Alta Roda nº 852 — Fernando Calmon — 1/9/15
UNIÃO
E FORÇA
Roberto Scaringella, engenheiro civil e
jornalista, falecido em 2013, fundador da Companhia de Engenharia de Tráfego da
cidade de São Paulo, ex-presidente do Contran e conhecido por sua dedicação aos
temas de segurança de trânsito, cunhou a frase: “Justiça social não se confunde
com a necessidade de Inspeção Técnica Veicular (ITV)”. Ele se referia aos
sucessivos adiamentos da ITV, em razão de muitos acharem injusto tirar de
circulação veículos velhos, na realidade mal conservados. Seus donos não têm
dinheiro para fazer manutenção, evitar acidentes e diminuir a poluição, mas
elegem políticos.
Em 2015, completam-se 18 anos que o Código
de Trânsito Brasileiro (CTB) estabeleceu a abrangência nacional da inspeção. No
23º Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva (Simea), realizado no final
do mês passado em São Paulo, nada menos de 20 entidades pela primeira vez assinaram
uma carta aberta, entregue ao representante do Ministério das Cidades, Aílton Brasiliense,
sobre a urgente implantação, por todos os Estados, da ITV. Será que a
maioridade do CTB agora será respeitada em meio à crise econômica e política?
O Simea, organizado pela Associação
Brasileira de Engenharia Automotiva, com mais de 1.200 participantes ao longo
de dois dias, foi muito mais que isso. O escopo desta edição, Tecnologia e
Conectividade Melhorando a Mobilidade, atraiu cerca de 60 trabalhos técnicos.
Uma das apresentações mais interessantes
foi da Ericsson com seu projeto de tráfego conectado em nuvem. Trata-se de
plataforma de Internet das Coisas para compartilhar anonimamente as condições
de trânsito em tempo real entre veículos conectados e administradores de
circulação em ruas e estradas, sem desrespeitar a privacidade das pessoas. Para
a Microsoft, o telefone celular é o novo painel do automóvel, capaz de informar,
controlar e até assumir comandos antes exclusivos dos motoristas.
No Brasil, rodovias pedagiadas também vão
implantar novas tecnologias para se chegar ao ideal de o sistema cobrar por
trecho percorrido. No futuro, ainda um pouco distante, as cabines de cobrança poderão
ser substituídas por cortina de raios laser que ajudarão na identificação de
cada veículo e o uso que fez da estrada. Afinal, espera-se que um dia o carro
seja usado mais “a passeio” em viagens e menos nos deslocamentos urbanos.
Pensando mais no presente, três empresas de
autopeças apresentaram no Simea um novo sistema universal de partida a frio
para motores flex quando usam etanol. Iniciativa da Mahle, criadora do inovador
módulo de pré-aquecimento, contou com laboratórios da Continental para testes e
gerenciamento eletrônico. Como é mais eficiente que os dispositivos atuais em
termos de consumo de energia da bateria, emissões e economia de combustível, surgiu
a ideia de incluir novo catalisador de custo menor e para tanto a Umicore
participou.
Projeto idealizado por engenheiros
brasileiros, que dividiram conhecimentos sem visar vinculação entre as três
empresas e a preço bastante competitivo, será oferecido a qualquer fabricante
de motor com os atuais equipamentos de injeção indireta de etanol/gasolina
(mais de 90% dos modelos à venda, hoje). União fez a força.
RODA VIVA
CONFIRMADA fim de produção do Celta (antecipada aqui), restam ainda em linha dois
“veteranos de guerra”: Chevrolet Classic (praticamente igual desde 1995) e Fiat
Palio Fire (de 2006). Aquele sem data de aposentadoria e este deve parar em
2016 com a estreia do segundo subcompacto da Fiat. Primeiro deste segmento foi
o 147, depois o Ford Ka original e agora VW up!.
GENERAL
MOTORS, em plano mundial, diversifica além dos
motores de 3 cilindros de 1 a 1,5 L (aspirado e turbo). No seminário sobre
inovações atuais e futuras em junho último, em Detroit, mostrou câmbios manuais
de cinco, seis e sete marchas e três tipos de automáticos: CVT, DCT (dupla
embreagem) e convencionais (epicíclico) de seis, oito e, em breve, dez marchas.
HYUNDAI
IX35 recebeu mudanças de meia-geração, basicamente em
faróis e lanternas. SUV médio-compacto produzido em Anápolis (GO) agora
tem três versões, cujos preços vão de R$ 99.990 a R$ 122.990, o que dá
flexibilidade de escolha. Previsão de vendas: 1.800 unidades/mês. Suspensões
ficaram mais macias e confortáveis, mas seu curso poderia ser um pouco maior.
TERMINOU, depois de três anos e meio, a disputa na Justiça internacional
entre Suzuki e Grupo VW. Marca japonesa queria recomprar dos alemães o lote de ações
vendidas (19,9% do seu capital) em 2009 porque o acordo de transferências mútuas
de tecnologias não funcionou a contento. Tribunal deu ganhou de causa à Suzuki.
APROVADA na Câmara dos Deputados, mas ainda dependendo do Senado, obrigatoriedade
de uso de faróis durante o dia nas estradas. Há dúvidas sobre a exigência em
países tropicais. Os EUA, com a maior frota de veículos do mundo e depois de
longos estudos, recusaram a proposta. Bom mesmo são luzes de uso diurno (LEDs)
que não se confundem com faróis comuns.
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fernando@calmon.jor.br e
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2 comentários:
Impressionante como o escriba insiste nesta de ITV. A insistencia é tanta que se desconfia do real motivo.
Impressionante como o escriba insiste nesta de ITV. A insistencia é tanta que se desconfia do real motivo.
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