Alta Roda nº 874 — Fernando Calmon — 2/2/16
PRESSA
INIMIGA DA PERFEIÇÃO
No primeiro mês de 2016 as notícias sobre o
mercado são piores do que se esperava. A queda de quase 40% sobre janeiro de
2015 fez recuar as 153.000 unidades vendidas a números de nove anos trás. Explicações
são várias: antecipação de compras para aproveitar oportunidades, utilização do
13º salário aumentou o valor da entrada e assim para pagar menos juros, além de
disputa entre os fabricantes no fechamento do exercício anual com novos bônus e
descontos extras.
Fenabrave, associação nacional das
concessionárias, lembrou que em janeiro de 2015 ainda havia automóveis
faturados com IPI reduzido. “Os resultados de janeiro não devem ser balizadores
para as projeções de 2016. Mês é atípico historicamente e carrega aspectos
negativos que não se repetem ao longo do ano.”
Bem, esses são argumentos tangíveis, juntamente
com a falta de confiança dos compradores e as crises política e econômica. Mas
o que preocupa de verdade são fatores intangíveis. A região da grande São Paulo
responde por cerca de 22% das vendas de todo o País. Proprietários de carros
estão apavorados em guiar na maior cidade do Brasil. Existe um cerco e uma
atribuição de culpa do automóvel completamente irracional e estressante que vão
desde criação de faixas de ônibus à direita sem critérios (diferente dos poucos
e racionais corredores à esquerda) ou ciclovias que levam do nada a lugar
nenhum sempre em detrimentos de faixas de circulação de veículos ou de
estacionamento. Há outros:
- Companhia de Engenharia de Tráfego antecipou para outubro de 2015, com óbvio viés político, a estatística apontando a velocidade média menor na cidade ter diminuído as mortes nos trânsito em 30,7%. Só que o consumo de combustível caiu em 15% e, portanto, retirou carros das ruas.
- São Paulo não é Manhattan, em Nova York, onde as pessoas fervilham em torno dos carros e a velocidade foi reduzida para 40 km/h em parte da cidade. Ciclovias lá são pouco usadas.
- Prefeitura instalou contadores de bicicleta na mais segura e racional ciclovia da cidade. Nas inúteis, nem pensar.
- Faixas de ônibus à direita em São Paulo têm sinalização do solo entrecortada por onde carros podem sair à direita ou acessar essas as vias em grande parte improvisadas ou inúteis em custo-benefício na fluidez geral do trânsito. E há inúmeras saídas de garagens, estacionamentos e comércios no meio da quadra que sujeitam o motorista a multa máxima de sete pontos (antes de cinco pontos). Essas faixas de ônibus entrecortadas estão se apagando e não são repintadas, além de haver em muitas delas horários em que os carros podem circular, mais para confundir do que ajudar.
- Vias de 50 km/h são de repente diminuídas para 40 km com apenas uma placa e um radar 20 metros depois.
Em São Paulo há algumas frases educativas
em uns poucos painéis de avisos de trânsito. Uma delas muda o conhecido dito
popular “pressa é inimiga da perfeição” por “pressa é inimiga da direção”. Se
for só frase de efeito, melhor “pressa é inimiga da inteligente ação”.
Se possuir carro quase se tornou crime na
maior cidade do País por que o motorista vai trocar por um modelo novo ou pouco
usado, mais seguro e menos poluidor?
RODA
VIVA
FONTES desta coluna indicaram atraso do
terceiro produto da fábrica FCA, em Goiana (PE). O projeto Jeep 551 será um SUV
com base na picape Fiat Toro. Produção pode começar só em 2017, de acordo com
recente declaração de Sergio Marchionne, presidente mundial da FCA, sem citar
diretamente o adiamento ao falar sobre planos no Brasil.
JETTA é primeiro carro não premium parcialmente
montado no Brasil (versão intermediária, 60% das vendas, sai de São Bernardo do
Campo) em que todos têm motor turbo de 1,4 L ou 2 litros. Pelo elevado torque
de 25,5 kgfm a partir de apenas 1.500 rpm, o motor menor anda mais e bebe menos
que o 2-litros aspirado anterior. Ainda não é flex pela arquitetura diferente
da do Golf.
SEGUNDA geração do Audi Q7, além de mais
sofisticada e 325 kg a menos de massa, lança novos recursos de segurança e
conforto. Acionamento da terceira fileira de banco para dois passageiros (opcional)
é elétrico. Parte de R$ 399.990 e chega a R$ 489.490. Esterçamento das rodas
traseiras ajuda em baixa velocidade, nas mudanças de direção e em curvas ao se
andar mais rápido.
BOM SINAL: Cesvi indica crescimento de 22,3%,
em 2015 sobre 2014, do sistema de controle de estabilidade (ESC, em inglês), de
série, em modelos de veículos leves no Brasil, nacionais e importados (no caso
estes são maioria). Análise é qualitativa não quantitativa: carros mais baratos,
aplicação bem menor.
ENTRE os cuidados na compra de carros
usados está o histórico legal sobre adulterações de chassi, alertas de roubo,
alienações, multas e débitos, participações do veículo em leilões e também no
caso de sinistros com perda total (no jargão, PT). No site www.boavistaservicos.com.br/servicos/certocar
informações podem ser obtidas por R$ 19,00. Há versão mobile também.
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