CICLO DE RENOVAÇÃO
Segmento de picapes médias de cabine dupla é um dos mais
rentáveis do mercado por suas dimensões avantajadas, equipamentos oferecidos,
motores diesel (muito mais caros) e tração 4x4 com reduzida. Outro “segredo”
para esse sucesso é a legislação injusta do IPI. Esses veículos recolhem apenas
8% de imposto simplesmente por terem caçamba, independentemente do motor
(diesel ou flex). Um compacto com motor de 1 litro paga 7% de IPI, sem nenhum
estímulo por ser flex, como ocorre com motores de 1 a 2 litros (menos 2 p.p.) e
acima de 2 litros (menos 5 p.p.).
Os fabricantes partiram para um rápido ciclo de renovação.
Em apenas seis meses (de novembro 2015 a maio 2016), quatro lançamentos: Toyota
Hilux, Fiat Toro, Ford Ranger (semana passada) e Chevrolet S10 (próximo mês). Ranger
2017 completou a estratégia da marca de ter apenas modelos mundiais produzidos
aqui e na Argentina, de onde vem a picape. Isso aconteceu em menos de quatro
anos, raro de acontecer entre veículos comerciais leves.
A picape mudou a grade dianteira, faróis, caixas de rodas,
mas parte traseira ficou igual. Interessante é o arco bem estilizado atrás do
óculo traseiro e discretos racks de teto. “Santantônio” tubular cromado e
estribos laterais estão na versão de topo Limited. No habitáculo a Ford
caprichou no novo painel, materiais de acabamento, volante multitecla, quadro
de instrumentos parcialmente reconfigurável, além de uma tela multimídia
central de 8 pol. e interface Sync 2 (não permite espelhamento do telefone).
Ranger ganhou em segurança ativa (ESC) e passiva (sete
airbags, incluído o de joelho para o motorista), tudo de série. E oferece
recursos eletrônicos como controle de velocidade adaptativo e assistente de
manutenção de faixa de rolagem, mais comuns em automóveis. Oferece câmera de
ré, controle eletrônico de farol alto e sensores de distância dianteiros e
traseiros.
Adotou direção eletroassistida em todas as versões para
ajudar na redução de consumo de combustível de até 15% para os três motores
disponíveis, segundo o fabricante. Motor flex dispensa gasolina para partida em
dias frios. Há novos coxins de cabine e para as unidades motrizes Diesel, mas a
dirigibilidade em pisos irregulares ainda perde, por pouco, para Hilux e Amarok,
na avaliação preliminar em estrada e fora dela, em Puerto Iguazu, Argentina.
No total são 10 versões – todas de cabine dupla –, tração
4x2 e 4x4 (nesse caso sempre Diesel), câmbios manual e automático para cobrir
praticamente todos os nichos deste segmento. Preços vão de R$ 99.500 (XLS,
flex) a R$ 179.900 (Limited, Diesel). Primeira picape com cinco anos de garantia,
a Ford finalmente eliminou a troca de óleo semestral, agora a cada ano ou 10.000 km .
RODA VIVA
HYUNDAI amplia
sua oferta de motores com o três-cilindros, de 1 litro, agora turboflex. HB20 é
o primeiro entre os compactos, tanto na versão hatch quanto sedã, já que o up!
TSI é um subcompacto e o Fiesta EcoBoost só chega no próximo mês. Números de
potência e torque – 105 cv (etanol) e 15 kgf.m – são semelhantes ao modelo da
VW que, no entanto, tem 12% a mais de torque.
HB20 turboflex oferece
câmbio manual de seis marchas (cinco na versão aspirada) e assim garante duplo
A no programa de aferição de consumo do Inmetro/Conpet. Como é maior e mais
pesado que o up! suas respostas ao acelerador são um pouco mais lentas. Custa R$
3.700 a mais, posição intermediária de preço entre as atuais motorizações de 1
L e 1,6 L (quatro cilindros).
SOBRE a discussão
em torno do preço dos combustíveis no mercado interno, não basta apenas
consultar o preço em bolsa e converter para reais. O que o consumidor paga na
bomba abrange fretes terrestres e marítimos, seguros e outras despesas até chegar
aqui. Segundo o consultor Plinio Nastari, gasolina está 9% mais barata e o
diesel 40% mais caro do que no exterior.
NOVO Audi A4,
embora sem grandes mudanças de estilo, cresceu em dimensões internas e externas
para ter seu próprio posicionamento em relação ao A3 sedã. Pesa 110 kg menos. Mais
aerodinâmica (Cx 0,23), a nona geração ganhou novo motor turbo 2L/190 cv que ao
mesmo tempo garante bom desempenho e nota A em consumo (Conpet). No segundo
semestre virão motor de 252 cv e tração 4x4.
ARGENTINA voltou
ao circuito de novos produtos e de exportações para cá. Confirmada a data de 3
de maio próximo para apresentar à imprensa local o Chevrolet Cruze sedã,
segunda geração, com 100 kg a menos que a atual. Vendas começam lá em junho e,
no Brasil, após seis meses. Inclui motor 1,4 turbo também produzido em Rosário
e a versão hatch para 2017.
MOVIMENTO semelhante
faz a FCA ao decidir produzir apenas no país vizinho o sucessor do sedã Linea em
2017. Dessa vez a Fiat tentará acabar com o conflito de dimensões que a deixou sem
condições de concorrer entre os sedãs médios-compactos. Fábrica de Córdoba será
modernizada e ampliada. Versão hatch deste sedã (novo Palio) continuará em
Betim (MG).
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fernando@calmon.jor.br
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