Alta Roda nº 877 — Fernando Calmon — 23/2/16
UMA
BOA ISCA
Fevereiro de ano bissexto deu embalo extra
para lançamentos. Depois da picape média Toro, chegaram o Toyota SW4 (modelo de
marca generalista de maior valor produzido no Mercosul) e a linha Gol/Voyage
2017. A Volkswagen mostrou a segunda revitalização da quinta geração do hatch,
que liderou o mercado por nada menos de 27 anos seguidos, além de ser o mais
produzido (supera 7,8 milhões de unidades desde 1980) e exportado (mais 1,3 milhão
para 60 países).
A empresa alemã resolveu aplicar o velho
ditado: “Isca tem que ser boa para o peixe, não para o pescador”. Extirpou a
assinatura “Das auto” (O carro, em alemão). Adotou política de preços sem “apanhar”
dos adversários. Acrescentou itens de série e ainda diminuiu o preço médio sugerido
do Gol em 2,5% e do Voyage, 5,7% (parte traseira sem mudanças). Versão de topo
Highline incluiu frisos cromados frontais que agradam a boa parte do mercado
(não a este colunista, avesso a artificialismos, penduricalhos e adepto da
escola “forma e função”).
Há três ofertas de acabamento. Gol vai de
R$ 34.890 a R$ 55.290 e Voyage, de R$ 40.990 a R$ 58.590.
O Gol mudou relativamente pouco na frente e
na traseira, pois a sexta geração começa a partir do final de 2018 – quatro produtos
novos; outros três serão Voyage, Saveiro e o primeiro SUV compacto da marca. Os
distraídos podem pouco perceber a linha 2017. Mas o painel é completamente novo
de ponta a ponta, tem o volante multifuncional do Golf e quadro de instrumentos
cerca de um terço maior para melhor visibilidade e novas funções.
Conectividade e infotretenimento passaram a
ponto de honra para a Volkswagen. Há quatro opções inclusive de tela tátil e
capacitiva (zoom com os dedos) de até 6,33 pol. Para muitos que apreciam aplicativos
de roteirização de trânsito em tempo real, criou um suporte para celular bem
robusto (opcional livre) que contém entrada USB para recarregamento com fio
curto.
Outro ponto forte é o motor de 1 litro, 3-cilindros
o mesmo do up! MPI e que já estava no Fox desde o Bluemotion. São 82 cv com
etanol (6 cv a mais que o de quatro cilindros que sai de linha, mas continua na
versão de 1,6 L/104 cv) e ganho de eficiência energética de 11% em mJ/km.
Apesar de ser maior e mais pesado que o up!, Gol e Voyage nitidamente têm
desempenho melhor que os modelos 2016, tanto em aceleração quanto em retomadas
na mesma marcha. Como em todo motor tricilíndrico percebem-se mais ruídos e
vibrações, mas o que entrega de volta em desempenho e consumo vale a pena.
Quanto ao SUV médio-grande SW4, produzido
na Argentina, a Toyota desvinculou o nome Hilux não apenas por opção de marketing.
A carroceria é toda nova, juntamente com o painel (quadro de instrumentos,
igual), o acabamento interno e mais equipamentos de série. Suspensão traseira
tem molas helicoidais e dois braços de fixação de cada lado (na Hilux, molas
semielípticas), o que melhora a dirigibilidade no asfalto e na terra, apesar de
peso em ordem de marcha de até 2.130 kg. Freios são a disco ventilados nas
quatro rodas (na picape de cabine dupla, tambores atrás).
Preços: R$ 205.000 (V-6 gasolina) a R$ 225.000
(L-4, diesel, 7-lugares). Logo chegará o L-4 flex a preço menor.
RODA VIVA
DESDE o lançamento, em 2012,
Peugeot afirma que o 301 feito na Espanha (sedã compacto encorpado e despojado concorrente
do Logan em mercados emergentes) não se destinava ao Mercosul. Rumores na
Argentina indicam que o grupo francês estuda vender lá o 301 (3-cilindros, 1,2
L). Não incluiria o Brasil, mas com os novos ares da PSA, quem sabe?
PARTICIPAÇÃO de motores de
1 litro nas vendas de automóveis caiu ligeiramente de 34% (dezembro) para 33,7%
(janeiro). Com a tendência de substituição de motores de quatro cilindros de
baixa cilindrada por três cilindros, mais cedo ou mais tarde esse quadro mudará.
GM, Honda e Fiat já têm projetos adiantados, além de Renault que usará motores
Nissan.
ACCORD 2016 recebeu pequenas atualizações e se tornou mais competitivo em
preço (R$ 156.500, versão única). Manteve motor V-6/280 cv que agrada pela
sonoridade e desempenho. Também melhorou o acerto de suspensões mesmo em pisos
irregulares. Ótima câmera no retrovisor direito (além da traseira) que reproduz
imagens na segunda tela central.
AUDI E BMW, nos bastidores, riram baixinho quanto à chegada da arquirrival
Mercedes-Benz ao mercado de picapes de cabine dupla em 2018 em parceria com a
aliança Renault-Nissan. Puristas, de fato, não vão gostar, mas o tempo dirá quem
está certo. Sem emitir juízo de valor, há de se considerar que a M-B produz
caminhões há décadas. Então não seria um despropósito.
PROCEDÊNCIA, histórico e avaliação física completa de veículos usados
reprovaram 16% dos avaliados em 2015 pela Dekra. Resultados altos para padrões
internacionais de vistoria em carros particulares, de lojistas e de concessionárias.
68% foram irregularidades em pintura, identificação e estrutura do automóvel,
inclusive chassi danificado. Preço desta inspeção é de R$ 120.
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fernando@calmon.jor.br e
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