeleceu metas rigorosas de
economia para os próximos anos. A Ford foi das primeiras a reagir. Deu uma
guinada a fim de procurar aproximar ao máximo possível todos os novos projetos
mundiais, pois consumo de combustível e emissões de CO2 são irmãos
siameses.
O novo Fusion
demonstra os novos tempos. Esse sedã médio-grande, em exceção parcial àquela
regra, era um pouco menor que a sua contraparte vendida na Europa com o nome de
Mondeo. Agora, cresceu cerca de três cm em comprimento, largura e altura.
Estilo e dimensões são os mesmos dos dois lados do Atlântico.
Na versão de topo,
Titanium, o motor V-6 aspirado foi substituído por um quatro-cilindros turbo
com injeção direta de 2 litros/240 cv/34,7 kgf·m. Assim, o carro chegará ao
Brasil, em dezembro, por R$ 112.990, incluindo tração nas quatro rodas e teto
solar. Preço dos mais competitivos por vir do México sem imposto de importação
e IPI extra. A partir da produção do novo Fiesta hatch, em São Bernardo do
Campo (SP), já no início de 2013, a Ford aliviará sua cota de importação
mexicana, concentrando-a no Fusion. Em março, estreia o motor de 2,5 l/175 cv,
flex, tração dianteira, preço estimado em R$ 85.000.
Espaço interno, em
especial no banco traseiro, é um dos destaques, além do silêncio de rodagem ao
incluir para-brisa acústico. A marca optou por distância entre eixos 12 cm
maior (igual à do Mondeo), mas sacrificou o porta-malas em cerca de 80 litros (agora,
453 l), em parte pelo desenho da traseira. Em compensação, o coeficiente
aerodinâmico evolui de 0,33 para 0,27, um dos melhores do segmento, o que
resultou em consumo cidade/estrada de 9,1 km/l (gasolina).
O Fusion recebeu um grande
pacote de equipamentos, em especial de segurança. Controle ativo de velocidade
de cruzeiro, comutação automática farol alto/baixo ao cruzar com outro veículo,
monitoramento de pontos cegos, alertas para tráfego cruzado em marcha à ré, de sonolência e de invasão de faixa, além de
airbags de joelho para motorista e passageiro (oito bolsas, no total) são
alguns. Sistema de estacionamento automático também é novidade.
Sua dirigibilidade
impressiona, a começar pela direção de assistência elétrica que absorve
pequenas vibrações dos pneus e tem controle ativo de deriva. Em ruas de Los
Angeles (EUA) não deu para avaliar o comportamento em curvas velozes, mas a
nova suspensão traseira independente de quatro braços traz o refinamento
europeu antes inexistente.
Apesar do peso extra do
sistema de tração 4x4, o motor dá conta do recado. A Ford decidiu manter o
limite eletrônico de 180 km/h de velocidade máxima (na Europa, 240 km/h). Ou
seja, em quase tudo carros iguais, mas respeitadas certas diferenças.
RODA
VIVA
BMW, finalmente,
anunciou a fábrica brasileira em Araquari (SC). Esta coluna antecipou, pelo
Twitter, a decisão tomada pela diretoria em Munique há 14 meses. Como havia
negociações à frente, a filial brasileira foi obrigada a negar a informação.
Investimento de pouco mais de R$ 500 milhões, início de vendas em 2014 e
produção inicial do SUV compacto X1.
MERCEDES-BENZ
anunciará, até o final do ano, a fábrica no Brasil para produzir o futuro SUV
derivado do compacto Classe A. Decisão inevitável, depois do passo adiante da
arquirrival BMW. Tudo indica que a unidade estará no mesmo complexo da Nissan,
em construção em Resende (RJ). Só falta o retorno da Audi para estabelecer aqui
o Trio de Ferro alemão.
DEPOIS de experiências
de estilo pouco brilhantes, a GM acertou com o Onix. Novo compacto hatch Chevrolet,
em pré-estreia no Salão do Automóvel de São Paulo, agradou também por suas
dimensões internas e painel bem elaborado. Arquitetura é a mesma GSV, do Sonic.
Vendas começam em novembro próximo. O sedã, primeiro trimestre de 2013.
NOME é trocadilho com
Tiguan, mas o Taigun, revelado no Salão, dá ótima pista de como será o primeiro
SUV compacto que a VW produzirá no Brasil, em 2014. Motor será o TSI, turbo e
injeção direta, três cilindros, 1 litro/110 cv, na versão flex. Pelo menos o
motor feito aqui foi confirmado por Ulrich Hackenberger, vice-presidente
executivo do Grupo VW.
GRUPO Gandini,
importador Kia, estuda alternativas para fabricar algum modelo no Brasil a fim
de atenuar fortes restrições do regime automobilístico a quem não produz
localmente. Porém, restrições legais e estratégicas, dentro do grupo
sul-coreano, impedem uso compartilhado da nova fábrica da Hyundai em Piracicaba
(SP).
___________________________________________________
fernando@calmon.jor.br
e www.twitter.com/fernandocalmon
Nenhum comentário:
Postar um comentário